Informações de pagamento da M-pesa no caixa de uma cafeteria em Nairóbi, capital do Quênia, no dia 16 de setembro de 2021. (Xinhua/Zhang Yu)

Em toda a África, os pagamentos digitais estão aumentando. A ascensão do dinheiro móvel remodelou os negócios e a vida cotidiana, onde os smartphones são as novas carteiras.

Por Xu Jiatong e Yang Jun

Nairóbi/Beijing, 8 out (Xinhua) -- Nas movimentadas ruas de Nairóbi, o brilho verde do logotipo M-Pesa (uma plataforma de dinheiro móvel) está por todo lugar, de hotéis de luxo a vendedores ambulantes. Em alguns pontos turísticos, placas declarando “Não aceitamos dinheiro” destacam uma mudança impressionante: mais de 90% dos adultos no país da África Oriental estão usando pagamentos móveis.

Em toda a África, os pagamentos digitais estão aumentando, sendo usados por 17% dos consumidores diariamente e quase metade pelo menos semanalmente em 2023. A ascensão do dinheiro móvel remodelou os negócios e a vida cotidiana, onde os smartphones são as novas carteiras.

O que contribuiu para o rápido desenvolvimento e a ampla adoção de pagamentos móveis na África?

Informações de pagamento da M-pesa na parede de uma loja em Nairóbi, capital do Quênia, no dia 16 de setembro de 2021. (Xinhua/Zhang Yu)

ACESSÍVEL E CUSTO-BENEFÍCIO

O número de usuários de pagamento digital na África Subsaariana aumentou em 191 milhões entre 2014 e 2021, de acordo com o Banco Mundial. Em 2022, a McKinsey estimou que o mercado de pagamentos digitais da África cresceria 152% de 2020 a 2025.

Quais condições favoráveis ​​levaram à rápida adoção do pagamento digital na África? Primeiro, o número de usuários de smartphones aumenta rapidamente entre uma população jovem e urbanizada, criando uma base sólida para pagamentos digitais.

Segundo, os pagamentos digitais são mais convenientes e eficientes em comparação aos serviços financeiros tradicionais, que geralmente são muito caros e inacessíveis em algumas áreas. Além disso, a rápida expansão da cobertura da Internet móvel apoia a ampla adoção de pagamentos digitais em todo o continente.

Para muitos africanos, ter telefone é mais fácil do que ter conta bancária. Assim, o pagamento digital, com seu limite de acesso muito baixo, virou o método de pagamento preferido.

O método de pagamento é rápido, conveniente e econômico, especialmente para transferências internacionais.

Estima-se que a taxa média para uma transferência de pagamento móvel de 200 dólares americanos seja de apenas 2,77%, significativamente menor do que os 6,09% dos métodos de pagamento tradicionais. De acordo com dados obtidos pela dLocal, uma plataforma de pagamento internacional, o número de contas de pagamento digital registradas em todo o mundo ultrapassou 1,75 bilhão até o final de 2023, com mais de 156 empresas operando nesse setor na África Subsaariana.

Visitante aprende sobre serviços da China Mobile na Cúpula de Tecnologia da África em Nairóbi, Quênia, no dia 15 de fevereiro de 2023. (Xinhua/Han Xu)

DINHEIRO MÓVEL

O dinheiro móvel é a principal e mais dinâmica forma de pagamento digital na África. A África continua sendo a região com o maior e mais rápido crescimento no setor global de dinheiro móvel, de acordo com o Relatório do Estado da Indústria sobre Dinheiro Móvel 2024 divulgado pela GSMA, uma associação internacional de operadoras de telefonia móvel.

Em 2023, o número de contas de dinheiro móvel na África atingiu 856 milhões, respondendo por 49% das contas registradas no mundo todo, e 136 milhões de novas contas foram abertas, representando mais de 70% do crescimento global total.

A M-Pesa no Quênia é um caso representativo. Como uma das maiores plataformas de dinheiro móvel na África, a plataforma tornou o Quênia um líder em inclusão financeira na África Subsaariana. De acordo com dados da Autoridade de Comunicações do Quênia, em março de 2024, o número de usuários de dinheiro móvel no Quênia atingiu 38,7 milhões, representando 75% da população total. Entre eles, a M-Pesa tinha 94,9% de participação de mercado.

A M-Pesa, que significa “dinheiro móvel” em suaíli, foi lançado oficialmente pela empresa de telecomunicações do Quênia Safaricom em 2007. Desde 2012, a Huawei Technologies Co., Ltd. é parceira da operadora de telecomunicações para fornecer soluções técnicas, ajudar em atualizações de sistemas e trazer novos produtos e serviços para a África.

Com um simples smartphone, sem conexão com a Internet ou cartão bancário, os usuários podem fazer transferências, pagamentos e compras simplesmente por meio de mensagens SMS. Esse método de pagamento conveniente é muito popular localmente e evoluiu para uma plataforma integrada que oferece vários serviços financeiros, como depósitos, transferências, pagamentos, empréstimos e gestão financeira. Ele se expandiu para sete países africanos, tornando-se um serviço líder em pagamento móvel no continente.

Aplicativos de pagamento móvel como M-Pesa são amplamente difundidos na África. A Nigéria, o país mais populoso da África, com uma população de mais de 200 milhões e uma idade média de 18,1 anos, viu quase 80% das transações de pagamento em tempo real realizadas por smartphones em 2020, de acordo com a mídia local.

Na África do Sul, logotipos de plataformas de pagamento digital como SnapScan e Zapper são encontrados em todos os lugares em restaurantes, hotéis, estacionamentos e shoppings.

Sitoyo Lopokoiyit, CEO da M-Pesa Africa, fala em entrevista à Xinhua em Nairóbi, Quênia, no dia 17 de setembro de 2021. (Xinhua/Zhang Yu)

COOPERAÇÃO CHINA-ÁFRICA

No início de outubro, a PalmPay, uma das plataformas de pagamento digital emergentes na Nigéria, lançou uma nova função de código USSD que permite acesso aos serviços para usuários sem smartphones ou com problemas de conectividade com a Internet.

Chika Nwosu, diretora-administrativa da PalmPay, disse que mais nigerianos estão adotando o pagamento digital desde a última implementação da política sem dinheiro do Banco Central da Nigéria, de acordo com uma reportagem da mídia local em maio.

A jovem empresa nigeriana de pagamento móvel, financiada por investidores chineses, é uma das histórias promissoras da parceria do setor privado entre China e África. O número de usuários ativos do PalmPay aumentou cinco vezes no ano passado, chegando a 25 milhões, e a empresa planeja expandir as operações internacionais de Gana para Quênia, Uganda e Tanzânia.

Os nigerianos podem gerenciar cerca de 80% de suas vidas financeiras por meio do aplicativo PalmPay em seus smartphones, disse Nwosu, acrescentando que, no começo do ano que vem, novos recursos devem levar o número para 100%.

O sucesso do PalmPay é parcialmente atribuído à sua constante inovação de serviço. Até agora, ele desenvolveu recursos para permitir que os usuários paguem contas de energia, recarreguem créditos de telefone, comprem produtos e serviços, façam transferências bancárias e peçam e recebam fundos emprestados, entre outros.

A África viu mais soluções de pagamento digital de crescimento doméstico, como M-Pesa e PalmPay, que impulsionam a transição digital e o desenvolvimento econômico do continente com inovações personalizadas localmente, impulsionadas pela cooperação Sul-Sul, liberando o potencial de desenvolvimento de tecnologias digitais.