Húngaros rurais se unem para ajudar ucranianos que fogem do conflito

Pessoas da Ucrânia chegam a Beregsurany, leste da Hungria, no dia 26 de fevereiro de 2022. (Foto por Attila Volgyi/Xinhua)

Beregsurany, Hungria, 27 fev (Xinhua) -- Húngaros que vivem em aldeias rurais se uniram para ajudar as pessoas que fogem pela fronteira com a Ucrânia, enquanto o conflito Rússia-Ucrânia continua no domingo.

"Ficamos chocados com o que aconteceu na Ucrânia, nunca pensamos que pudesse realmente acontecer", disse à Xinhua, Gusztav Furedi, voluntário da instituição de caridade húngara Transcarpathian Coordination Office.

"O que você vê aqui é uma resposta a todas as dificuldades, problemas e medos que estão presentes na Ucrânia", acrescentou ele.

Pontos de recepção foram montados por voluntários, recebendo pessoas da Ucrânia com bebidas quentes e comida, além de organizar transporte gratuito contínuo.

Pessoas da Ucrânia chegam a Beregsurany, leste da Hungria, no dia 26 de fevereiro de 2022. (Xinhua/Chen Hao)

Furedi disse que a maioria das pessoas vindas da Ucrânia pertencia à minoria étnica húngara da Transcarpathia e falava húngaro, então não havia necessidade de fornecer intérpretes.

O Escritório de Coordenação Transcarpática também está pronto para fornecer aconselhamento jurídico aos refugiados que desejam solicitar asilo na Hungria, acrescentou Furedi.

A maioria dos ucranianos foi levada para parentes ou amigos na estação de fronteira, mas aqueles que viajavam sozinhos foram levados em vans para o centro cultural de Beregsurany, que a prefeitura transformou em abrigo temporário.

Outras aldeias, como Takos, também participaram do esforço, transformando seus ginásios ou centros culturais em abrigos temporários.

A maioria dos refugiados reluta em falar com a imprensa, muito mais informar seus nomes completos. Estes incluíam um homem que havia atravessado a fronteira com sua esposa, filha, nora e três filhos.

"Nossa viagem levou cerca de dez horas e também esperamos de quatro a cinco horas no controle de fronteira", disse ele. Enquanto isso, sua esposa disse à Xinhua que a família ficaria com parentes em Csegod, uma pequena vila romena perto da fronteira com a Hungria.

Uma jovem mãe de três filhos não queria deixar o ponto de acolhimento na fronteira sem o marido, temendo que ele fosse convocado para o serviço militar.

Mais tarde, ela se reuniu com ele no abrigo da aldeia, a cerca de oito quilômetros da fronteira.

A Ucrânia impôs a proibição de homens adultos deixarem o país na noite de quinta-feira, o que significa que a esmagadora maioria das pessoas que cruzam a fronteira agora são mulheres e crianças.

Pessoas da Ucrânia vivem em um local de reassentamento temporário em Beregsurany, leste da Hungria, no dia 26 de fevereiro de 2022. (Foto por Attila Volgyi/Xinhua)

Lajos Csafit, motorista de Mezoladany, disse à Xinhua que começou a levar pessoas da estação de fronteira para o abrigo em Mzeoladany há três dias.

"Fomos à loja e compramos as coisas que as mulheres e as crianças precisam, também alimentos e bebidas, e deixamos aqui no centro cultural", disse ele.

Csafit prometeu fornecer acomodação para cinco famílias em sua própria casa. "Vamos recebê-los imediatamente, se necessário", disse ele.

"Quando o conflito armado eclodiu na Ucrânia, fomos à fronteira imediatamente para perguntar às pessoas o que elas mais precisavam depois de atravessar para a Hungria", disse à Xinhua, Istvan Herka, prefeito de Beregsurany.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, inspeciona uma estação de fronteira com a Ucrânia no leste da Hungria, no dia 26 de fevereiro de 2022. (Foto por Attila Volgyi/Xinhua)

No primeiro dia, os ucranianos acabaram de passar por Budapeste ou arredores e não precisaram de abrigo. No entanto, a partir do segundo dia, alguns começaram a chegar sem ter para onde ir de imediato.

"Então transformamos a casa cultural neste abrigo para mantê-los aquecidos, onde normalmente passam de três a cinco horas", disse Herka.

"Nos próximos dias, esperamos que o número de pessoas vindas da Ucrânia aumente, pois há mais de 3.000 carros esperando agora do outro lado da fronteira e, de acordo com as notícias, a paz ainda está longe", explicou ele.