China estabelece meta de PIB para 2022 em cerca de 5,5%, dando ímpeto à recuperação mundial

Beijing, 5 mar (Xinhua) -- A China estabeleceu sua meta de crescimento econômico em cerca de 5,5% em 2022, na ocasião em que os legisladores nacionais e consultores políticos do país se reuniram em Beijing para traçar as prioridades de desenvolvimento para este ano.

A meta do produto interno bruto (PIB) é um dos principais objetivos definidos em um relatório de trabalho do governo entregue pelo primeiro-ministro Li Keqiang à legislatura nacional, que iniciou sua sessão anual neste sábado.

"Isto representa uma taxa média-alta de crescimento, dado nosso grande agregado econômico, além de demonstrar nossa capacidade de agir proativamente", disse Li.

A economia chinesa teve uma forte recuperação com crescimento de 8,1% em 2021 e se tornou a única grande economia a registrar crescimento em 2020.

Em um momento em que a economia mundial ainda enfrenta crescente pressão devido à pandemia e outras incertezas, incluindo tensões geopolíticas, espera-se que a meta de crescimento de cerca de 5,5% para a segunda maior economia do mundo impulsione significativamente a recuperação econômica global, segundo analistas.

PIB e ALÉM

Juntamente com a meta do PIB, uma série de outras metas de desenvolvimento foram reveladas no relatório, incluindo emprego, investimento, comércio exterior e inflação. O PIB não é mais o único parâmetro para o desenvolvimento, pois o país busca um desenvolvimento de alta qualidade.

Este ano, a China pretende criar mais de 11 milhões de novos empregos urbanos, manter uma taxa de desemprego urbano pesquisada de não mais de 5,5%, assegurar a produção de grãos acima de 650 milhões de toneladas métricas e reduzir a relação de seu deficit com o PIB em cerca de 2,8%.

As metas se baseiam principalmente na necessidade de manter empregos estáveis, atender às necessidades básicas de vida e prevenir riscos, disse Li, observando que elas também estão de acordo com as taxas médias de crescimento dos últimos dois anos e as metas do 14º Plano Quinquenal (2021-2025).

No relatório, também foram delineadas as principais tarefas da China para este ano, incluindo manter os principais indicadores econômicos dentro de uma faixa adequada, aprofundar firmemente a reforma, implementar a estratégia de desenvolvimento impulsionado pela inovação e promover a vitalização rural em toda a sua extensão.

Com a meta de crescimento de 5,5%, a China continuará impulsionando o crescimento econômico global em 2022, disse à Xinhua Zhang Yuyan, economista da Academia Chinesa de Ciências Sociais e consultor político nacional, acrescentando que o país é plenamente capaz de fazer progresso econômico e manter a estabilidade.

Anteriormente, grandes organizações globais rebaixaram suas previsões de crescimento mundial para 2022, citando choques pandêmicos e o aumento da inflação, entre outros fatores.

No final de janeiro, o Fundo Monetário Internacional projetou que a economia global cresceria 4,4% em 2022, uma queda de 0,5 ponto percentual em relação à sua previsão de outubro, já que muitas economias estão lutando com interrupções no fornecimento, inflação mais elevada, dívidas recordes e persistentes incertezas.

O Grupo Banco Mundial reduziu sua previsão de crescimento global para 4,1% para este ano em meados de janeiro, em meio a incessantes surtos de COVID-19, aumento da inflação e persistentes gargalos de suprimento.

Como as principais organizações globais estão preocupadas com o aumento da inflação global, a China estabeleceu sua meta de inflação anual em cerca de 3% para 2022, muito abaixo da previsão de 5,9% do FMI para mercados emergentes e economias em desenvolvimento.

No ano passado, a inflação da China permaneceu baixa, com o índice de preços ao consumidor subindo 0,9%.

Considerando que os fundamentos de longo prazo da China permanecem inalterados, sua meta para 2022 é viável e ajudará a aumentar a confiança do mercado a médio e longo prazo, injetando assim um impulso na recuperação econômica global, disse à Xinhua Jiang Ying, vice-presidente da Deloitte China e consultora política nacional.

ESPERANÇAS e DESAFIOS à FRENTE

No relatório, Li também destacou que as pressões e os desafios persistem devido às crescentes incertezas externas.

Em 2022, a economia chinesa está enfrentando uma tripla pressão de retração da demanda, interrupção da oferta e enfraquecimento das expectativas, avaliou. Isto está de acordo com a análise feita na Conferência Central de Trabalho Econômico em dezembro de 2021.

Ingressando em 2022, as autoridades adotaram uma série de medidas para lidar com as pressões, incluindo a redução das taxas de juros de empréstimos a médio prazo e acordos de recompra reversa, assim como a redução da taxa de empréstimo de referência baseada no mercado.

Para cumprir as metas anuais, o país manterá sua política fiscal proativa mais eficaz e intensificará a implementação de uma política monetária prudente, disse Li.

Serão feitos esforços para expandir a escala de novos empréstimos, garantir que os aumentos na oferta monetária e financiamento agregado estejam de modo geral em sintonia com o crescimento econômico nominal, além de manter a taxa de macroalavancagem geralmente estável.

Para melhor atender à demanda de liquidez das entidades de mercado, recomenda-se que as instituições financeiras baixem as taxas de juros reais dos empréstimos e reduzam as tarifas.

Em 2022, a China estenderá as políticas de apoio à manufatura, micro e pequenas empresas e indivíduos autônomos, com restituições e cortes de impostos estimados em 2,5 trilhões de yuans (US$ 395 bilhões), segundo o relatório.

"Não há dúvida de que a economia da China resistirá a qualquer pressão descendente e continuará crescendo de forma constante no futuro", afirmou Li, citando várias condições favoráveis para o desenvolvimento sustentável, incluindo o enorme potencial para criar negócios e a rica experiência em lidar com grandes riscos e desafios.