Intromissão da OTAN na Ásia-Pacífico ameaça a paz regional-Xinhua

Intromissão da OTAN na Ásia-Pacífico ameaça a paz regional

2024-04-13 12:49:51丨portuguese.xinhuanet.com

Foto tirada em 11 de outubro de 2023 mostra a sede da OTAN em Bruxelas, Bélgica. (Xinhua/Zhao Dingzhe)

Os Estados Unidos são os instigadores nos bastidores do alcance da OTAN na Ásia-Pacífico.

"Exportar esse veneno malicioso para a Ásia seria o mesmo que a Ásia acolher a praga sobre si mesma", disse o ex-primeiro-ministro australiano Paul Keating, referindo-se à expansão da OTAN na Ásia-Pacífico.

Hong Kong, 11 abr (Xinhua) -- A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), agora em seu 75º ano de existência, ultrapassou seu mandato e está se agarrando à vida ao atiçar chamas além de seu escopo.

Em 4 de abril de 1949, liderados pelos Estados Unidos, 10 países europeus e o Canadá assinaram o Tratado do Atlântico Norte em resposta à chamada "ameaça representada pela União Soviética".

Depois que a União Soviética se desintegrou na década de 1990, no entanto, o bloco militar não se dissolveu e, ao contrário, estendeu vorazmente seu alcance sinistro para além do escopo geográfico definido pelo tratado, expandindo seus membros para 32 atualmente. Nos últimos anos, a região da Ásia-Pacífico tem sido sua nova presa.

Os analistas advertiram que, em sua tentativa de interferir na Ásia-Pacífico, a OTAN está exportando "veneno malicioso para a Ásia", representando uma ameaça à segurança e à estabilidade regionais e impedindo o desenvolvimento da região.

INVASÃO DA ÁSIA-PACÍFICO

Segundo o jornal japonês Sankei Shimbun, o governo dos EUA planeja convidar o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida para a cúpula da OTAN em julho deste ano, em Washington. Esse seria o terceiro ano consecutivo em que Kishida participaria das cúpulas da OTAN.

Em junho de 2022, líderes de quatro países da Ásia-Pacífico - Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia - participaram da cúpula da OTAN pela primeira vez em Madri, na Espanha. Em julho de 2023, durante a cúpula da OTAN em Vilnius, capital da Lituânia, os líderes dos membros da OTAN se reuniram com os líderes dos quatro países, demonstrando seu relacionamento mais próximo.

Já em 2006, a então embaixadora dos EUA na OTAN, Victoria Nuland, propôs o conceito de "parceria global", com o objetivo de expandir a influência global da OTAN ao estabelecer mecanismos de contato com Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.

De 2012 a 2014, a OTAN assinou um Programa de Cooperação de Parceria Individual com os quatro países, respectivamente.

Em 2014, a OTAN propôs a  Iniciativa de Interoperabilidade da Parceria para permitir que outros países participassem de operações militares lideradas pela OTAN. Todos os quatro países da Ásia-Pacífico aderiram à plataforma.

Manifestantes protestam contra o fato de a Suécia sediar um grande exercício militar internacional e de o país se esforçar para se tornar membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em Estocolmo, Suécia, em 22 de abril de 2023. (Foto por Patrick Ekstrand/Xinhua)

A OTAN também tentou estabelecer um escritório de ligação em Tóquio como sua primeira unidade operacional na região da Ásia-Pacífico, mas teve que arquivar o plano devido à oposição da França.

Além disso, algumas agências subordinadas à OTAN absorveram ativamente os países da Ásia-Pacífico. A Coreia do Sul e o Japão aderiram ao Centro de Excelência de Defesa Cibernética Cooperativa da OTAN em 2022. A Austrália e a Índia também aderiram a esse mecanismo.

Enquanto isso, os membros da OTAN aumentaram suas atividades militares na região da Ásia-Pacífico nos últimos anos. Em 2021, o Reino Unido enviou o grupo de ataque do porta-aviões HMS Queen Elizabeth para a Ásia-Pacífico, que incluía embarcações dos Estados Unidos e da Holanda. Um comentário do Instituto Naval dos EUA disse que o envolvimento de navios de guerra holandeses dá à frota um "verdadeiro caráter da OTAN".

No mesmo ano, a Alemanha enviou sua fragata "Bavaria" para a Ásia-Pacífico. Os navios de guerra canadenses também têm estado ativos na região do Pacífico Ocidental nos últimos anos.

A SERVIÇO DA HEGEMONIA DOS EUA

Os Estados Unidos são os instigadores nos bastidores do alcance da OTAN na Ásia-Pacífico. Washington manipula o bloco para promover sua "estratégia do Indo-Pacífico" e estratégias hegemônicas de vender ansiedades de segurança para seu próprio interesse, aumentando as tensões regionais.

A OTAN usou truques semelhantes em seu recente engajamento na Ásia-Pacífico aos de sua expansão para o leste. Primeiramente, ela promoveu um "inimigo hipotético", incitando a ansiedade e o medo entre os países da região e compelindo-os a se alinharem com os Estados Unidos para obter uma falsa sensação de segurança.

Na Ásia-Pacífico, a OTAN liderada pelos EUA enquadra a China como um "desafio sistêmico". Nos últimos anos, os Estados Unidos, em seus esforços para manter a hegemonia global, tornaram-se cada vez mais explícitos quanto às suas intenções de conter a China. E o enquadramento da China pela OTAN também foi exacerbado de acordo com as políticas dos EUA.

A OTAN considerou a China como um importante tema de preocupação pela primeira vez em sua Cúpula de Londres em 2019, quando o comunicado da cúpula declarou que a China apresentava "tanto oportunidades quanto desafios". Em 2021, a OTAN descreveu ainda mais a China como um "desafio sistêmico" à "ordem internacional baseada em regras" e às áreas relevantes para a segurança da OTAN.

Na cúpula de Madri em 2022, a OTAN acusou a China de "colocar em risco a segurança da OTAN" e de constituir um "desafio sistêmico".

Os analistas apontaram que a distorção e a difamação da China pela OTAN são em grande parte alimentadas pelos Estados Unidos. Joshua Shifrinson, professor associado da Universidade de Maryland, disse que os Estados Unidos querem um maior envolvimento da OTAN na Ásia porque os planejadores de defesa americanos se concentram cada vez mais na China.

"Como os Estados Unidos veem cada vez mais a China como seu maior adversário, eles querem 'globalizar' a OTAN na Ásia e interligá-la com as alianças americanas existentes na região, incluindo Japão, Coreia do Sul, Filipinas e Austrália", disse o analista político russo Timur Fomenko.

DESTRUIDOR DE ESTABILIDADE

A expansão da OTAN em direção ao leste tem reduzido o espaço estratégico da Rússia, levando diretamente ao agravamento da crise na Ucrânia. A Rússia se envolveu em um conflito e foi submetida a sanções ocidentais. Os países europeus, devido aos efeitos colaterais do conflito, também foram gravemente afetados.

Os analistas dizem que Washington se tornou o maior vencedor da crise, não apenas desferindo um golpe contra a Rússia, mas também aumentando seu controle sobre os aliados europeus.

A OTAN já provocou tumultos na Europa e agora está começando a ameaçar a prosperidade e a estabilidade de décadas na Ásia-Pacífico ao criar uma estrutura "semelhante à OTAN" na região.

Os Estados Unidos estão pressionando por uma cooperação mais próxima com o Japão, a Índia e a Austrália, criando o chamado "Quad" como a plataforma central de sua "estratégia Indo-Pacífica".

Em agosto do ano passado, os Estados Unidos realizaram uma cúpula trilateral com líderes do Japão e da Coreia do Sul em Camp David, com o objetivo de integrar as alianças militares bilaterais EUA-Japão e EUA-Coreia do Sul em uma aliança militar trilateral.

Polícia fica de guarda enquanto manifestantes protestam contra a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na praça Tirso de Molina em Madri, Espanha, em 29 de junho de 2022. (Xinhua/Meng Dingbo)

A motivação por trás da estratégia dos EUA de levar a OTAN para a região da Ásia-Pacífico é o hegemonismo e o pensamento da Guerra Fria. Da Europa ao Oriente Médio, os Estados Unidos e seus aliados da OTAN provocaram profundos desastres em países como Iugoslávia, Ucrânia, Afeganistão e Líbia. Agora eles estão tentando estender seu alcance para a Ásia-Pacífico.

"Exportar esse veneno malicioso para a Ásia seria o mesmo que a Ásia acolher a praga sobre si mesma", disse o ex-primeiro-ministro australiano Paul Keating, referindo-se à expansão da OTAN na Ásia-Pacífico.

O ex-primeiro-ministro do Camboja, Samdech Techo Hun Sen, também alertou sobre os riscos criados pela expansão da OTAN na região. Ele observou que alguns países da OTAN anunciaram que enviarão navios de guerra para o Sudeste Asiático, o que, segundo ele, representa uma ameaça à segurança regional, acrescentando que nenhum dos membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) está disposto a tomar partido.

A OTAN perdeu sua utilidade e se tornou apenas o machado, a lança e a pá de Washington. Para onde a OTAN vai, é muito provável que haja guerra. "Países do Indo-Pacífico, tomem nota", alertou Binoy Kampmark, acadêmico da Universidade RMIT em Melbourne, Austrália, em um artigo de opinião em julho do ano passado.

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