China refuta afirmação de EUA sobre cooperação AUKUS

2021-12-18 17:56:54丨portuguese.xinhuanet.com

Beijing, 17 dez (Xinhua) -- Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, refutou nesta sexta-feira uma declaração dos EUA sobre a cooperação trilateral Austrália-Reino-Unido-EUA (AUKUS) em submarinos nucleares, instando os envolvidos a não prosseguir com a cooperação e o Secretariado da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a não realizar consulta com os três países sobre os chamados arranjos de salvaguardas, até que o consenso seja alcançado por todas as partes.

Foi noticiado que um alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA, que pediu para não ser identificado, disse na quinta-feira que o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) não proíbe a Austrália de trabalhar com os Estados Unidos e o Reino Unido para construir submarinos movidos a energia nuclear.

O mundo pode ter certeza absoluta de que, não há transferência de urânio para um programa de armas, disse o funcionário, observando que a Austrália planeja equipar os submarinos com armas convencionais em vez de nucleares, e que deixou claro que "não construiria instalações nucleares em seu território que contribuíssem para uma capacidade de armamento".

A cooperação de submarinos nucleares sob a parceria de segurança trilateral AUKUS representa um sério risco de proliferação nuclear, além de violar claramente o objetivo e o propósito do TNP, disse o porta-voz Wang Wenbin em uma coletiva de imprensa.

Ele alertou que o arranjo existente de salvaguardas da AIEA não pode monitorar efetivamente os reatores de energia de submarinos nucleares, portanto, não há como garantir que a Austrália não transfira esses materiais nucleares para a fabricação de armas ou dispositivos explosivos atômicos.

"Os Estados Unidos alegam que o mundo pode ter certeza de que não há desvio de urânio para um programa de armas, mas pode apenas um compromisso verbal dissipar as dúvidas da comunidade internacional?" questionou o porta-voz. Ele disse que os Estados Unidos prometeram anteriormente à Rússia que não avançariam na expansão da OTAN para o leste, mas todos viram como os Estados Unidos quebraram essa promessa.

Wang apontou que a AUKUS expôs plenamente seus "padrões duplos", o que deve ter impactos negativos de longo alcance na resolução de questões cruciais nucleares regionais, e pode, em última instância, levar ao colapso do regime internacional de não proliferação nuclear.

"Se os Estados Unidos podem transferir materiais nucleares de nível militar para a Austrália, um Estado não portador de armas nucleares, que razão teria para se opor à produção de urânio altamente enriquecido por outros Estados sem armas nucleares?" questionou Wang.

O Conselho de Governadores da AIEA em novembro adicionou questões relacionadas à cooperação trilateral em submarinos nucleares à sua agenda oficial e realizou discussões, o que refletiu as sérias preocupações compartilhadas amplamente pelos Estados-membros do Conselho de Governadores, disse.

"Os Estados Unidos afirmam que a AUKUS, em vez disso, estabeleceria 'um precedente do mais alto nível possível de salvaguardas' para quaisquer acordos semelhantes no futuro. Que qualificações os três países têm para estabelecer padrões para outros países?'' indagou Wang.

Wang ressaltou que a questão de salvaguardas relativa à cooperação de submarinos nucleares da AUKUS tem a ver com a integridade e eficácia da AIEA e diz respeito aos interesses de todos os Estados-membros, sendo que deve ser discutida por todos os Estados-membros da AIEA. Ele destacou que a China sugeriu que a AIEA estabeleça um comitê especial aberto a todos os Estados-membros para buscar adequadamente uma solução aceitável para todas as partes.

"A China afirma que, enquanto aguardam um consenso alcançado por todas as partes, os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália não devem prosseguir com a cooperação relevante e o Secretariado da AIEA não deve realizar consulta com os três países sobre o chamado arranjo de salvaguardas", disse o porta-voz.

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