(Multimídia) Do sonho à realidade: Beijing 2022 leva esportes de inverno a mais de 300 milhões de pessoas
Uma menina de 11 meses chamada Wang Yuji pratica esqui no Thaiwoo Ski Resort, no distrito de Chongli, na cidade de Zhangjiakou, na Província de Hebei, norte da China, em 18 de novembro de 2021. Um vídeo de Wang Yuji descendo a colina em uma prancha de snowboard se tornou viral na internet. (Xinhua/Zhang Fan)
Wuhan, 27 jan (Xinhua) -- Li Yaosheng, um estudante do ensino fundamental na cidade de Wuhan, no centro da China, raramente via gelo em sua cidade natal, conhecida como uma das "cidades-fornalha" do país. Mas em 2021, a escola primária de Li passou a fazer as aulas de educação física em uma pista de gelo recém-construída.
A mudança lançou as sementes de um novo sonho para Li, de nove anos, que é se tornar um jogador profissional de hóquei no gelo. "No gelo, sinto que posso realmente me expressar e adoro a maneira como posso competir com menos resistência", disse ele à Xinhua.
Li não é um caso especial. De acordo com o órgão regulador de esportes de inverno do país, o número de chineses que participaram de treinamento de esportes de inverno, competições amadoras ou profissionais e atividades de lazer relacionadas a esportes de inverno atingiu 346 milhões, superando a meta de 300 milhões estabelecida em 2015, quando Beijing ganhou a candidatura olímpica. Esse número significa que um em cada quatro chineses já participou de esportes de inverno ou atividades relacionadas pelo menos uma vez.
"A realização da meta deve ser em grande parte atribuída ao investimento em instalações, educação de jovens nas escolas e melhoria do treinamento amador em nível de base", disse Wang Yuxiong, diretor do Centro de Pesquisa em Economia do Esporte da Universidade Central de Finanças e Economia.
NOVO ESTILO DE VIDA
Depois de verificar seu capacete, óculos e luvas, o entusiasta do esqui, Wang Jian, desceu a encosta no Fulong Ski Resort em Chongli, um distrito de Zhang Jiakou, uma das sedes de Beijing 2022. Dificilmente se podia perceber por seus movimentos suaves que Wang já tem 72 anos.
"Eu peguei o esqui por curiosidade quando o país pediu para envolver 300 milhões de pessoas nos esportes de inverno, mas não esperava ficar viciado", disse Wang, que esquia há cinco invernos consecutivos.
Como instrutor de esqui no Fulong Ski Resort, Shi Wei descobriu que o fervor do povo chinês pelos esportes de inverno tem aumentado nos últimos anos. "Costumávamos receber muito poucos adolescentes ou idosos, mas agora crianças de 11 meses e pessoas na faixa dos 70 e 80 anos praticam esportes de inverno aqui", observou.
Além do turismo, os esportes de inverno também caíram no gosto dos estudantes de todo o país, já que projetos relacionados foram lançados nos campi.
Na escola primária Dianchang Road, no oeste de Beijing, os alunos podem ser vistos percorrendo o pátio em esquis com rodas ou praticando tiro com biatlo.
Nos fundos da escola há um rinque de curling em escala real que funciona durante todo o ano, mesmo no verão, quando a temperatura atinge 35 graus Celsius.
Aproximadamente 300 estudantes experimentaram uma variedade de esportes - desde hóquei no gelo até esqui cross-country, patinação de velocidade e curling - muitas vezes pela primeira vez.
"Aprendi muito sobre as Olimpíadas na escola. Espero que os atletas possam realizar seus sonhos em Beijing 2022", disse Zhang Jinhao, de 10 anos.
De acordo com um plano lançado em 2018 pelo Ministério da Educação e pela Administração Geral de Esportes da China, mais de 2 mil escolas primárias ou secundárias acrescentaram esportes de inverno aos seus currículos até 2020. Até 2025, espera-se que esse número cresça para 5 mil.
A primeira campeã da Copa Mundial de esqui livre da China, Guo Dandan, também assumiu uma nova identidade: membro da equipe de publicidade de Beijing 2022. Nos últimos três anos, ela fez mais de 300 discursos para mais de 100 milhões de espectadores online e offline para promover os esportes de inverno.
No primeiro dia letivo de 2022, Guo visitou a Escola Primária Jilinjie de Wuhan para compartilhar suas histórias de esqui e mostrou sua medalha de ouro aos alunos.
"Por suas reações, sinto que as crianças do sul da China têm uma grande paixão pelos esportes de inverno. Espero que minha história possa introduzir mais pessoas aos esportes de gelo e neve e talvez elas o achem divertido", observou Guo.
INDÚSTRIA EM EXPANSÃO
O aumento da demanda por parte da população provocou um boom na construção de instalações de neve e gelo.
Os dados mostram que a China agora tem 654 pistas de gelo padrão, um aumento de 317% em relação a 2015. O número de resorts de esqui em recintos fechados e ao ar livre atingiu 803, ante os 568 em 2015.
O boom dos esportes de inverno também ajudou a melhorar a vida de milhares de chineses.
Zhang Erkui administra o restaurante Hualangge na vila de Hongping, nas montanhas profundas do distrito florestal de Shennongjia, em Hubei (no centro do país). Por muito tempo desde sua inauguração em 1999, Zhang raramente via turistas e clientes no inverno.
"Graças à construção de resorts de esqui em nossa vila, cada vez mais visitantes chegam no inverno e podemos fazer negócios durante todo o ano", disse Zhang, que conseguiu faturar mais de 40 mil yuans (US$ 6.300) durante o inverno nos últimos anos.
Desde 2004, Shennongjia já recebeu mais de três milhões de esquiadores, impulsionando o consumo de bilhões de yuans e aumentando a empregabilidade da população local, disse Liu Qijun, vice-secretário do Partido no Distrito Florestal de Shennongjia.
Em Chongli, antes um distrito pobre em Zhangjiakou com uma renda agrícola limitada, a mudança foi ainda mais acentuada. Em 2015, 16,8% dos 100 mil residentes em Chongli foram classificados como vivendo abaixo da linha de pobreza nacional da China.
Mas esta vila montanhosa, que sediará a maioria dos eventos de neve de Beijing 2022, foi transformada em um paraíso para os esquiadores. Em 2019, o jornal The New York Times nomeou Chongli como um dos 52 destinos de esqui que vale a pena visitar.
Em maio de 2019, Chongli foi oficialmente retirado da pobreza. Quase um quarto da população de Chongli trabalha em estações de esqui ou para empresas e organizações relacionadas.
"Os Jogos representam um bem formidável para acelerar o desenvolvimento a longo prazo. Isso é o que foi feito para Beijing 2022, e aprendemos muito", disse o diretor executivo dos Jogos Olímpicos do Comitê Olímpico Internacional (COI), Christophe Dubi.
INFLUÊNCIA DE GRANDE ALCANCE
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Cultura e Turismo da China, os chineses realizaram 254 milhões de viagens relacionadas a esportes de inverno no ano passado. Espera-se que os próximos Jogos de Inverno impulsionem ainda mais os esportes de inverno com uma estimativa de 305 milhões de viagens pelo povo chinês durante a atual temporada.
Como diz o presidente do COI, Thomas Bach, Beijing 2022 certamente "será um grande legado para os esportes de inverno globais".
"Também será muito importante para o legado das instalações olímpicas porque, com essa participação, o uso dessas instalações após os Jogos Olímpicos está garantido", disse Bach.
Com os Jogos de Inverno bem próximos, o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Inverno de Beijing de 2022 (BOCOG) publicou seu plano para a utilização pós-Jogos dos locais de competição.
De acordo com Li Sen, diretor do Departamento de Planejamento Geral do BOCOG, Beijing 2022 usará seis instalações de competição construídas para as Olimpíadas de 2008. Enquanto isso, todos os locais recém-construídos consideraram totalmente a utilização pós-Jogos na fase de planejamento.
"Depois dos Jogos, as instalações vão concorrer ativamente e realizar eventos esportivos de alto nível. As instalações também serão operadas em todas as temporadas e totalmente abertas ao público", disse Li.
Além dos locais, os especialistas acreditam que Beijing 2022 terá uma influência de longo alcance na indústria de gelo e neve, bem como no país.
"Os Jogos não são uma moda passageira. Estou confiante de que os Jogos Olímpicos de Inverno de Beijing deixarão um legado de talento, infraestrutura e tecnologia, como fizeram os Jogos Olímpicos de Beijing 2008", disse Wang Jun, vice-presidente da Associação de Esportes de Gelo e Neve de Wuhan.
Foto aérea tirada em 16 de novembro de 2021 mostra uma vista da estação de esqui de Yunding em Chongli, na cidade de Zhangjiakou, na Província de Hebei, norte da China. Os assentos do Yunding Ski Resort na zona de competição de Zhangjiakou são instalados e a equipe está ocupada preparando as pistas para os próximos eventos de teste dos Jogos Olímpicos de Inverno de Beijing 2022. (Wu Diansen/Xinhua)
Uma instrutora ensina uma criança a esquiar em uma estação de esqui em Shijiazhuang, na Província de Hebei, norte da China, em 25 de dezembro de 2021. (Zhang Xiaofeng/Xinhua)
Foto tirada em 22 de janeiro de 2021 mostra a vista interna do Oval Nacional de Patinação de Velocidade, localmente conhecido como "Fita de Gelo", em Beijing, capital da China. (Xinhua/Ju Huanzong)


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