(Multimídia) Entrevista: China tem papel fundamental na recuperação econômica do Brasil, diz líder empresarial

José Ricardo dos Santos Luz Junior, CEO do LIDE China, concedeu entrevista à Xinhua em São Paulo.

São Paulo, 2 mar (Xinhua) -- A China desempenha um papel fundamental durante a pandemia para ajudar a economia do Brasil a se recuperar e as relações bilaterais devem ser aprimoradas ainda mais, analisou José Ricardo dos Santos Luz Junior, CEO do LIDE China, empresa sediada em São Paulo que conecta empresários chineses e brasileiros, em entrevista à Xinhua na capital paulista.

Os laços comerciais bilaterais continuam crescendo apesar da pandemia. A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009 e o valor do comércio bilateral atingiu um novo recorde de US$ 164 bilhões em 2021, segundo estatísticas divulgadas pela Administração Geral das Alfândegas chinesa.

"A China é um parceiro muito importante que o Brasil precisa, não só em termos de comércio, mas também em termos de investimento estrangeiro direto (IED), agricultura, infraestrutura, tecnologia de ponta, cultura, política, entre outros" avaliou Luz.

As estatísticas mostram que o IED recebido pelo Brasil da China ultrapassou os US$ 80 bilhões até agora, tornando o país asiático um dos maiores investidores estrangeiros do Brasil com rápido crescimento de investimento.

A Ernest & Young indicou na "Visão Geral do Investimento Externo da China de 2021" que as empresas chinesas investiram US$ 2,1 bilhões na América Latina em 2021 e o Brasil foi um dos dois principais destinos de investimento, além do Peru.

Luz acredita que o IED da China no Brasil é crucial para o desenvolvimento econômico do país, especialmente no setor de infraestrutura, que ainda é um gargalo para a maior economia da América Latina.

"A maioria dos brasileiros é favorável ao aprofundamento do relacionamento com empresas chinesas e com a China em geral, pois a China mostra enorme possibilidade de melhorar os laços bilaterais, principalmente durante a pandemia, quando a China ajudou o governo brasileiro a transportar material médico para o Brasil e enviou equipes médicas", destacou Luz.

Ele comparou os desafios que a China enfrenta para manter um desenvolvimento de alta qualidade a um elefante andando de bicicleta. "Se a bicicleta desacelerar, ela cairá; se andar muito rápido, os freios não funcionam", brincou. "E a China está fazendo um trabalho muito bom."

O experiente empresário atribuiu a conquista econômica chinesa a "três pilares": educação, planejamento e inclusão. Para ele, o Brasil deve aprofundar sua cooperação e intercâmbio com o país asiático em todos esses aspectos.

"A China fez um grande investimento em educação e pretende se tornar um país poderoso da educação até 2035, e Brasil e China podem melhorar o intercâmbio nessa área, pois mais brasileiros estão dispostos a fazer mestrado em universidades chinesas, que é uma nova dinâmica", explicou.

Em termos de planejamento, Luz se referiu aos planos quinquenais, considerados por ele como uma "visão de longo prazo". "Em seu 14º Plano Quinquenal, a China promete investir em inovação, alta tecnologia, sustentabilidade e a China tem muito a ensinar e mostrar ao Brasil por meio de programas de intercâmbio, plataformas privadas e diálogos oficiais de alto nível."

O empresário também elogiou a inclusão das políticas para "todo o povo chinês" e o uso da tecnologia para integrar toda a sociedade.

Com sua visão de longo prazo e ênfase em educação e inclusão, a China tem a base para superar todos os desafios e "com certeza continuará crescendo", previu Luz.

"Acho que a China vem desempenhando um papel muito importante durante a pandemia, não apenas ajudando a economia do Brasil a se estabilizar, mas fazendo com que a economia se recupere. Temos que melhorar a cooperação em mais aspectos para aprofundar o relacionamento", finalizou Luz.