Foto aérea de drone tirada em 6 de junho de 2024 mostra torres de energia eólica em um parque industrial de baixa (zero) emissão de dióxido de carbono em Sheyang, Yancheng, província de Jiangsu, leste da China. (Xinhua/Yang Lei)
O compromisso da China com o desenvolvimento verde, tanto interna quando externamente, mostra um plano transformador para alcançar a sustentabilidade energética e promover o crescimento inclusivo em meio a desafios climáticos urgentes.
Por Rania Aboelkheir
Por anos, a China adotou uma abordagem de desenvolvimento focada no desenvolvimento verde, particularmente desde o lançamento da Coalizão Internacional de Desenvolvimento Verde da Iniciativa Cinturão e Rota (BRIGC) durante o Segundo Fórum para Cooperação Internacional do Cinturão e Rota em abril de 2019.
Essa iniciativa ressalta o comprometimento da China com o novo conceito de desenvolvimento verde, defendendo estilos de vida sustentáveis de baixo carbono e práticas de reciclagem. Ela visa promover a colaboração na proteção ambiental, civilização ecológica e a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de 2030.
A BRIGC surgiu como uma resposta aos efeitos adversos das mudanças climáticas. Ela adota um modelo de desenvolvimento verde que visa maximizar os benefícios econômicos e sociais, minimizando os encargos e impactos negativos associados ao aumento do consumo de energia. Isso envolve expandir o uso de energia renovável ou reduzir a dependência de fontes de energia intensivas em carbono.
No início de sua reforma e abertura, a China dependia fortemente de combustíveis fósseis para impulsionar o desenvolvimento e a industrialização. Mais tarde, como uma grande economia global, a China reavaliou seu modelo de desenvolvimento, adotando um caminho de desenvolvimento verde de baixo carbono que se alinha com a agenda de desenvolvimento global traçada nos ODS 2030 das Nações Unidas.
Além das políticas domésticas, a China também tem promovido ativamente a colaboração internacional em desenvolvimento verde, por exemplo, lançando a BRIGC, uma rede internacional aberta, inclusiva e voluntária que reúne conhecimento ambiental de todos os parceiros participantes.
A coalizão, com mais de 170 parceiros de mais de 40 países, busca integrar o desenvolvimento sustentável, principalmente a sustentabilidade ambiental, nas cinco principais prioridades da ICR: comunicação de políticas, conectividade de infraestrutura, livre comércio, financiamento de capital e vínculo interpessoal.
Notavelmente, a BRIGC atraiu atenção significativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que destacou a iniciativa como uma oportunidade valiosa para as Nações Unidas ajudarem os países beneficiários a alavancar investimentos do Cinturão e Rota para atingir metas de desenvolvimento sustentável. Essa colaboração promove o desenvolvimento verde por meio de um esforço conjunto entre as Nações Unidas e a China para apoiar investimentos verdes globalmente.
Durante a primeira Cúpula China-Estados Árabes em 2022, a China propôs oito grandes iniciativas de cooperação com o lado árabe, incluindo propostas para estabelecer um centro de pesquisa internacional conjunto para combater a seca, a desertificação e a degradação da terra, além de outro centro dedicado ao desenvolvimento de energia renovável.
Foto tirada em 10 de janeiro de 2018 mostra parte do projeto de Energia Solar Concentrada NOOR III (CSP, na sigla em inglês) do Marrocos em Ouarzazate, Marrocos. (Xinhua/Chen Binjie)
A China também tem trabalhado ativamente com países da região para facilitar suas transições energéticas, alavancando a experiência e a tecnologia chinesas. Exemplos notáveis incluem a conclusão da terceira fase dos projetos de Energia Sola Concentrada NOOR no Marrocos, que foi construída por empresas chinesas e se destaca como uma das maiores usinas de energia baseadas em torres do mundo, com capacidade de 160 MW; o estabelecimento do projeto de Energia Solar Ibri, o maior projeto de energia renovável em Omã; e a construção do maior projeto de armazenamento de energia do mundo na costa do Mar Vermelho da Arábia Saudita.
A cooperação financeira também teve papel fundamental, como exemplificado pela emissão do primeiro título verde em yuan chinês do Primeiro Banco de Abu Dhabi da região do Oriente Médio e do Norte da África, com o objetivo de apoiar projetos verdes qualificados em países relacionados.
Nesse contexto, o alinhamento entre o Egito e a China no campo do desenvolvimento verde é particularmente notável. O Egito lançou a Iniciativa Nacional para Projetos Verdes Inteligentes, conhecida como plataforma “NWFE”, durante a COP27. Essa iniciativa presidencial é uma aplicação prática dos princípios de financiamento equitativo e serve como exemplo para otimizar o uso de recursos de desenvolvimento e financiamento concessional para enfrentar desafios relacionados à adaptação climática, resiliência e mitigação.
A plataforma ressalta o compromisso do Egito em integrar o desenvolvimento e a ação climática, conforme refletido em sua abrangente Estratégia Nacional para Mudanças Climáticas 2050. Essa estratégia descreve cinco objetivos principais e enfatiza o alinhamento das metas climáticas com os objetivos de desenvolvimento sustentável e a Agenda 2030.
Além disso, a plataforma NWFE representa uma convergência significativa entre a visão da China para o desenvolvimento verde e as prioridades de desenvolvimento da África, com ambos os lados demonstrando um forte compromisso com a colaboração nessa área.
Dados oficiais mostram que a China executou centenas de projetos de energia limpa e rede elétrica em toda a África, incluindo iniciativas notáveis na África do Sul, no Quênia, em Ruanda e outros. Esses projetos melhoraram significativamente as condições de vida, impulsionaram o desenvolvimento industrial e criaram oportunidades para a diversificação econômica em todo o continente africano.
Concluindo, o compromisso da China com o desenvolvimento verde, tanto interna quanto externamente, mostra um plano transformador para alcançar a sustentabilidade energética e promover o crescimento inclusivo em meio a desafios climáticos urgentes.
Ao defender uma agenda que se alinha com as prioridades de desenvolvimento das economias emergentes, a China garante acesso equitativo a recursos financeiros e soluções tecnológicas inovadoras.
Os esforços colaborativos de todas as partes interessadas têm o potencial de impulsionar a agenda global para o desenvolvimento sustentável e a ação climática, estabelecendo as bases para um futuro mais limpo, resiliente e próspero.
Nota da edição: Rania Aboelkheir é secretária-geral do Global Forum for Future Studies, um think tank egípcio.
Essas opiniões são da autoria do artigo e não refletem necessariamente as posições da Agência de Notícias Xinhua.