Assassinato do chefe político do Hamas prejudica negociações de cessar-fogo em Gaza-Xinhua

Assassinato do chefe político do Hamas prejudica negociações de cessar-fogo em Gaza

2024-08-03 12:39:17丨portuguese.xinhuanet.com

Pessoas participam de um protesto contra o assassinato do chefe do Politburo do Hamas, Ismail Haniyeh, na cidade de Hebron, na Cisjordânia, em 31 de julho de 2024. (Foto por Mamoun Wazwaz/Xinhua)

O assassinato do chefe do Escritório Político do Hamas, Ismail Haniyeh, na quarta-feira, colocou a região em grande risco de intensificação da violência.  

Beijing, 1º ago (Xinhua) -- O assassinato do chefe do Escritório Político do Hamas, Ismail Haniyeh, na madrugada de quarta-feira, provocou uma condenação generalizada, prejudicando as frágeis negociações de trégua em Gaza e colocando a região em grande risco de intensificação da violência.

Haniyeh, que estava na capital iraniana, Teerã, para participar da posse do novo presidente do Irã, foi morto junto com seu guarda-costas em um ataque aéreo antes do amanhecer de quarta-feira. O assassinato foi atribuído a Israel tanto pelo Irã quanto pelo Hamas, embora Israel ainda não o tenha confirmado oficialmente.

Foto mostra o chefe do Politburo do Hamas, Ismail Haniyeh (c), em Teerã, Irã, em 30 de julho de 2024. (Xinhua/Shadati)

O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, estendeu suas condolências ao povo palestino, enfatizando que Israel preparou o terreno para uma "punição severa" para si mesmo. O Corpo de Guardas da Revolução Islâmica do Irã, em uma declaração, condenou o "ato criminoso" como sendo um desafio às normas e leis internacionais, dizendo que Israel "receberá uma resposta dura e dolorosa" do Irã.

O assassinato de Haniyeh, uma das principais figuras nas negociações indiretas de cessar-fogo entre Israel e o Hamas nos últimos meses, provavelmente prejudicaria os esforços para chegar a um acordo de trégua em Gaza. Atualmente, os mediadores estão aguardando uma resposta do Hamas a uma proposta revisada que Israel apresentou no domingo.

Uma fonte próxima ao Hamas disse à Xinhua que Haniyeh deve discutir com o presidente iraniano os desenvolvimentos políticos e de campo relacionados ao conflito na Faixa de Gaza.

O Catar, o principal negociador entre os dois lados, expressou dúvidas sobre a continuidade das conversações. "Os assassinatos políticos e o contínuo ataque a civis em Gaza durante as negociações nos levam a perguntar: como a mediação pode ser bem-sucedida quando uma parte assassina o negociador do outro lado? A paz precisa de parceiros sérios", escreveu o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, na rede social X.

Outro importante mediador, o Egito, também alertou que o assassinato "acenderia os confrontos na região de uma forma que causaria sérias consequências à segurança".

"A coincidência da escalada regional em meio à falta de progresso nas negociações de cessar-fogo em Gaza aumenta a complexidade da situação, indica a ausência de vontade política israelense para alcançar a calma e mina os esforços do Egito e de seus parceiros para parar a guerra na Faixa de Gaza", disse o Ministério das Relações Exteriores do Egito em um comunicado.

Pessoas participam de uma manifestação exigindo um cessar-fogo imediato em Gaza e um acordo para a libertação dos reféns restantes mantidos pelo Hamas em Tel Aviv, Israel, em 25 de julho de 2024. (Foto por Jamal Awad/Xinhua)

Em Israel, as famílias dos reféns que foram capturados também expressaram suas preocupações de que os esforços para levar seus entes queridos para casa seriam prejudicados. Foi "aterrorizante" que, mais uma vez, o governo israelense tenha optado por matar primeiro as autoridades do Hamas antes de resgatar os reféns, disse o primo de um refém ao jornal israelense Haaretz.

O canal de TV israelense Channel 13 informou que as negociações para um cessar-fogo e um acordo com os reféns seriam suspensas por semanas ou até meses após a morte de Haniyeh, citando uma estimativa apresentada ao governo israelense na quarta-feira.

Além das negociações de trégua, cresce a preocupação de que a violência na região possa aumentar como resultado do assassinato.

O jornal americano New York Times noticiou na quarta-feira que Khamenei ordenou um ataque direto a Israel após a morte de Haniyeh, provavelmente um ataque combinado de drones e mísseis a instalações militares em Israel, citando várias autoridades iranianas que foram informadas sobre o assunto. A retaliação pode ser realizada em coordenação com outros grupos armados em países da região, como Iêmen, Síria e Iraque, "para obter o máximo efeito", de acordo com a reportagem.

Prédio é destruído após ser atingido por um ataque israelense no subúrbio sul de Beirute, Líbano, em 30 de julho de 2024. (Xinhua/Bilal Jawich)

Em um discurso transmitido à nação na noite de quarta-feira, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu alertou os israelenses que "dias desafiadores estão por vir", prometendo que seu país "cobrará um preço muito alto contra qualquer agressão - de qualquer frente", sem mencionar o assassinato de Haniyeh.

Uma fonte do governo israelense disse à Xinhua que Israel estava se preparando para "dias de luta" e reforçou sua defesa em várias frentes. Mas, até o momento, não houve nenhuma mudança nas instruções do Comando da Frente Interna para o público.

Ahmed Rafiq Awad, um especialista político baseado em Ramallah, disse à Xinhua que o assassinato sem dúvida impedirá as negociações de trégua e levará à continuação do conflito na Faixa de Gaza.

O especialista observou que o eixo de resistência pode responder ao ataque com operações "grandes e perigosas", expandindo ainda mais o conflito atual.

O assassinato, por meio do qual Israel espera conter os iranianos, será um tiro pela culatra para Israel, disse o comentarista político israelense Ori Goldberg.

Israel "cruzou uma linha enorme", e suas ações inflexíveis uniriam o eixo de resistência e afastariam a comunidade internacional de Israel, acrescentou Goldberg.

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