Grave escassez de gás de cozinha atinge Iêmen devastado pela guerra

Longas filas de pessoas em uma rua de Áden, no sul do Iêmen, esperando para reabastecer seus botijões de gás de cozinha enquanto uma escassez aguda atinge o país devastado pela guerra. (Foto por Murad Abdo/Xinhua)

Áden, Iêmen, 20 mar (Xinhua) -- Uma grave escassez de gás de cozinha atingiu várias regiões do Iêmen, multiplicando o sofrimento de milhões de pessoas que vivem no país árabe devastado pela guerra.

Nos últimos dias, muitos postos de combustível em várias cidades principais ficaram sem gás de cozinha, forçando inúmeras padarias a fecharem suas portas.

Autoridades disseram à Xinhua que a escassez de gás continuou se espalhando e incluiu novas áreas sob o controle do governo iemenita reconhecido internacionalmente.

Na cidade portuária de Áden, no sul do país, capital temporária do Iêmen, muitas pessoas foram vistas fazendo fila em bombas de combustível esperando para reabastecer seus cilindros de gás de cozinha.

Homem espera para reabastecer gás ao lado de cilindros de gás de cozinha vazios em um posto de gasolina em Sanaã, Iêmen, no dia 5 de março de 2018. (Xinhua/Mohammed Mohammed)

"Toda vez, eu passava várias horas na fila até recarregar meu botijão de gás de cozinha, e isso é muito menos do que eu preciso", disse à Xinhua, Ahmed Jalal, um homem que mora em Áden, acrescentando que sua família precisa de pelo menos quatro botijões de gás para cozinhar os alimentos durante todo o mês.

"Por causa da crise de escassez de gás de cozinha, a cota é limitada", lamentou Jalal.

Devido à guerra em andamento, a produção de gás não é suficiente para atender a alta demanda do mercado local, disse à Xinhua um funcionário da autoridade local de Áden sob condição de anonimato.

"A distribuição desigual do gás também contribuiu para criar esta crise aguda, pois algumas províncias recebem menos quantidades de gás de cozinha", disse o responsável.

Em outras províncias controladas pela milícia Houthi, a falta de combustível e gás de cozinha teve um impacto terrível na qualidade de vida da população local e criou um novo problema.

Centenas de veículos esperam em longas filas na capital do Iêmen, Sanaã, para reabastecer seus tanques, enquanto a escassez de combustível piora.

Motoristas fazem fila em um posto de gasolina em meio à falta de combustível em Sanaã, Iêmen, no dia 10 de junho de 2020. (Foto por Mohammed Mohammed/Xinhua)

O Iêmen está envolvido em uma guerra civil desde o final de 2014, quando a milícia houthi assumiu o controle de várias províncias do norte e forçou o governo internacionalmente reconhecido do presidente, Abd-Rabbu Mansour Hadi, a deixar a capital Sanaã.

De acordo com algumas últimas avaliações nacionais de humanitários, 23,4 milhões de pessoas no Iêmen, ou três quartos da população total, precisam de alguma forma de assistência, disse Martin Griffiths, subsecretário-geral da ONU para assuntos humanitários e coordenador de ajuda de emergência.

Criança desnutrida se alimenta dentro de uma enfermaria de desnutrição apoiada por agências humanitárias, incluindo o Programa Mundial de Alimentos (PAM), no hospital Al-Sabeen em Sanaã, Iêmen, no dia 10 de outubro de 2020. (Foto por Mohammed Mohammed/Xinhua)

A guerra também acelerou os problemas econômicos do Iêmen, levando mais famílias à miséria, que está entre os maiores impulsionadores das necessidades humanitárias, disse Griffiths.

O Iêmen depende de importações comerciais em cerca de 90 por cento de seus alimentos e quase todo o combustível e outros bens essenciais.

As importações de combustível também caíram acentuadamente através do porto de Hodeida. Os volumes de combustível em fevereiro foram menos da metade da média. Essa queda está contribuindo para a escassez de combustível e aumentos de preços, que provavelmente ficarão ainda mais agudos à medida que os preços da energia continuarem subindo globalmente, disse ele.