BRICS e o mapa da ordem econômica-Xinhua

BRICS e o mapa da ordem econômica

2023-08-25 12:35:35丨portuguese.xinhuanet.com

Pessoas caminham perto do local da 15ª edição da Cúpula do BRICS em Joanesburgo, África do Sul, no dia 20 de agosto de 2023. (Xinhua/Zhang Yudong)

Estamos prestes a ter uma mudança significativa no mapa do sistema econômico global. A cúpula será um ponto de virada no estabelecimento de um mundo multipolar como alternativa ao sistema unilateral americano, que está sumindo.

Por Refaat Badawi

A 15ª edição da Cúpula do BRICS foi realizada na África do Sul, de 22 a 24 de agosto, depois que mais de 60 países e representantes de 20 organizações internacionais foram convidados, com a presença e participação de mais de 50 países confirmados, disse a ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandora, na semana passada.

Na cúpula, foi estimado que mais de 20 países se candidatariam para participar do grupo, com os cinco fundadores esperando que esse impulso contribua para o estabelecimento de um mundo multipolar.

Não há dúvida de que desafios significativos e decisões críticas nos níveis econômico e político aguardam os países participantes da cúpula, depois de verem o incrível impulso das nações de todo o mundo que querem participar da promissora convenção, procurando promover o estabelecimento de uma nova ordem econômica global, em que a justiça e a igualdade prevaleçam em benefício dos povos e dos países, especialmente daqueles que foram inicialmente roubados pela América e seus agentes estatais no Ocidente.

Estamos prestes a ter uma mudança significativa no mapa do sistema econômico global. A cúpula será um ponto de virada no estabelecimento de um mundo multipolar como alternativa ao sistema unilateral americano, que está sumindo.

Este sistema é conhecido por roubar a riqueza das nações e impedir o desenvolvimento delas em favor das políticas ocidentais, à custa dos seus povos e das próximas gerações.

Foto aérea tirada no dia 17 de junho de 2022 mostra edifício-sede do Novo Banco de Desenvolvimento em Shanghai, no leste da China. (Xinhua/Fang Zhe)

Basta que tenhamos que monitorizar a política de empréstimos financeiros adotada pelo Banco Mundial, ou Fundo Monetário Internacional, que implementa fielmente as ordens da administração americana em Washington. Podemos descobrir os alvos do sistema econômico unilateral americano prevalecente, com base em chantagem, hegemonia, roubo e subjugação praticadas pelos EUA em relação a outros países, incluindo nossa região árabe, e particularmente Síria, Líbano, Iraque, Egito, Iêmen, Líbia e Sudão.

Estas instituições internacionais não oferecem empréstimos bonificados, a menos que os países beneficiários sigam a implementação da agenda política, econômica e até cultural americana, como vem acontecendo atualmente, ao promover a homossexualidade sob pretexto de direitos humanos.

Entre as conquistas mais significativas do grupo BRICS está a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) em 2014, cujo conselho administrativo é atualmente presidido pela ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, e é um banco multilateral de desenvolvimento gerido pelos cinco países do BRICS com um capital de 50 milhões de dólares americanos, capaz de atingir 100 milhões de dólares nos próximos dois anos.

A principal função deste banco é conceder empréstimos de milhões de dólares para financiar projetos de desenvolvimento no que diz respeito a infraestruturas básicas, tecnologia e energia, saúde e educação, agricultura e irrigação, entre outros, nos países membros do grupo, além dos países emergentes.

Do meu ponto de vista, abaixo estão os objetivos mais importantes que os países fundadores do BRICS procuram:

-- Crescimento econômico mundial abrangente para erradicar a pobreza, combater o desemprego e promover a integração econômica e social, assim como a China conseguiu.

-- Melhoria da qualidade do crescimento, incentivando o desenvolvimento econômico inovador através do desenvolvimento tecnológico e das melhorias nas competências individuais e de grupo.

-- Promoção da segurança e da paz para o crescimento econômico e da estabilidade política mundial, assim como o objetivo da China, aproximando pontos de vista e resolvendo diferenças através de meios diplomáticos entre os países discordantes. Um bom exemplo é o acordo patrocinado por Beijing para restaurar as relações diplomáticas entre o Irã e a Arábia Saudita, e suas propostas práticas para reestabelecer a paz entre Rússia e Ucrânia.

-- Cooperação com a comunidade internacional para manter a estabilidade e melhorar o ambiente global de comércio e investimento, além do combate às mudanças climáticas, prestação de assistência humanitária e redução dos riscos de catástrofes naturais, o que inclui a abordagem de questões como a segurança alimentar global.

-- Cooperação entre os países do BRICS em ciência e educação, além de participação em pesquisa básica e desenvolvimento tecnológico avançado.

Foto tirada no dia 10 de agosto de 2023 mostra vista de Joanesburgo, África do Sul. (Xinhua)

Os estados-membros do BRICS procuram alcançar estes objetivos complexos, que contribuem para a construção de sociedades coesas e garantem uma cooperação econômica multilateral e justa a nível mundial.

Em contrapartida, os Estados Unidos não procuraram, na sua história, alcançar nenhum desses objetivos mencionados. Pelo contrário, usou os seus bancos para incentivar regimes contra os povos e adotou um método de roubar a riqueza dos países, ao mesmo tempo em que impedia o progresso e desenvolvimento dos mesmos, enquanto minava seus papéis da indústria, além de monopolizar a produção agrícola a favor das empresas americanas. Também impõe o princípio da transferência ou SWIFT entre bancos exclusivamente em dólares americanos para garantir o controle do ciclo econômico mundial pelos EUA.

As esperanças das pessoas que querem a libertação da hegemonia e da influência americanas dependem do sucesso do BRICS na formação de um novo sistema econômico multipolar para fugir do sistema unilateral americano.

A experiência pioneira da China vale a pena. O mundo deveria aproveitar a experiência chinesa, que teve um sucesso brilhante na promoção do desenvolvimento e das capacidades humanas, na erradicação da pobreza e na manutenção de um nível muito avançado de tecnologia, energia e experiência na construção de ferrovias, túneis ferroviários e outros desenvolvimentos de infraestrutura. Além disso, vimos que esses sucessos permitiram à China alcançar o possível para quebrar o monopólio americano, especialmente porque o slogan da China é a cooperação com todos os países com base no princípio de ganho mútuo.

Vemos que a brilhante história da China, longe de qualquer colonialismo ou extorsão de Estados, a qualifica para assumir a iniciativa de liderança do novo sistema multilateral e, na nossa humilde opinião, o país tem um papel fundamental no domínio do desenvolvimento econômico e tecnológico que visa a eliminação da pobreza, estimulando o princípio da educação geracional, além da preservação da cultura e da civilização da China e do seu respeito pelas culturas e civilizações dos países participantes.

 

Nota da edição: Refaat Badawi é analista político e conselheiro do ex-primeiro-ministro libanês Salim al-Hoss.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente as posições da Agência de Notícias Xinhua.

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