Por Alessandra Scangarelli Brites
Rio de Janeiro, 28 set (Xinhua) -- O Museu Naval, localizado no Rio de Janeiro, recebeu na quinta-feira a exposição fotográfica "Proteger a Paz, Compartilhar o Destino -- As Forças Armadas da China na Manutenção da Paz Mundial", uma atividade que faz parte de uma programação extensa de comemorações da Semana Cultural Militar da China no Brasil que teve como tema "Defesa da Paz, Futuro Compartilhado".
A exposição contou com painéis, onde fotos e relatados informam ao público sobre a atuação das Forças Armadas da China nas operações de paz das Nações Unidas e apresentam destaques das relações sino-brasileiras que, neste ano de 2024, celebram seu 50º aniversário. A iniciativa ocorre ainda próximo ao dia 1º de outubro, data de fundação da República Popular da China.
Em seu discurso de abertura, o major-general e chefe da delegação chinesa para a Semana Cultural Militar da China no Brasil, Mao Naiguo, disse que as relações sino-brasileiras resistiram às tempestades de meio século e estão demonstrando cada vez mais vigor e vitalidade. Segundo ele, as duas forças armadas têm intercâmbios profundos e interações frequentes, chegando a um alto nível, com exercícios e treinamento conjuntos. "Esta é uma era cheia de desafios e é preciso ressaltar que o poder militar é o guardião da paz, da justiça, do progresso e jamais pode ceder a uma forma de existência que almeje hegemonia, pilhagem e provocação. A China adere ao conceito de segurança comum, abrangente, cooperativa, sustentável e busca uma política de defesa nacional defensiva, aderindo ao desenvolvimento pacífico", acrescentou.
Conforme o general Mao, ao longo dos tempos, o exército chinês foi um grande contribuidor para a estabilidade mundial, um impulsionador da governança da segurança global e um construtor de uma comunidade de segurança compartilhada para a humanidade. "Estamos prontos para trabalhar com o lado brasileiro para defender o princípio do destino compartilhado, dar às mãos para criar a paz e trabalhar juntos para construir um mundo mais harmonioso e melhor."
A cônsul-geral da China no Rio de Janeiro, Tian Min, enfatizou que as relações bilaterais entre China e Brasil têm se desenvolvido de maneira constante e profunda, tonando-se um exemplo de respeito mútuo, igualdade e cooperação ganha-ganha entre países em desenvolvimento. Ela disse que a realização do evento "reflete o nosso compromisso em implementar o consenso alcançado pelos dois líderes dos dois países" e promover a compreensão e amizade entre as duas forças armadas.
Da parte do Brasil, o vice-almirante Gilberto Santos Kerr, diretor do Museu Naval e do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM) sublinhou a importância que Brasil e China dão à preservação do patrimônio histórico e cultural, como também a dos oceanos. Para ele, ao olhar para as fotografias nos painéis é possível entender que há um destino comum não apenas para o Brasil e para a China, mas para todos que vivem no planeta água.
"Em muitas dessas imagens nós vemos os oceanos e os mares representados. O mar não é apenas uma fonte de riqueza, mas algo que precisa ser preservado e protegido. Isso está embutido na mentalidade de nossas nações, que possuem muitos laços e características em comum. Uma delas é a certeza de que os oceanos devem ser livres para a realização do comércio marítimo e para estabelecer o que todos nós desejamos: ter uma paz permanente para o nosso planeta".
Nas palavras do coronel sênior Pan Qinghua, o Exército de Libertação Popular da China pretende promover o entendimento entre as duas nações em um nível cultural, para fortalecer a confiança mútua entre os dois exércitos. "A Iniciativa de Segurança Global foi lançada e visa a construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade. Nesse sentido, o exército chinês busca a união de conhecimento e ação. Desta forma, juntamente com o exército brasileiro, o exército tem trazido a estabilidade e a energia positiva para um mundo turbulento, tornando-se uma força-chave para superar as divergências, resolver conflitos internacionais e iluminar esperanças de paz".
Em entrevista exclusiva à Xinhua, o comandante capitão de mar e guerra Jefferson Oliveira de Almeida, afirmou que a Semana Cultural Militar da China no Brasil é uma oportunidade de interação cultural e militar. O comandante disse que ao atuarem juntos, Brasil e China podem contribuir significativamente para a paz mundial e para uma maior igualdade entre os povos.
Já o coronel sênior Cao Yanzhong, analista da Academia de Ciências Militares da China, disse que as atividades da Semana Cultural Militar da China podem refletir os conceitos culturais militares chineses e permitir a melhor compreensão do povo brasileiro sobre a China, as forças armadas da China e a cultura militar chinesa. Para o coronel, os dois países têm muitas semelhanças em conceitos de segurança e necessidades de desenvolvimento. Ele ainda lembrou que as forças armadas chinesa e brasileira têm muitos projetos em andamento nas áreas da educação, formação e intercâmbio acadêmico. No entanto, ainda há muito espaço para a aprendizagem mútua e cooperação nestes campos, assim como em tecnologia e equipamentos de defesa.
"O consenso de seis pontos sobre a crise na Ucrânia, emitido há pouco tempo pela China e pelo Brasil, reflete ainda mais os conceitos básicos de segurança dos dois países e a sua vontade comum de manter a paz mundial e a estabilidade regional. O reforço da cooperação entre a China e o Brasil pode tornar-se um modelo para a cooperação entre os países do Sul Global. Juntos, podemos promover melhor o desenvolvimento da governança global numa direção mais justa e equitativa", afirmou.