Comentário: Comunidade de futuro compartilhado China-Brasil: um novo ponto de partida para os próximos "50 anos dourados"-Xinhua

Comentário: Comunidade de futuro compartilhado China-Brasil: um novo ponto de partida para os próximos "50 anos dourados"

2024-11-22 18:38:15丨portuguese.xinhuanet.com

Por Xun Wei

Beijing, 22 nov (Xinhua) -- A China e o Brasil anunciaram a elevação dos laços bilaterais da "parceria estratégica abrangente" para uma "Comunidade de Futuro Compartilhado China-Brasil por um Mundo mais Justo e um Planeta mais Sustentável". Sendo os maiores países em desenvolvimento e importantes economias de mercado emergentes em suas respectivas regiões, os dois estão num novo ponto de partida para abrir os próximos "50 anos dourados".

O ato ocorreu durante uma visita de Estado do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil, no momento em que os dois grandes países em desenvolvimento comemoram cinco décadas de relações diplomáticas. A visita é avaliada pelos dois lados como um marco histórico na elevação do nível estratégico das relações sino-brasileiras.

A elevação da parceria e o compromisso dos dois líderes de alinhar a Iniciativa Cinturão e Rota (ICR), proposta pela China, com as estratégias de desenvolvimento do Brasil marca que as relações sino-brasileiras entraram numa nova fase histórica. Esta é a primeira vez que a relação entre os dois países se posiciona desta forma nas relações exteriores da China, o que reflete plenamente a natureza estratégica, inovadora e de liderança das relações China-Brasil.

A China está pronta para trabalhar com o Brasil como "parceiros de ouro" que ajudam um ao outro a conseguir sucesso, disse o presidente chinês em uma reunião com Lula, acrescentando que a China está pronta para trabalhar com o Brasil para substanciar constantemente as relações China-Brasil com conteúdo da nova era e continuar trabalhando para o objetivo de construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade e criar um mundo mais justo e um planeta mais sustentável.

A China e o Brasil não têm conflitos geopolíticos nem disputas de interesses. As suas economias são altamente complementares e os seus interesses estão profundamente interligados. As posições semelhantes deles sobre questões internacionais e regionais representam um ativo estratégico valioso e um interesse comum.

Durante 50 anos, a China e o Brasil têm perseguido uma relação baseada numa visão compartilhada de desenvolvimento mútuo, vendo o progresso um do outro como uma oportunidade para o seu próprio crescimento. As relações dos dois países têm resistido às rápidas mudanças e marcadas turbulências no contexto internacional e mantêm desenvolvimento constante e positivo.

O Brasil tornou-se, em 1993, pioneiro ao estabelecer uma Parceria Estratégica com a China. Em 2004, foi um dos primeiros países a reconhecer a China como economia de mercado e, em 2012, foi o primeiro país da América Latina e Caribe a estabelecer uma Parceria Estratégica Global.

Esta parceria, impulsionada por um compromisso de cooperação prática, não só alcançou saltos notáveis na cooperação econômica, mas também forneceu um apoio substancial aos esforços de modernização de ambas as nações.

Deve-se mencionar outro destaque que aconteceu na área econômica e comercial: o valor do comércio bilateral foi o primeiro a ultrapassar US$ 100 bilhões entre a China e um país latino-americano. De fato, a cooperação China-Brasil no setor econômico e comercial é uma parte de grande importância da parceria estratégica abrangente entre os dois países, sendo a "pedra de lastro" nas relações bilaterais.

Após meio século de desenvolvimento, a cooperação econômica e comercial apresentou um excelente "boletim de notas". Quando os dois países estabeleceram relações diplomáticas em 1974, o valor do comércio bilateral era de apenas US$ 17,4 milhões. Em 2023, esse valor atingiu US$ 181,53 bilhões, segundo alfândegas chinesas. A partir de 2009, a China tornou-se, e por muitos anos seguidos, o maior parceiro comercial do Brasil e um importante país de origem de investimentos no Brasil, enquanto o Brasil é atualmente o maior parceiro comercial da China na América Latina, com entrada de cada vez mais produtos agrícolas brasileiros de qualidade no mercado chinês. De acordo com o Ministério da Agricultura e dos Assuntos Rurais da China, o Brasil continuou a ser o maior país de origem dos principais produtos agrícolas importados pela China em 2023.

Nos últimos anos, o "boletim de notas" registrou mais uma novidade -- os veículos de nova energia de marcas chinesas, que estão sendo cada vez mais procurados pelos consumidores brasileiros devido ao ótimo custo-benefício. Segundo os dados da Associação Chinesa de Fabricantes de Veículos Automotores, no período de janeiro a maio deste ano, o Brasil foi o maior país destino de exportações de veículos de passageiros de nova energia da China.

Além dos carros elétricos, a presença chinesa no Brasil traz benefícios tangíveis constantes para a população brasileira, com participação vigorosa de empresas chinesas em grandes projetos de infraestrutura no país, como obras de linhas de transmissão de energia elétrica de alta tensão, de gasodutos e nos portos. Até hoje, a fase II do projeto de transmissão de corrente contínua de ultra-alta tensão da usina de Belo Monte no Brasil, construída e operada pela State Grid Corporation of China e com investimento chinês, transportou energia hidrelétrica a mais de 22 milhões de pessoas no sudeste do país, o equivalente a 10% da população total brasileira. Em agosto de 2023, a COFCO Internacional iniciou a construção do projeto de expansão do terminal STS11 do Porto de Santos. A COFCO Internacional é da COFCO Corporation, que é uma das maiores companhias agrícolas e de alimentos da China. Após a conclusão da expansão, o terminal será um dos maiores terminais no Porto de Santos. Na cerimônia de início das obras, autoridades locais disseram que o projeto ajudará a realizar o sonho dos moradores locais de revitalização do antigo terminal e criará mais empregos locais.

Ao longo desses 50 anos, também foram destacadas cooperações China-Brasil nos campos financeiro, aeroespacial, de tecnologia da informação e de biotecnologia. No início de 2023, os dois países assinaram um memorando de cooperação para estabelecer acordos de liquidação de renminbi (RMB, moeda chinesa) no Brasil, dando incentivo ao uso de moedas locais para a liquidação no comércio bilateral. Em setembro do mesmo ano, os dois países concluíram um acordo comercial em suas moedas locais pela primeira vez, com transações financiadas e liquidadas em RMB e convertidas diretamente em reais. Na área aeroespacial, o projeto de cooperação sino-brasileiro em satélites de recursos terrestres é conhecido como um modelo da "cooperação Sul-Sul". O Brasil também é o país latino-americano que conta com o maior número de laboratórios conjuntos co-estabelecidos com a China.

A cooperação sino-brasileira será reforçada ainda mais pelo compromisso dos líderes de alinhar a Iniciativa Cinturão e Rota (ICR), proposta pela China, com as estratégias de desenvolvimento do Brasil.

Essas estratégias visam modernizar a infraestrutura do Brasil e fortalecer a conectividade regional, objetivos que ecoam a missão da ICR de melhorar o comércio e o desenvolvimento globais por meio de infraestrutura compartilhada.

Os dois lados devem aprofundar a cooperação em áreas prioritárias, como economia e comércio, finanças, ciência e tecnologia, infraestrutura e proteção ambiental, e fortalecer a cooperação em áreas emergentes, como transição energética, economia digital, inteligência artificial e mineração ecológica.

A vinculação das estratégias de desenvolvimento do Brasil com a ICR trará mais oportunidades novas para melhorar e aprimorar a cooperação entre os dois países, avaliou Mayara Araujo, pesquisadora da Universidade Federal Fluminense do Brasil.

Os intercâmbios culturais entre a China e o Brasil também prosperaram, fortalecendo a amizade entre seus povos. As duas partes realizarão o Ano Cultural China-Brasil em 2026, em seguimento à bem-sucedida série de eventos culturais realizados por ocasião da celebração do cinquentenário das relações diplomáticas.

Depois de superar vários desafios ao longo do último meio século, as relações China-Brasil ganharam importância estratégica significativa e influência global. A força geral de seu relacionamento se tornou cada vez mais evidente.

Em um mundo em rápida mudança, a China e o Brasil estão fortalecendo a cooperação estratégica dentro de estruturas multilaterais como a ONU, G20, BRICS e a OMC para amplificar as vozes dos países em desenvolvimento e salvaguardar os interesses dos mercados emergentes. Seu consenso conjunto de seis pontos sobre a questão da Ucrânia ganhou o reconhecimento de um número crescente de países.

Sob a orientação estratégica dos dois chefes de Estado e a coordenação efetiva da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), as relações entre os dois países entraram no melhor momento da história e a sua natureza estratégica, mutuamente benéfica e abrangente é cada vez mais destacada, dando um exemplo de relacionamento do Sul Global e entre os grandes países em desenvolvimento.

Disse o rei Pelé que o gol mais bonito é sempre o próximo. Da mesma maneira, o capítulo mais maravilhoso das relações China-Brasil também está por vir.

Em meio a mudanças profundas nunca vistas em um século, a razão pela qual as relações China-Brasil se tornaram um modelo de cooperação ganha-ganha e um futuro compartilhado para os principais países em desenvolvimento é que os dois países têm interesses comuns altamente integrados e alcançaram resultados mutuamente benéficos, o que são a essência chave de uma comunidade com um futuro compartilhado.

Estando em uma importante conjuntura histórica de herdar as conquistas passadas e seguir em frente, a China e o Brasil juntos podem pavimentar o caminho para os próximos "50 anos dourados" de amizade e cooperação. 

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