Tarifas protecionistas da UE sobre veículos elétricos chineses causam reação negativa da indústria e de autoridades-Xinhua

Tarifas protecionistas da UE sobre veículos elétricos chineses causam reação negativa da indústria e de autoridades

2024-11-01 10:24:14丨portuguese.xinhuanet.com

Foto tirada no dia 4 de outubro de 2024 mostra prédio da Comissão Europeia em Bruxelas, Bélgica. (Xinhua/Zhao Dingzhe)

Os críticos argumentam que as tarifas em questão podem sobrecarregar os consumidores europeus, prejudicar os laços comerciais e de investimento entre a UE e a China, dificultar a transição da Europa para um setor automotivo mais verde e, por fim, diminuir os esforços globais para mitigar as mudanças climáticas.

Bruxelas, 30 out (Xinhua) -- A Comissão Europeia anunciou na terça-feira a imposição de tarifas antissubsídios sobre veículos elétricos (EVs) fabricados na China, uma decisão que gerou muita oposição dentro da UE e das principais partes interessadas da indústria.

A partir de quarta-feira, essas tarifas permanecerão em vigor por cinco anos com taxas variáveis: 17% para a BYD, 18,8% para a Geely e 35,3% para a SAIC, entre as principais montadoras da China.

Outras empresas que cooperaram na investigação estarão sujeitas a uma taxa de 20,7%, enquanto empresas que não cooperam incorrerão na taxa máxima de 35,3%, de acordo com a declaração da comissão.

Apesar dessa decisão, a Comissão Europeia observou que a UE e a China ainda estão buscando medidas alternativas dentro das diretrizes da OMC para abordar preocupações comerciais.

A decisão gerou descontentamento generalizado entre os estados-membros da UE e as partes interessadas da indústria. Os críticos argumentam que essas tarifas podem sobrecarregar os consumidores europeus, prejudicar os laços comerciais e de investimento entre a UE e a China, dificultar a transição da Europa para um setor automotivo mais verde e, por fim, diminuir os esforços globais para mitigar as mudanças climáticas.

O Ministério da Economia da Alemanha reafirmou o compromisso com "mercados abertos", ressaltando a dependência do país nas redes de comércio global e pedindo negociações contínuas com a China para aliviar as tensões e, ao mesmo tempo, proteger as indústrias da UE.

A Eslováquia, uma voz dissidente na votação de outubro, se opôs ao aumento das tarifas. O primeiro-ministro, Robert Fico, observou que a China está "20 anos à nossa frente em questão de veículos elétricos", alertando que barreiras comerciais mais elevadas podem, em última análise, prejudicar mais a Europa do que a China.

Visitante testa veículo na cerimônia de inauguração do centro técnico e de vendas da Dongfeng em Kamnik Pod Krimom, Eslovênia, no dia 23 de outubro de 2024. (Foto por Zeljko Stevanic/Xinhua)

Os líderes da indústria automotiva têm as mesmas preocupações. Hildegard Muller, presidente da Associação Alemã da Indústria Automotiva, criticou as tarifas como um "passo para trás no livre comércio global", alertando sobre potenciais perdas de empregos, crescimento econômico atrofiado e enfraquecimento da prosperidade do mercado, além de novas disputas comerciais.

"A porta para negociações continua aberta. Essa é a única notícia positiva hoje", disse ela, pedindo esforços sustentados em direção a negociações abertas.

As principais montadoras europeias, incluindo Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz, mostraram uma posição unificada contra as tarifas, defendendo mercados abertos que apoiam a concorrência justa.

O CEO da BMW, Oliver Zipse, alertou que as tarifas poderiam "prejudicar o modelo de negócios de empresas globalmente ativas, limitar o fornecimento de carros elétricos para clientes europeus e, assim, desacelerar a descarbonização no setor de transporte".

Michael Schumann, presidente do Conselho da Associação Federal Alemã para o Desenvolvimento Econômico e Comércio Exterior, criticou as tarifas como contraproducentes, argumentando que elas contradizem os objetivos da Europa de promover a mobilidade elétrica e avançar a proteção climática.

"A transição para a mobilidade elétrica é um pilar da proteção climática, e precisamos apoiar e avançar essa transição", disse Schumann à Xinhua.

Pessoas visitam pavilhão da montadora chinesa Leapmotor no Paris Motor Show de 2024 no dia de mídia em Paris, França, em 14 de outubro de 2024. (Xinhua/Gao Jing)

Especialistas também opinaram, destacando influências geopolíticas mais amplas. Boyan Chukov, ex-assessor de política externa do primeiro-ministro da Bulgária, argumentou que os Estados Unidos estão alavancando a UE em sua competição econômica com a China.

"A China é um dos países mais compatíveis com as regulamentações ambientais. Nesse sentido, é um exemplo para outros países seguirem", disse ele, acrescentando que as tarifas adicionais são motivadas por "imperativos políticos".

Liang Guoyong, economista sênior da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, descreveu as tarifas da UE como "contraproducentes".

Ele observou que medidas comerciais protetivas e restritivas sobre produtos verdes, como veículos elétricos, entram em conflito com os esforços globais para reduzir as emissões de carbono e podem aumentar os custos para os consumidores europeus.

"Impor essas tarifas apenas prejudicaria os interesses econômicos dos importadores e exportadores e ameaçaria o progresso das mudanças climáticas globais", alertou Liang.

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