Observatório Econômico: Conceitos errôneos da UE sobre veículos elétricos chineses-Xinhua

Observatório Econômico: Conceitos errôneos da UE sobre veículos elétricos chineses

2024-07-06 10:13:59丨portuguese.xinhuanet.com

Foto tirada em 17 de maio de 2024 mostra a área de exposição da BYD durante o ECAR Show 2024 em Lisboa, Portugal. (Xinhua/Wen Xinnian)

A imposição de barreiras não passa de uma medida míope.

Genebra, 4 jul (Xinhua) -- A decisão da UE de impor tarifas provisórias sobre os veículos elétricos importados da China a partir de 4 de julho provocou forte insatisfação das montadoras chinesas e europeias, levando os dois lados a iniciar consultas sobre a investigação antissubsídios da UE sobre os veículos elétricos chineses no final de junho.

Como as negociações estão em andamento, é fundamental que a UE analise os fatos sobre as questões a seguir para evitar politizar questões econômicas e comerciais.

A EUROPA SOFREU PERDAS COM A COOPERAÇÃO AUTOMOTIVA COM A CHINA?

Nunca.

A colaboração entre os setores automotivos chinês e europeu começou há 40 anos, quando a Volkswagen estabeleceu uma joint venture na China, seguida por outros fabricantes, como PSA Peugeot Citroen, BMW e Daimler.

Nas últimas quatro décadas, os fabricantes de automóveis europeus produziram e venderam um número significativo de veículos na China. A Volkswagen havia entregado aproximadamente 40 milhões de veículos no mercado chinês até o final de 2022. A BMW Brilliance Automotive, uma joint venture entre a China e a Alemanha, produziu seu veículo número 6 milhões na linha de montagem em maio. Tanto para a Volkswagen quanto para a BMW, as vendas na China representam mais de 30% de seu total global.

Ao trazerem tecnologias avançadas, experiência em gerenciamento e técnicas de produção para a China, as montadoras europeias também obtiveram lucros substanciais no competitivo mercado chinês.

Mesmo no campo dos veículos de nova energia, a China e a Europa não estão envolvidas em um jogo de soma zero. Empresas como a Volkswagen e a BMW estabeleceram centros de pesquisa na China ou colaboraram diretamente com empresas chinesas para impulsionar a inovação tecnológica. Isso ajudou os fabricantes de automóveis europeus a entender melhor e a se adaptar ao mercado chinês, posicionando-os de forma vantajosa em veículos elétricos e inteligentes.

Nos últimos anos, os veículos elétricos chineses progrediram significativamente, o que surpreendeu muitos na Europa. No entanto, sua participação no mercado europeu continua baixa. Ainda assim, alguns políticos estão tentando explorar a situação para fins políticos.

De fato, nos últimos 40 anos, as montadoras europeias sem dúvida se beneficiaram da cooperação com a China, conforme evidenciado por sua oposição à investigação antissubsídios da UE sobre EVs fabricados na China. Grandes empresas automobilísticas, como Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz, expressaram suas objeções a essas medidas protecionistas, considerando-as não razoáveis nem justificadas.

A Associação Alemã da Indústria Automotiva disse na quarta-feira em um comunicado que as tarifas planejadas contra os veículos elétricos fabricados na China seriam contraproducentes para as metas climáticas da Europa e prejudiciais para sua indústria e seus consumidores. Os fabricantes de automóveis ocidentais na China também seriam afetados, em alguns casos até mais do que as empresas chinesas, observou.

"A competitividade é fomentada pela concorrência", disse a associação.

O PROBLEMA É O "EXCESSO DE CAPACIDADE" CHINÊS OU A FALTA DE CAPACIDADE DA UE?

Provavelmente o último.

Conforme observado pelo jornal suíço Neue Zurcher Zeitung, se um país produzisse apenas para seu mercado interno, não haveria comércio internacional. O setor automotivo opera inerentemente com produção e vendas globais. Em 2023, cerca de 80% dos carros produzidos na Alemanha e 50% dos carros fabricados no Japão foram exportados, enquanto apenas 12,7% dos veículos elétricos da China foram vendidos para o mercado internacional. As acusações de "excesso de capacidade" da China são, portanto, infundadas.

De acordo com a pesquisa da Agência Internacional de Energia, para atingir a neutralidade de carbono, as vendas globais de EVs precisam chegar a cerca de 45 milhões até 2030, mais do que o triplo do número de 2023 e excedendo em muito a capacidade de produção global atual.

Tomemos a UE como exemplo. Seu setor de transporte é responsável por quase um quarto do total de emissões de gases de efeito estufa. Para cumprir a meta de emissão líquida zero até 2050, a UE precisa de pelo menos 30 milhões de veículos com emissão zero nas ruas até 2030. Do ponto de vista da oferta e da demanda, o setor de veículos elétricos não está com excesso de capacidade, mas sim enfrentando uma escassez de capacidade.

Essencialmente, as alegações da UE sobre o "excesso de capacidade" da China em veículos elétricos e as preocupações com a "segurança da cadeia de suprimentos" são apenas desculpas para impedir que a China participe do comércio internacional normal e prejudicar o desenvolvimento dos veículos elétricos chineses.

O chamado "dumping" de veículos elétricos chineses na Europa também é exagerado. A maioria dos veículos elétricos exportados da China para a Europa são marcas ocidentais fabricadas na China.

De acordo com dados da Federação Europeia de Transporte e Meio Ambiente, em 2023, 19,5% dos veículos elétricos vendidos na Europa foram produzidos na China, e apenas 7,9% deles eram de marcas chinesas. A fábrica de Shanghai da montadora norte-americana Tesla exportou cerca de 340.000 veículos em 2023, quase metade dos quais foram vendidos para a Europa. Portanto, as marcas chinesas de veículos elétricos detêm uma participação de mercado relativamente pequena na Europa, longe de serem os principais participantes.

Pessoas visitam o estande da montadora chinesa BYD durante a feira Busworld Europe em Bruxelas, Bélgica, em 7 de outubro de 2023. (Xinhua/Pan Geping)

O BOOM DOS EVS CHINESES É RESULTADO DE SUBSÍDIOS?

Não.

O sucesso da China no setor de veículos elétricos decorre da inovação tecnológica, de uma cadeia de suprimentos robusta e de um mercado competitivo, e não de subsídios.

Um relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, sediado nos EUA, observou a importância de reconhecer os enormes avanços feitos pelos fabricantes chineses de veículos elétricos e produtores de baterias. Nos últimos anos, houve melhorias substanciais na densidade de energia, no alcance e na confiabilidade das baterias de veículos elétricos chineses, bem como melhores designs, sistemas de infoentretenimento e recursos de autonomia.

A alegação da UE de que os EVs acessíveis da China são altamente subsidiados e, portanto, perturbam o mercado, não tem fundamento. Na realidade, são as medidas protecionistas da UE que estão causando a desorganização do mercado.

As políticas de subsídio tiveram origem na Europa e nos Estados Unidos e são amplamente praticadas em todo o mundo. A China não implementa nenhum subsídio que seja proibido pelas regras da OMC.

Em contrapartida, a Europa e os Estados Unidos intensificaram significativamente seus subsídios para EVs nos últimos anos, com uma série de práticas exclusivas e discriminatórias. Isso criou barreiras para os EVs chineses e está em clara violação das normas da OMC.

A INVESTIGAÇÃO DA UE É RAZOÁVEL?

Não.

Os especialistas do setor acreditam que a investigação da UE busca impedir que as empresas chinesas de veículos elétricos invistam e se expandam na Europa e diminuir a competitividade dos setores emergentes chineses, de modo a proteger os setores tradicionais locais. Com a proximidade das eleições recém-concluídas na UE, essa medida protecionista tem motivação política e geopolítica.

A UE sempre se apresentou como uma defensora ferrenha do livre comércio e alega que sua investigação tem como objetivo determinar se a China está subsidiando excessivamente seu setor de veículos elétricos e estabelecerá tarifas com base nos resultados. Entretanto, na verdade, a investigação foi iniciada sem solicitações dos Estados-membros ou do setor automotivo.

Além disso, o processo de investigação foi caracterizado por padrões de amostragem não conformes e falta de transparência, violando seriamente as regras da OMC.

Por exemplo, a UE excluiu os produtores com alto volume de vendas dos Estados-membros durante o processo de amostragem, demonstrando uma clara abordagem discriminatória direcionada às empresas chinesas de veículos elétricos.

Vozes visionárias dos círculos políticos, empresariais e acadêmicos da Europa pediram que, em vez de impedir a entrada de veículos elétricos chineses, a UE deveria colaborar com a China para aproveitar as vantagens tecnológicas e da cadeia de suprimentos para melhorar o cenário industrial da Europa, cumprir os compromissos de redução de emissões, atender aos consumidores e obter benefícios mútuos. A imposição de barreiras não passa de uma medida míope.

Fale conosco. Envie dúvidas, críticas ou sugestões para a nossa equipe através dos contatos abaixo:

Telefone: 0086-10-8805-0795

Email: portuguese@xinhuanet.com