Rio de Janeiro, 3 jul (Xinhua) -- Os países-membros do BRICS avançaram nesta semana em mecanismos conjuntos para fortalecer a cooperação tributária internacional, com ênfase na tributação de pessoas físicas de alta renda e no combate à sonegação fiscal, informaram autoridades brasileiras nesta quinta-feira durante reunião de negociadores do bloco, realizada no Rio de Janeiro.
O subsecretário de Finanças Internacionais e Cooperação Econômica do Ministério da Fazenda do Brasil, Antonio Cottas, destacou que os onze países do grupo endossaram propostas que buscam combater as desigualdades no Sul Global por meio de instrumentos fiscais e monetários.
"Levamos algumas discussões do G20 para o BRICS, uma delas é a cooperação tributária internacional mais ampliada, reforçada, incluindo a tributação dos chamados indivíduos de alta renda (super ricos)", disse Cottas ao site do BRICS.
"Isso foi bem recebido no BRICS, demandou um certo esforço negociador, mas conseguimos. E a declaração não envolve só isso, é mais ampla, de combate à evasão fiscal e maior cooperação entre as autoridades tributárias", completou ele.
"É um desafio grande sempre que você tem que conjugar esforços e perspectiva de diferentes países em matérias, muitas vezes, muito técnicas", acrescentou. Mas, a presidência brasileira conseguiu transladar o tema do G20 para o BRICS, de maneira bastante bem sucedida. Tivemos uma chancela do BRICS a mecanismos tributários que combatam desigualdades. Isso é muito importante, é mais um entendimento que o Brasil conseguiu mediar e a gente se orgulha bastante".
Cottas informou que o Ministério da Fazenda e o Banco Central do Brasil concluíram um comunicado conjunto que aborda questões como a reforma da governança do Fundo Monetário Internacional (FMI), infraestrutura, cooperação em seguros e com o Banco Mundial, além do fortalecimento da integração entre os membros do BRICS.
"Essas questões estão conectadas por três eixos principais: a integração de novos membros ao grupo, o fortalecimento dos mecanismos de cooperação intra-BRICS que complementam o sistema financeiro internacional e a promoção do multilateralismo", explicou o subsecretário.
As sessões, que acontecem esta semana no Rio de Janeiro, preparam o terreno para a Cúpula de Líderes do BRICS, que será realizada nos dias 6 e 7 de julho. Nesse contexto, o Brasil tem utilizado sua reconhecida experiência diplomática como mediador e construtor de consensos.
"A presidência brasileira do BRICS certamente se beneficia do melhor da tradição diplomática brasileira, que é esse papel de construtor de consenso, de mediador, de construtor de pontes, que é uma tradição histórica e muito reconhecida da diplomacia brasileira. Em segundo lugar, se beneficia de ter presidido o G20 no ano passado, que nos deu um acúmulo de conhecimento, de experiência, de contatos, de capacidade de negociação e interlocução muito forte", enfatizou Cottas.