Expositora tira selfie no Pavilhão da China durante a 7ª edição da Exposição Internacional de Importação da China (CIIE) em Shanghai, leste da China, no dia 7 de novembro de 2024. (Xinhua/Wang Xiang)
A abordagem da China oferece uma resposta convincente às reclamações sobre as "perdas" na globalização: a solução está em uma globalização mais inclusiva que beneficie a todos, em vez da desglobalização, que só aumenta as divisões.
Por Xin Ping
À medida que o debate em torno da globalização e da desglobalização esquenta novamente após a eleição presidencial dos EUA em 2024, o mundo parece estar em uma encruzilhada.
Economias emergentes e países em desenvolvimento defendem amplamente o comércio aberto e a globalização econômica, destacando os méritos do livre fluxo de commodities e capital, além de seu forte ímpeto ao crescimento econômico mundial.
Em contraste, alguns países desenvolvidos estão mais voltados para dentro, falando mais sobre "perdas" na globalização e adotando mais tarifas e restrições comerciais em nome da proteção de indústrias e empregos nacionais. Para buscar respostas, agora o mundo está olhando mais para o Oriente.
GOVERNANÇA ECONÔMICA GLOBAL "FRACASSADA"
A economia global está enfrentando mais desafios: conflitos geopolíticos intensificados, atrito comercial crescente, desacelerações e quedas da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e flutuações no mercado financeiro global. Muitas pessoas ao redor do mundo se perguntam a mesma coisa: a governança global ainda é viável?
Em 2016, o mundo viu uma virada brusca para a desglobalização desencadeada pelos Estados Unidos. Ela vem com uma característica nítida: agir de forma seletiva e utilitária. Essa reação imediatamente leva a um "terremoto" nos níveis nacional, regional e internacional, interrompendo as instituições de governança global existentes, desenvolvimento, comércio, investimento e até mesmo trocas interpessoais.
A economia global, o comércio e o investimento são os primeiros afetados. Nos últimos anos, os Estados Unidos lançaram guerras comerciais contra a União Europeia, o Canadá, a China e alguns outros países e impuseram tarifas sobre produtos importados para os Estados Unidos. O relatório Alerta Comercial Global divulgado pelo Centro Britânico de Pesquisa de Política Econômica (CEPR, na sigla em inglês) em julho de 2017 mostrou que os Estados Unidos introduziram um total acumulado de 1.191 restrições comerciais e de investimento após a crise financeira, 462 a mais do que o segundo país do ranking, a Índia.
Além disso, a política de desglobalização dos Estados Unidos é amplamente considerada um desafio definidor para a governança global, marcada por "adeus" às organizações internacionais. Desde 2016, os Estados Unidos se retiraram de várias organizações internacionais e acordos internacionais multilaterais, incluindo o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), a Parceria Transpacífica (TPP), o Pacto Global sobre Migração e o Acordo de Paris, citando apenas alguns. As retiradas desencadearam preocupações generalizadas de que a comunidade global está mais fragmentada e dividida do que nunca. Como o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou no encerramento da 78ª sessão da Assembleia Geral da ONU, "as Nações Unidas e o próprio sistema multilateral são tão eficazes quanto o comprometimento dos estados-membros com ele".
A reação corrói a confiança das pessoas. As medidas protecionistas dos Estados Unidos causam turbulência nos padrões de comércio global, bloqueiam o livre fluxo de bens internacionais e aumentam os preços em vez de baixá-los. As pessoas nos Estados Unidos não têm escolha a não ser ganhar a vida sob a pressão dos preços exorbitantes dos bens. Adam Posen, presidente do Instituto Peterson de Economia Internacional, mencionou que "a abordagem dos EUA às tarifas e ao protecionismo corre o risco de minar a própria abertura econômica que antes tornava o país um líder no comércio global".
PREENCHENDO A PEÇA QUE FALTA
A China há muito é definida e apreciada como uma firme apoiadora da globalização. No Fórum Econômico Mundial de 2017 em Davos, o presidente chinês Xi Jinping disse: "Buscar o protecionismo é como se trancar em um quarto escuro. Embora o vento e a chuva fiquem do lado de fora, esse quarto escuro também bloqueará a luz e o ar". Essa comparação repercutiu em públicos globais, posicionando a China como uma campeã do comércio aberto e sinalizando seu comprometimento com ele.
Com seu crescente desenvolvimento e crescente estatura internacional, agora a China está desempenhando um papel construtivo no enfrentamento dos desafios globais por meio da expansão da cooperação e das parcerias. Desde o lançamento da Iniciativa Cinturão e Rota (ICR) em 2013, a China promoveu uma rede de cooperação econômica, conectando a Ásia com a África, Europa e além por meio de esforços conjuntos de todos os países parceiros. Para os países parceiros da China, a ICR representa uma oportunidade para investimento em infraestrutura e crescimento econômico. A Iniciativa de Desenvolvimento Global (IDG), proposta por Xi em 2021, ganhou apoio de mais de 100 países, e mais de 80 países se juntaram ao Grupo de Amigos do IDG.
Foto tirada em 14 de novembro de 2024 mostra vista do Porto de Chancay no Peru. O Porto de Chancay não é só um projeto importante na cooperação do Cinturão e Rota, mas também o primeiro porto inteligente e verde da América do Sul. (Xinhua/Li Mengxin)
O papel da China na governança econômica global, especialmente no G20, ficou cada vez mais importante. O G20 é definido como o fórum premium para governança econômica global. A Cúpula do G20 de Hangzhou de 2016 colocou as questões de desenvolvimento em uma posição de destaque na estrutura de macropolítica global pela primeira vez, sendo um marco na participação da China no sistema de governança global. Oito anos depois, o legado da Cúpula do G20 de Hangzhou continua brilhando. Na Cúpula do G20 no Rio de Janeiro deste ano, a China defendeu uma globalização econômica universalmente benéfica e inclusiva, emergindo novamente como uma campeã do multilateralismo e da globalização.
Economistas e políticos internacionais tomaram nota das abordagens contrastantes dos Estados Unidos e da China. Pascal Lamy, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), disse que "a abordagem da China à globalização, apesar dos desafios, se alinha mais com as tendências de interdependência econômica que moldaram o século 21". Lamy e alguns outros também argumentam que a estratégia proativa da China permite que ela participe mais construtivamente da governança global e aumente sua influência no cenário mundial.
O CAMINHO A SEGUIR
A abordagem da China oferece uma resposta convincente às reclamações sobre as "perdas" da globalização: a solução está em uma globalização mais inclusiva que beneficie a todos, em vez da desglobalização, que apenas aumenta as divisões. Conforme apontado por Harold James, professor de história e relações internacionais na Universidade de Princeton, "a história sugere que o caminho para domar a inflação é por meio de mais comércio internacional, não menos".
Afinal, fechar a porta para o mundo significa se isolar. Na era da globalização, nenhum país pode viver sem interdependência e interconectividade. A história provou e provará isso repetidamente.
Nota da edição: O autor é comentarista de assuntos internacionais e escreve regularmente para a Agência de Notícias Xinhua, CGTN, Global Times, China Daily, etc. E-mail de contato: xinping604@gmail.com.
As opiniões expressas neste artigo são da autoria e não refletem necessariamente as posições da Agência de Notícias Xinhua.