Rio de Janeiro, 20 ago (Xinhua) -- O mecanismo BRICS -Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul- trouxe para o cenário internacional um novo modelo de cooperação no qual a ideia de ganha-ganha está sempre presente e estreitamente associada à visão do Sul global sobre a ordem internacional.
A afirmação é do especialista brasileiro, Leonardo César Ramos, professor e coordenador do programa de pós-graduação em Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, em entrevista à Xinhua, na qual avaliou nestes termos a trajetória do grupo.
"O BRICS, como mecanismo articulado ou estreitamente vinculado aos processos de cooperação Sul-Sul, tem uma importância significativa para seus membros, como mecanismo de promoção da cooperação entre eles, bem como para o desenvolvimento econômico desses países", avaliou o especialista brasileiro.
"Desde a criação do Banco do BRICS, em particular, esse potencial cresceu além dos países do BRICS, incorporando possibilidades de cooperação e desenvolvimento com outros países do Sul global", acrescentou.
Segundo Ramos, coeditor da revista Relações Internacionais da PUC Minas, o mecanismo BRICS tem se mostrado uma alternativa de desenvolvimento para os países membros e para os demais países emergentes.
"A cooperação econômica entre os países do BRICS tem sido um aspecto fundamental dos processos de cooperação Sul-Sul, além de contribuir para o crescimento econômico desses países a partir de uma lógica diferente da associada ao modelo neoliberal", ressaltou.
Esta cooperação se desenvolve "com formas e possibilidades que vão além da mera lógica de mercado, incorporando elementos de cooperação duradoura que rompem com os modelos neoliberais característicos da ordem econômica internacional desde os anos 70".
Segundo Ramos, o BRICS pode desempenhar um papel importante na busca da equidade e eficácia na governança global e de um sistema multilateral equilibrado por duas razões principais.
"Primeiro, seu modelo cooperativo aponta para uma lógica distinta da lógica competitiva das grandes potências, com a ideia de ganha-ganha sempre presente nos debates; segundo, é um grupo estreitamente associado à visão do Sul global sobre uma ordem internacional mais justa e inclusiva", destacou.
Para o professor, do ponto de vista geopolítico, os países do BRICS têm propiciado mudanças profundas na ordem internacional, sublinhando a importância do Sul global.
"Os países do BRICS têm uma importância geopolítica muito significativa. Nesse sentido, tem tido um impacto significativo nas mudanças no eixo da ordem internacional", comentou.
As oportunidades e os desafios que enfrentam os países que integram o BRICS para a cooperação multilateral estão estreitamente ligados tanto à identificação de convergências como ao processo de expansão do grupo.
"Primeiro, (é necessário) avançar no reconhecimento dos pontos comuns dos países do BRICS a fim de potencializar os processos de interação", apontou.
"Em segundo lugar, o processo de expansão do BRICS poderia gerar uma retomada da aceleração dos processos de cooperação intraBRICS e BRICS com outros processos de cooperação mais definidos regionalmente", acrescentou.
A 15ª Cúpula do BRICS será realizada de 22 a 24 de agosto na cidade sul-africana de Joanesburgo.