Guangzhou, 30 nov (Xinhua) -- Quarenta e oito módulos partiram da China na sexta-feira, indo para a França para a construção do maior reator de fusão nuclear experimental tokamak do mundo.
Partindo da cidade de Guangzhou, Província de Guangdong, no sul da China, os componentes são os primeiros do tipo destinados ao projeto do Reator Experimental Termonuclear Internacional (ITER, sigla em inglês) no sul da França.
A instalação, às vezes chamada de "sol artificial", está sendo construída pela China, União Europeia, Índia, Japão, República da Coreia (ROK), Rússia e Estados Unidos para testar a viabilidade da fusão como uma fonte de energia limpa e em larga escala.
O tokamak ITER usa uma gaiola magnética para confinar, moldar e controlar os plasmas superaquecidos para tornar as reações de fusão possíveis.
Luo Delong, vice-diretor geral da organização ITER, disse que o ITER é um projeto de longo prazo que se concentra principalmente no desenvolvimento de energia de fusão nuclear. Este tipo de energia é considerado uma solução ideal para as futuras necessidades energéticas da humanidade, pois tem um suprimento de combustível inesgotável, é ecologicamente correto e relativamente seguro.
Os módulos são componentes de vácuo críticos que fornecem blindagem de nêutrons e condução de calor sob altas cargas térmicas. Eles protegem a câmara de vácuo, o equipamento externo e o pessoal da radiação, garantindo a operação estável do reator.
Chen Jiming, cientista-chefe do Instituto de Física do Sudoeste da China National Nuclear Corporation (CNNC), explicou que os módulos de blindagem são semelhantes aos "tijolos refratários" de uma fornalha.
As funções principais dos módulos são proteger contra nêutrons de alta energia de 14 MeV e transferir centenas de megawatts de calor nuclear para fora do sistema por meio de água de resfriamento. Isso garante a proteção do equipamento periférico enquanto mantém as operações dos componentes dentro dos limites de temperatura permitidos, acrescentou Chen.
A China e a República da Coreia são responsáveis pela fabricação de 220 módulos de blindagem. Os primeiros 48 módulos foram produzidos pela Dongfang Electric Corporation.
Wang Weidong, presidente da Dongfang Electric (Guangzhou) Heavy Machinery Co., Ltd., disse que mais 172 módulos devem ser entregues até 2027.
"A fabricação pela China desempenha um papel fundamental na promoção do desenvolvimento sustentável da energia limpa global", disse Wang.
Olhando para o futuro, os módulos também têm o potencial de produzir trítio, um combustível crucial usado para fusão nuclear controlada. Não há essencialmente trítio na Terra, o que está longe de atender às necessidades do desenvolvimento de energia de fusão, de acordo com Chen.
Embora o projeto atual não envolva a produção de trítio, a equipe de pesquisa planeja explorar ainda mais sua funcionalidade no futuro para permitir a regeneração de trítio e alcançar melhor a sustentabilidade na utilização de energia limpa, acrescentou Chen.