(Multimídia) Entrevista: Publicar Turma da Mônica na China seria "um sonho", afirma Mauricio de Sousa
O cartunista Mauricio de Sousa e seus personagens (foto cedida por assessoria de imprensa)
Rio de Janeiro, 22 fev (Xinhua) -- Mauricio de Sousa, cartunista, escritor, empresário e criador do sucesso brasileiro Turma da Mônica, afirmou que voltar a publicar suas histórias em quadrinhos na China seria "um sonho".
Em entrevista exclusiva concedida recentemente à Xinhua, Mauricio de Sousa falou sobre o início de sua carreira, sobre a inspiração para seus personagens, sobre os novos caminhos da Turma da Mônica, inovação tecnológica e a relação entre suas histórias, os esportes e a China.
Mauricio de Sousa iniciou a entrevista falando sobre a ilustração em homenagem ao Time do Brasil das Olimpíadas de Inverno de Beijing 2022. Nela, podemos ver a personagem Mônica segurando o coelho Sansão e vestindo trajes de inverno. O desenhista sublinhou a importância de unir os personagens aos atletas e aos esportes.
"O esporte deve estar no processo de aprendizado, passando por personagens que elas (as crianças) gostam. O personagem é mais um mestre que passa mensagens positivas e de fácil entendimento", explicou Mauricio de Sousa.
A combinação da Turma da Mônica com esportes já vem de longa data, contando com a presença de personagens baseados em personalidades esportivas, como Pelé e Ronaldinho Gaúcho. Especificamente sobre as Olimpíadas de Inverno, Mauricio de Sousa compartilhou com a equipe da Xinhua a criação de uma nova personagem baseada na esquiadora de Mogi Mirim, no estado de São Paulo, Mirlene Picin, conhecida como "Mika".
O cartunista contou à equipe da Xinhua sobre seu interesse em quadrinhos desde a infância. Criado por pais escritores, Mauricio de Sousa cresceu rodeado de livros e arte. Aos quatro anos teve contato com seu primeiro gibi e, com auxílio de sua mãe, usava as revistas em quadrinhos como ferramenta de alfabetização. O criador da Turma da Mônica declarou estar orgulhoso de conseguir transmitir essa experiência com suas histórias.
"É o mais importante do meu trabalho. Eu ajudei a alfabetizar milhões de brasileiros. Contribuímos de alguma forma para que a criança leia, aprenda e se torne, mais tarde, um leitor de livros. Isso é uma grande condecoração que carrego", compartilhou o escritor.
Já em idade adulta, Mauricio de Sousa começou a criar personagens que viriam a estrelar a Turma da Mônica e publicou quadrinhos no jornal Folha de S. Paulo. Nessa época, o cartunista estudou a área de publicação norte-americana para aprender como comercializar revistas em quadrinhos. Mauricio de Sousa identifica esse aprendizado como fundamental para aqueles que queiram seguir no ramo.
"Primeiramente, é preciso gostar muito de histórias em quadrinhos. Depois, é necessário estudar como está o mercado de histórias em quadrinhos e como estão as editoras. Precisamos estudar as histórias dos grandes desenhistas do mundo. Temos que estar preparados para acompanhar a evolução do ramo", aconselhou o desenhista.
Tratando especificamente sobre as mudanças em seu ramo de trabalho causadas pelo avanço tecnológico, Mauricio de Sousa demonstrou animação com os ganhos de produtividade.
"Eu vejo as máquinas atuais e lamento que quando comecei não tinha nada disso. Eu demorava muito com os desenhos e artes finais. Hoje a gente ganha muito tempo. As ideias também se ajustam à velocidade. O pessoal do departamento criativo pode agradecer à tecnologia porque podem produzir mais e melhor", comemorou o empresário.
Mauricio de Sousa também falou sobre sua relação com a China, país que recebeu exemplares traduzidos da Turma da Mônica no passado e que o cartunista espera voltar a publicar em um futuro próximo.
"Meu sonho é voltar a fazer revistas na China. Temos revistas da Turma da Mônica (em chinês) falando sobre futebol e histórias do Brasil. Criamos as revistas em parceria com uma editora de Hong Kong e ganhamos o prêmio Bing Xin. Ficaremos muito felizes quando voltarmos a publicar na China. Eu gostaria de oferecer à China contos para crianças", revelou o escritor.
Por fim, Mauricio de Sousa dividiu as impressões que teve da China e dos chineses durante suas visitas ao país asiático.
"O que mais admirei na China foi a arquitetura. Vi em Beijing e Shanghai uma arquitetura futurista projetada por arquitetos criativos e corajosos. Adoro ver essas grandes construções, novas e antigas, que contam a história da nossa civilização", comentou o cartunista.
Sobre os chineses, Mauricio de Sousa narrou encontros amigáveis e frutíferos:
"Os chineses foram muito gentis, tanto nos negócios quanto nos passeios. Encontrei pessoas de origem simples que puxavam conversas conosco. Aprendi mais com essas conversas populares do que nas grandes reuniões. Para entender a China precisamos falar com o povo chinês", concluiu o empresário.
O cartunista Mauricio de Sousa e seus personagens (foto cedida por assessoria de imprensa)
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