Destaque: Estilista zimbabuense celebra tradição através da moda

Nkanyeziyethu Malunga, designer de moda, mostra um de seus trabalhos em Bulawayo, Zimbábue, no dia 26 de abril de 2022. (Foto por Shaun Jusa/Xinhua)
Por Tafara Mugwara
Bulawayo, Zimbábue, 15 mai (Xinhua) -- Em uma área nos arredores de Bulawayo, a segunda maior cidade do Zimbábue, duas mulheres estavam atrás de uma viagem de cabras angorá com o objetivo de pegar uma das adoráveis bolas de pelo.
Após uma breve perseguição, as cabras foram levadas para o galpão onde uma delas foi levada a ficar canto e, eventualmente, capturada.
Um balido agudo ecoou pelos celeiros enquanto as mulheres cortavam o pelo ondulado do animal com tesouras enormes.
Uma das mulheres, Nkanyeziyethu Malunga, designer e empresária, usa produtos naturais, incluindo pelo de cabra angorá, couro e outros materiais para fazer roupas e tecidos da moda que têm uma profunda conexão com o meio ambiente e a tradição.
Malunga é a fundadora e diretora-criativa da Ganu, uma marca que defende o uso de sistemas de conhecimento indígenas na produção têxtil e de vestuário moderna.
"Então, uso o conhecimento que recebi de minha avó e minha mãe na moda e têxtil, mas junto isso de uma maneira que agrada à minha geração", disse Malunga à Xinhua.
Seu objetivo é preservar o conhecimento tradicional inovando em torno de materiais que já estão ao alcance das comunidades.
"Durante minha infância, minha mãe mandava a gente para a zona rural frequentemente, e foi lá que pudemos ver a minha avó a fazer vários tipos de artesanato, então daí surgiu a semente da inspiração foi plantada em mim", disse a designer.
Foi nessas visitas às áreas rurais que ela viu como fazer roupas com materiais naturais, incluindo pelos de cabra.
As cabras angorá produzem uma fibra brilhante conhecida como mohair, que é durável e resistente.
As cabras e os cabritos produzem lã mais macia e confortável para o corpo, enquanto os bodes produzem lã mais resistente, usada para fazer tapetes e estofados.
Além disso, o mohair pode ser tingido excepcionalmente bem. O corante é obtido por fornecedores de áreas rurais e é principalmente à base de plantas.
Malunga disse que o processo de produção é toda uma cadeia de valor, da pastora às tecelãs e até os produtos chegarem ao mercado.
A estilista disse que sua carreira na moda e têxtil também foi inspirada pela necessidade de compartilhar sua identidade cultural.
"Uma grande parte de mim queria compartilhar minha narrativa do que significa moda africana, do que significa ser africano também, e assim poder compartilhar minha infância, minha herança e minha cultura com o mundo", disse ela.
Seu segredo é a capacidade de aplicar os conhecimentos adquiridos dos mais velhos e juntá-los de forma apelativa, sobretudo aos jovens.
"Você nunca pode errar com a moda, então tive que juntar minha história, minha herança, minha cultura através da moda e têxtil, misturando tudo isso com métodos tradicionais", disse ela.
Embora fundir tradição com moda moderna possa parecer não intuitivo, a talentosa designer tem seu jeito de combinar o antigo com o novo.
"Meus bisnetos pegarão algo que estou usando agora e aplicarão no efeito que for relevante para sua geração, e é assim que você mantém algo relevante por eras", disse Malunga.
Para ela, toda a existência humana gira em torno da cultura.
"Você é você com base em sua identidade e cultura. Sua identidade está fortemente ligada à sua cultura, de onde você vem. Ninguém pode pegar ou narrar quem você é melhor do que você mesmo", comentou ela.
Ela disse que é triste que os idosos, que são os guardiões do conhecimento indígena, estejam morrendo sem ter seu conhecimento documentado.
"Então, eu gostaria que pudéssemos chegar a um ponto para traçar mais perfis deles, obter o máximo de informações e conhecimento deles para que sejam preservados, é uma forma de preservar nossa cultura e nossa identidade", disse Malunga.
"E nos próximos cinco anos, pretendo iniciar uma academia onde os nossos idosos das áreas rurais sejam palestrantes em um ambiente oficial para compartilhar esse tipo de conhecimento, onde as pessoas podem vir ao Zimbábue e a Bulawayo para isso, para um desfile de moda indígena", disse a estilista.
Sua ambição é elevar os designs locais ao cenário internacional.
"Gostaria que houvesse mais desfiles de moda indígenas, desfiles de moda tradicionais, mas que tenham um apelo global, e adoraria que tivéssemos nossa equipe globalmente", disse ela.
Suas coleções foram apresentadas na Durban Fashion Fair e na Mozambique Fashion Week.

(Foto por Shaun Jusa/Xinhua)

(Foto por Shaun Jusa/Xinhua)
Fale conosco. Envie dúvidas, críticas ou sugestões para a nossa equipe através dos contatos abaixo:
Telefone: 0086-10-8805-0795
Email: portuguese@xinhuanet.com












