* Nas últimas décadas, a China tirou 800 milhões de pessoas da pobreza, atingindo as metas de redução da pobreza da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável uma década antes do previsto.
* Essa conquista histórica resolveu o problema da pobreza absoluta que a China enfrentou durante milênios e dá esperança e inspiração para outros países em sua luta contra a pobreza.
* "Conseguiu a China, conseguem os outros países em desenvolvimento", disse Xi ao mundo.
Por Gao Wencheng
Beijing, 8 dez (Xinhua) -- "O alívio da pobreza é sempre uma prioridade e uma grande tarefa que estou determinado a completar", refletiu o presidente chinês Xi Jinping sobre seus anos de esforço na redução da pobreza ao participar da cúpula do G20 no Rio de Janeiro no mês passado.
Falando aos líderes mundiais na reunião do G20, Xi comparou a luta contra a pobreza à luta de um pássaro para voar, dizendo: "Um pássaro mais fraco pode começar cedo e voar alto". Essa metáfora repercutiu em muitos países em desenvolvimento.
Nas últimas décadas, a China tirou 800 milhões de pessoas da pobreza, atingindo as metas de redução da pobreza da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável uma década antes do previsto. Essa conquista histórica resolveu o problema da pobreza absoluta que a China enfrentou durante milênios e dá esperança e inspiração para outros países em sua luta contra a pobreza.
ABORDAGEM CENTRADA NAS PESSOAS
Para acabar com a pobreza, a "última milha" - alcançar os indivíduos mais desfavorecidos em regiões remotas, muitas vezes sobrecarregados por deficiências, doenças ou falta de educação - é o maior desafio. À medida que as taxas de pobreza diminuem e a pobreza extrema vem à tona, a utilidade das intervenções de mesmo nível diminuiria e, portanto, muitos governos reduziriam o financiamento.
No entanto, na "última milha" da luta chinesa contra a pobreza, a China manteve e até aumentou seu financiamento para o alívio da pobreza, garantindo que nenhuma região ou indivíduo fosse deixado para trás, disse Cai Fang, especialista chefe do Think Tank Nacional da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Em um período de oito anos, iniciado em 2012, a China tirou uma média de mais de 10 milhões de pessoas da pobreza por ano, o que equivale à população de um país de médio porte. Essa conquista equivale a uma pessoa saindo da pobreza a cada três segundos.
"Somente adotando uma filosofia de desenvolvimento centrada nas pessoas como epistemologia fundamental é possível realizar esforços inabaláveis de redução da pobreza", disse Cai.
A abordagem de um governo em relação à pobreza é amplamente vista como um reflexo de suas prioridades e do relacionamento com seu povo. Como o acadêmico polonês Jan Rowinski observou certa vez, os esforços de redução da pobreza da China destacam um modelo de governança profundamente enraizado na responsabilidade, na execução e na crença de que o bem-estar de seu povo é fundamental.
ESFORÇOS PERSISTENTES
Depois de se tornar o líder máximo da China, Xi lançou uma campanha nacional histórica contra a pobreza extrema. Nos oito anos seguintes, até declarar a "vitória completa" da China em sua luta contra a pobreza em 2021, Xi visitou todas as 14 áreas contíguas de extrema pobreza em todo o país e mais de 20 aldeias pobres, e se sentou nas casas de famílias empobrecidas para conhecer suas dificuldades e ouvir suas necessidades. A presidente peruana, Dina Boluarte, elogiou a liderança de Xi como um modelo para superar a pobreza extrema e construir a força nacional.
A China, sob a liderança de Xi, tem consistentemente feito da erradicação da pobreza uma prioridade fundamental na governança nacional. Esse compromisso inabalável, descrito por Xi como a "resiliência, perseverança e espírito de luta, que permite que água mole fure pedra dura e que planejamentos possam ser tornados em realidade", garantiu a continuidade da política e o sucesso em longo prazo.
A conquista da China destaca "a importância do compromisso político em todos os níveis de governo e da estabilidade das políticas para melhorar as condições dos mais pobres e mais vulneráveis", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, em suas felicitações a Xi quando a China declarou vitória sobre a pobreza extrema em 2021.
MÉTODOS ORIENTADOS PARA PROGRESSO
Em 2013, durante uma visita à Aldeia de Shibadong, na Província de Hunan, Xi apresentou o conceito de "alívio direcionado da pobreza". Essa abordagem adaptava as soluções à situação específica de cada região, família e indivíduo, de modo a garantir medidas precisas e eficazes.
Onze anos depois, há apenas um mês, a aldeia foi reconhecida como uma das "Melhores Aldeias Turísticas" da Organização Mundial de Turismo da ONU, marcando sua notável transformação de uma aldeia isolada em uma comunidade próspera e vibrante.
O sucesso da estratégia da China tem sido altamente considerado pelos líderes de muitos países em desenvolvimento. Por exemplo, em 2018, Bounnhang Vorachith, então secretário-geral do Comitê Central do Partido Revolucionário do Povo do Laos e presidente do Laos, visitou Shibadong para conhecer seus esforços de redução da pobreza. O presidente do Uzbequistão, Shavkat Mirziyoyev, escreveu o prefácio da edição uzbeque do livro de Xi "Sair da Pobreza", destacando "a experiência prática da China no alívio da pobreza".
Além disso, diplomatas de 11 países visitaram a Aldeia de Huamao, na Província de Guizhou, no sudoeste da China, para conhecer sua abordagem inovadora de integração da agricultura e do turismo.
A China canalizou talentos, fundos e tecnologia para regiões subdesenvolvidas, promovendo o crescimento industrial e atualizações de infraestrutura adaptadas às condições locais. Essa abordagem voltada para o progresso explica parcialmente por que o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva saudou a China como um modelo de desenvolvimento impressionante.
PROSPERIDADE PARA TODOS
O drama de TV chinês "Vila de Minning" cativou o público em toda a África e em outras partes do Sul Global. Ambientada na Região Autônoma da Etnia Hui de Ningxia, no noroeste da China, desde a década de 1990 até os dias de hoje, a produção mostra como os moradores de Xihaigu, uma das áreas mais inabitáveis da China, venceram a miséria com a ajuda da província costeira de Fujian.
Xihaigu já foi considerada "o lugar mais impróprio para assentamento humano" por especialistas da ONU devido à seca e à fragilidade ecológica. Em 1997, Xi, na época vice-secretário do Comitê Provincial de Fujian do Partido Comunista da China, visitou Xihaigu como parte de uma iniciativa de redução da pobreza entre Fujian e Ningxia. Preocupado com as condições de vida precárias da população local, ele promoveu um projeto de realocação, transferindo as comunidades de Xihaigu para uma área mais fértil ao longo do Rio Amarelo. O novo assentamento é chamado de "Aldeia de Minning".
Hoje, a Aldeia de Minning cresceu e se tornou a Vila de Minning, com a renda per capita dos residentes aumentando cerca de 20 vezes em duas décadas.
Em todo o país, o Programa de Emparelhamento Leste-Oeste da China transfere recursos, conhecimento especializado e financiamento das regiões desenvolvidas do leste para as áreas menos desenvolvidas do oeste, reduzindo as disparidades regionais. Os especialistas acreditam que a redução da pobreza na China, com base na meta de prosperidade comum, é uma abordagem racional para o desenvolvimento econômico.
PARCERIAS PARA DESENVOLVIMENTO
"Conseguiu a China, conseguem os outros países em desenvolvimento", disse Xi ao mundo, acrescentando que ‘A China está pronta a dar passos junto com todas as partes para construir um mundo justo de desenvolvimento comum, deixar a pobreza no passado e transformar a nossa visão em realidade’.
Ao mesmo tempo em que erradica sua própria pobreza, a China tem defendido a cooperação Sul-Sul. A China ampliou a ajuda ao desenvolvimento para mais de 160 países, colaborou com mais de 150 países por meio da Iniciativa Cinturão e Rota e trabalhou com mais de 100 países e organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas, em projetos da Iniciativa de Desenvolvimento Global (IDG). Por meio da GDI, quase US$ 20 bilhões em fundos de desenvolvimento foram mobilizados, apoiando o lançamento de mais de 1.100 projetos.
A China também treinou mais de 400.000 profissionais de mais de 180 países. Por exemplo, Endalkachew Sime, ex-ministro de Estado da Etiópia, agora está fazendo doutorado na Universidade de Pequim, buscando aprender com a experiência da China e aplicar estratégias de desenvolvimento semelhantes na África.
De forma mais ampla, a história da redução da pobreza na China mostra um caminho diferente dos modelos coloniais ou capitalistas ocidentais. Ela ressalta uma visão de modernização baseada em independência, cooperação e prosperidade compartilhada.
"Acho que essa experiência chinesa pode oferecer algumas lições importantes para o Sul Global", disse Melissa Cambuhy, pesquisadora do Instituto Lula em São Paulo. "Os países do Sul Global podem se inspirar na experiência chinesa e perceber que há muitas outras formas de desenvolvimento no mundo."(Editores de vídeo: Hong Yan, Li Qin, Liu Xiaorui, Zhang Qiru)