Macau, 14 dez (Xinhua) -- No século 17, Macau desempenhou um papel importante na promoção da ideologia oriental para o mundo, bem como agora, que o mundo está entrando em um novo período de divulgação da cultura oriental no Ocidente. "Macau continuará a desempenhar o seu papel de 'ponte' no intercâmbio da cultura oriental e ocidental", disse Giorgio Sinedino, sinólogo brasileiro e professor assistente da Faculdade de Letras da Universidade de Macau.
O amor de Sinedino pela China tem uma longa história. Em 2004, quando um professor de literatura da Universidade de Beijing foi trabalhar na Universidade de Brasília, Sinedino teve a oportunidade de aprender chinês formalmente e deu a si mesmo um nome chinês: Shen Youyou. "You" significa "amizade" em mandarim.
Nos 20 anos seguintes, Sinedino aprendeu do chinês moderno ao chinês tradicional e, posteriormente, publicou traduções em português de obras chinesas, levando a cultura e o pensamento tradicional chineses aos países de língua portuguesa, como ele mesmo diz, "vivendo para aprender".
Os primeiros sinólogos ocidentais receberam formação básica em Macau e trabalharam com lexicografia, traduzindo livros clássicos chineses. Sinedino diz que os indivíduos interessados na China devem ir para Macau e aprender o idioma e a cultura chineses, e que há necessidade de mais especialistas interculturais para desempenhar o papel de ponte.
Ele estudou na Universidade de Beijing e na Universidade Renmin da China e agora leciona na Universidade de Macau. As três obras "Os Analectos de Confúcio", "Daodejing" e "O Imortal do Sul da China: uma leitura cultural do Zhuangzi", traduzidas por Sinedino, permitem que mais leitores brasileiros conheçam o patrimônio da cultura chinesa.
Atualmente, Sinedino está pesquisando "A Arte da Guerra", de Sun Tzu. "O pensamento estratégico de Sun Tzu é muito importante. Então, preciso me concentrar em interpretar o contexto social chinês para os leitores brasileiros, o que também é uma maneira importante de os leitores brasileiros entenderem os pensamentos tradicionais da China", disse ele.
No próximo ano, será publicada no Brasil a mais recente tradução de uma obra da literatura chinesa moderna, do autor Lu Xun. Com esse título, Sinedino espera apresentar a literatura chinesa moderna aos leitores brasileiros.
Em seu tempo livre, Sinedino adora assistir a filmes. Na parede de seu escritório, há pôsteres de filmes de várias épocas e idiomas. Para ele, os filmes são como uma janela para o mundo.
"Quando era criança, adorava assistir à "As Aventuras de Tintin". Tintin se interessava por diferentes civilizações e apresentava culturas diferentes de uma forma positiva."
Sinedino respeita o multiculturalismo. Após viajar por muitas partes do mundo, decidiu morar em Macau. Ele acredita que, no encontro de várias culturas, Macau é uma cidade única.
Tendo vivido na China por quase 20 anos, Sinedino testemunhou o rápido desenvolvimento do país. Ele disse que o crescimento econômico da China chama a atenção dos países, mas o interesse e a curiosidade dos brasileiros pela China são diversificados, por exemplo, o pensamento cultural clássico chinês.
"Eu mesmo me interesso pela cultura tradicional chinesa, e percebo que os chineses também estão valorizando e preservando cada vez mais sua cultura tradicional. Esse fenômeno é animador", disse ele.
Há dez anos, Sinedino conheceu a cultura chinesa nos hutongs de Beijing, as distintas ruas residenciais da capital. Desde que chegou a Macau, ele espera trabalhar com mais especialistas e acadêmicos de Macau e da parte continental na tradução, pesquisa e promoção da cultura chinesa.