Lima, 16 nov (Xinhua) -- Na tarde de 16 de novembro, no horário local, o Presidente Xi Jinping se encontrou com o Presidente dos EUA, Joe Biden, em Lima.
O Presidente Xi Jinping apontou que, nos últimos quatro anos, as relações entre a China e os EUA passaram por altos e baixos, mas registraram diálogos e cooperação e permaneceram estáveis no geral. Sob a condução dos dois presidentes, as equipes trabalharam em consultas e definiram vários princípios guias para as relações entre os dois países. Os dois presidentes trouxeram, juntos, o diálogo e a cooperação China-EUA de volta aos trilhos. Mais de 20 mecanismos de comunicação foram reiniciados ou estabelecidos, com conquistas positivas em áreas como diplomacia, segurança, economia, comércio, assuntos fiscais, finanças, assuntos militares, combate às drogas, aplicação da lei, agricultura, mudanças climáticas e intercâmbio entre os povos.
O Presidente Xi ressaltou que vale revisar as experiências dos últimos quatro anos e tirar inspirações delas. Ele listou os seguintes pontos:
Primeiro, é importante ter uma percepção estratégica correta. A "armadilha de Tucídides" não é uma inevitabilidade histórica. Uma nova Guerra Fria não deve ser travada e não pode ser vencida. Conter a China não é sábio, nem é aceitável e é fadado ao fracasso.
Segundo, é importante que palavras e ações sejam consistentes. Uma pessoa não pode se estabelecer sem credibilidade. A China sempre cumpriu suas palavras. Se o lado dos EUA sempre diz uma coisa e faz outra, isso prejudica sua própria imagem e mina a confiança entre a China e os Estados Unidos.
Terceiro, é importante tratar-se mutuamente como iguais. Sendo dois países importantes, nem a China, nem os Estados Unidos devem buscar remodelar o outro de acordo com sua própria vontade, nem suprimir o outro a partir da chamada "posição de força" ou privar o outro do legítimo direito ao desenvolvimento para manter a própria posição de liderança.
Quarto, é importante não desafiar linhas vermelhas e princípios fundamentais. Contradições e diferenças entre dois grandes países como China e Estados Unidos são inevitáveis. Mas nenhuma das partes deve prejudicar os interesses vitais da outra, muito menos buscar conflito ou confrontação. O princípio de uma só China e os três comunicados conjuntos China-EUA são a base política das relações entre os dois países. Eles têm que ser observados. A questão de Taiwan, a democracia e os direitos humanos, o caminho e o sistema da China, bem como o direito ao desenvolvimento da China são quatro linhas vermelhas para a China, e não podem ser desafiadas. Estas são as balaustradas e grades mais importantes para as relações China-EUA.
Quinto, é importante conduzir mais diálogos e cooperação. Nas circunstâncias atuais, os interesses comuns entre a China e os Estados Unidos estão se expandindo, em vez de se diminuindo. Sua cooperação é crucial não apenas para economia, comércio, agricultura, combate às drogas, aplicação da lei e saúde pública, mas também para enfrentar desafios globais como mudanças climáticas e inteligência artificial (IA), além de abordar questões internacionais candentes. As duas partes devem expandir a lista e conduzir uma maior cooperação, para alcançar resultados de ganhos compartilhados.
Sexto, é importante responder às expectativas dos povos. As relações China-EUA devem sempre promover o bem-estar dos dois povos e aproximá-los. Para facilitar o intercâmbio de pessoas e culturais, as duas partes precisam construir pontes, nivelar caminhos, e remover distrações e obstáculos, abstendo-se de movimentos que possam ter um efeito de amedrontador (chilling effect).
Sétimo, é importante assumir as responsabilidades de grandes países. A China e os Estados Unidos devem sempre ter em mente o futuro da humanidade e suas responsabilidades pela paz mundial, fornecer bens públicos para o mundo e agir em uma maneira conducente à unidade global, incluindo levar a cabo interações construtivas, abster-se de atrito mútuo e não coagir outros países a tomar partido.
O Presidente Xi enfatizou que a trajetória das relações China-EUA provou a validade dessas experiências e inspirações dos últimos 45 anos de laços diplomáticos. Quando os dois países se tratam como parceiros e buscam terreno comum enquanto deixam de lado as diferenças, suas relações avançam consideravelmente. Porém, se os dois se considerem rivais ou adversários, procurem competição viciosa e busquem prejudicar um ao outro, o seu relacionamento é perturbado ou até regride.
A humanidade enfrenta desafios sem precedentes neste mundo turbulento que sofre conflitos frequentes. A competição entre grandes países não deve ser a lógica subjacente dos tempos; somente a solidariedade e a cooperação podem ajudar a humanidade a superar as dificuldades atuais. Nem o desacoplamento, nem a interrupção da cadeia de suprimentos é a solução; desenvolvimento comum somente pode ser alcançado através de cooperação mutuamente benéfica. "Quintal pequeno, muros altos" não é o que um grande país deve buscar; somente a abertura e o compartilhamento podem promover o bem-estar da humanidade. Um relacionamento China-EUA estável é crítico não apenas para os interesses dos povos chinês e estadunidense, mas também para o futuro e o destino de toda a humanidade. Os dois países devem continuar explorando o caminho certo para que os dois grandes países se deem bem um com o outro e realizem a coexistência pacífica de longo prazo neste planeta, e injetar mais certeza e energia positiva no mundo turbulento.
O Presidente Xi destacou que a meta da China de ter um relacionamento estável, saudável e sustentável China-EUA permanece inalterada. Seu compromisso com o respeito mútuo, a coexistência pacífica e a cooperação de ganhos compartilhados como princípios para tratar as relações China-EUA permanece inalterado. Sua posição de salvaguardar firmemente a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento da China permanece inalterada. Seu desejo de levar adiante a amizade tradicional entre os povos chinês e estadunidense permanece inalterado. A China está pronta para engajar-se em diálogo, expandir a cooperação e gerenciar as diferenças com os Estados Unidos para sustentar o ímpeto para a estabilidade das relações China-EUA, o qual foi dificilmente conquistado.
O Presidente Xi declarou as posições da China sobre Taiwan, laços econômicos e comerciais, ciência e tecnologia, cibersegurança, o Mar do Sul da China, a crise na Ucrânia e a Península Coreana.
O Presidente Xi destacou que paz e estabilidade no estreito de Taiwan e as atividades separatistas da "independência de Taiwan" são irreconciliáveis como água e fogo. Se o lado dos EUA se preocupa com a manutenção da paz no estreito de Taiwan, é crucial que veja claramente a verdadeira natureza de Lai Ching-te e das autoridades do Partido Democrático Progressista (DPP na sigla inglês) na busca pela "independência de Taiwan", trate a questão de Taiwan com extrema prudência, oponha-se inequivocamente à "independência de Taiwan" e apoie a reunificação pacífica da China.
O direito do povo chinês ao desenvolvimento não deve ser privado ou ignorado. Embora todos os países precisem proteger sua segurança nacional, eles não devem exagerar no conceito de segurança nacional, muito menos usá-lo como pretexto para ações maliciosas para conter e restringir outros países.
Não há evidências que sustentem a alegação irracional dos chamados "ciberataques oriundos da China". A própria China é alvo de ciberataques internacionais, se opõe consistentemente e combate ciberataques em todas as suas formas.
A China defende firmemente seu território, soberania e direitos e interesses marítimos no Mar do Sul da China. O diálogo e a consulta entre os estados envolvidos são sempre a melhor forma de gerir as diferenças no Mar do Sul da China. Os Estados Unidos não devem se envolver em disputas bilaterais sobre as ilhas e recifes relevantes do Arquipélago de Nansha, nem devem ajudar ou incentivar provocações.
A posição e as ações da China sobre a questão da Ucrânia sempre foram imparciais e equilibradas. A China tem conduzido diplomacia de vaivém e mediação para promover negociações para paz, faz todo o esforço pela paz e busca a desescalada. A China não permite que conflitos e tumultos ocorram na Península Coreana, e não ficará de braços cruzados quando seus interesses de segurança estratégica e interesses vitais estiverem ameaçados.
O Presidente Biden afirmou que o relacionamento entre os EUA e a China é o mais importante do mundo, não apenas para os dois povos, mas também para o futuro do mundo. Ambos os governos têm a responsabilidade para com seus povos e o mundo de garantir que a competição não se transforme em conflito. Nos últimos quatro anos, as duas partes trabalharam juntas para reconstruir canais de comunicação. As equipes diplomáticas e de segurança mantiveram frequentes comunicações estratégicas e tiveram diálogos francos e profundos, o que ajudou as duas partes a entenderem melhor uma à outra. Especialmente desde a reunião em São Francisco, há um ano, as duas partes obtiveram progressos tangíveis tanto em relações militares, como no intercâmbio sobre combate às drogas, aplicação da lei, IA, mudanças climáticas e entre os povos.
As duas partes trocaram apoios sobre respectivas candidaturas à sediação das reuniões da APEC e do G20, ambas em 2026. Isso demonstra o que podemos fazer pelos dois povos quando trabalhamos juntos. Os Estados Unidos não buscam uma nova Guerra Fria, não buscam mudar o sistema da China, suas alianças não têm como alvo a China, não apoiam a "independência de Taiwan", não buscam conflito com a China e não veem sua política em relação a Taiwan como uma maneira de competir com a China. O lado dos EUA está comprometido com a política de uma só China. Os Estados Unidos estão preparados para reforçar a comunicação e o diálogo com a China durante o período de transição para ter uma melhor percepção mútua e gerenciar de forma responsável as diferenças.
Os dois presidentes reiteraram os sete pontos de entendimento comum sobre os princípios guias para as relações China-EUA, isto é, tratar-se mutuamente com respeito, encontrar uma maneira de viver lado a lado pacificamente, manter canais de comunicação abertos, prevenir conflitos, defender a Carta das Nações Unidas, cooperar nas áreas de interesse comum e gerenciar de forma responsável os aspectos competitivos do relacionamento. As duas partes estão prontas para manter esses princípios, continuar estabilizando as relações China-EUA e garantir uma transição suave do relacionamento.
Os dois presidentes falaram positivamente sobre o papel importante da comunicação estratégica entre a China e os EUA, o contato regular entre as equipes diplomáticas e da segurança, e os mecanismos de diálogo em relações militares, laços econômicos e comerciais e questões financeiras. Concordaram em manter o ímpeto da comunicação e fortalecer a coordenação das políticas macroeconômicas. Os dois presidentes revisaram o progresso importante no diálogo e na cooperação no combate às drogas, mudanças climáticas, IA e intercâmbio entre os povos desde a reunião em São Francisco.
Os dois presidentes acreditaram que as duas partes tiveram um diálogo franco e construtivo sobre a IA. As duas partes co-patrocinaram as resoluções uma da outra na Assembleia Geral da ONU sobre IA. Afirmaram a necessidade de aprimorar a cooperação internacional e promover a IA para o bem para todos. Os dois presidentes enfatizaram a disposição de manter o controle humano sobre a decisão de usar armas nucleares.
Os dois presidentes acreditaram que a reunião foi franca, profunda e construtiva, e expressaram disposição de manter contato.
Cai Qi e Wang Yi participaram da reunião.