Comércio, trens e tecnologia impulsionam conexões China-Europa-Xinhua

Comércio, trens e tecnologia impulsionam conexões China-Europa

2024-12-30 13:25:10丨portuguese.xinhuanet.com

Por Xia Yuanyi e Liu Yuxuan

Uma rede apoiada por rodas de corrida entre a China e a Europa está transformando rotas comerciais globais em meios de subsistência locais, ajudando a cooperação intercontinental.

Varsóvia, 28 dez (Xinhua) -- As manhãs dos dias úteis fervilham de urgência no complexo de compras GD Poland, nos arredores de Varsóvia. Scooters elétricos carregados com caixas de produtos chineses disparam entre armazéns e docas de carga, enquanto os comerciantes correm para carregar remessas, transportadas por milhares de quilômetros por trens de carga China-Europa, em vans com destino a lojas na Europa Central e Oriental.

O que parece ser um centro de entrega caótico é, na verdade, a parada final em uma intrincada cadeia de suprimentos que conecta fábricas chinesas a lojas europeias. Uma rede que transforma rotas comerciais globais em meios de subsistência locais, ajudando a cooperação intercontinental.

COMERCIANTES EM SCOOTERS

Entre os scooters velozes na GD Poland está Lin Jiangliang, comerciante chinês que, ao lado de sua esposa Hong Meili, passou a última década administrando um negócio local de lingeries.

Comerciante chinês, Lin Jiangliang, (esquerda), dono de um negócio de lingeries, coloca pacote em scooter no Centro Comercial Chinês GD Poland nos arredores de Varsóvia, no dia 19 de julho de 2024. (Xinhua/ Zhang Kun)

Atraídos para a Polônia em 2014, três anos após o lançamento dos trens de carga China-Europa, o casal viu uma oportunidade em um país que estava virando rapidamente a porta de entrada logística da Europa, já que a maioria dos trens que entram na União Europeia (UE) passam por Malaszewicze, uma importante cidade fronteiriça na Polônia.

"Percebemos que revender produtos feitos em fábricas não nos diferenciava", disse Hong. Em vez disso, eles criaram uma marca própria, projetando estilos com base em tendências de moda emergentes e preferências do cliente.

Os trens de carga China-Europa rapidamente viraram o pilar de sua operação. Os rascunhos digitais enviados para fábricas na China são transformados em amostras e enviados em duas semanas, permitindo que suas prateleiras continuem abastecidas com os modelos mais recentes.

Para atender à crescente demanda, Lin contratou um carregador local e um vendedor, contando com scooters para transportar mercadorias. Pedidos com média de dezenas de quilos por remessa são embalados e entregues com rapidez, demonstrando a desenvoltura e o trabalho duro que os comerciantes de pequena escala precisam para sobreviver e prosperar.

A história deles reflete um quadro mais amplo do comércio no GD Poland, onde cerca de 900 empresas são especializadas em têxteis, eletrodomésticos e produtos domésticos, 90% dos quais são provenientes da China, de acordo com Wang Qi, vice-gerente-geral do centro.

Vendedora pilota scooter para entregar mercadorias no Centro Comercial Chinês GD Poland, nos arredores de Varsóvia, no dia 19 de julho de 2024. (Xinhua/ Zhang Kun)

Centros comerciais semelhantes estão surgindo em toda a Europa nas últimas décadas, de Aubervilliers na França a Fuenlabrada na Espanha. Somente em 2023, a China exportou 169 bilhões de dólares americanos em produtos industriais leves para a União Europeia e o Reino Unido, fornecendo produtos acessíveis aos consumidores e, ao mesmo tempo, apoiando empregos em ambos os lados da cadeia de suprimentos.

"O que me mantém otimista sobre o futuro é o quão conectados estamos: fornecedores, distribuidores e nós. Não é só um negócio, é um ritmo compartilhado que mantém produtos e ideias em ação", disse Lin.

COMÉRCIO EM TRENS

Há treze anos, a ideia de trens de carga cruzando o vasto continente eurasiano parecia "louca" para muitos, lembrou Markus Bangen, diretor-executivo (CEO) da Duisburger Hafen AG (Duisport).

Hoje, é uma realidade que está remodelando o comércio e a logística entre continentes.

Funcionário passa por contêiner a bordo do 100.000º trem de carga China-Europa no Terminal Intermodal de Duisburg (DIT) em Duisburg, Alemanha, no dia 3 de dezembro de 2024. O 100.000º trem de carga China-Europa chegou a Duisburg, Alemanha, na manhã de terça-feira, sendo um marco histórico para essa conexão ferroviária. (Xinhua/Du Zheyu)

Desde 2011, quando o primeiro trem de carga China-Europa saiu da cidade de Chongqing, no sudoeste da China, para Duisburg, na Alemanha, a rede cresceu para conectar 227 cidades europeias e 100 asiáticas. Nos últimos 13 anos, mais de 11 milhões de unidades equivalentes a vinte pés (TEUs) de mercadorias no valor de mais de 420 bilhões de dólares passaram por esses trilhos.

Em Duisburg, um antigo reduto industrial, o transporte ferroviário de carga estimulou a reinvenção. O porto agora movimenta 4 milhões de contêineres anualmente, com mais de 100 empresas chinesas de logística e comércio eletrônico estabelecendo operações ao redor dele. Mudanças semelhantes transformaram Malaszewicze, na Polônia, e Valladolid, na Espanha, em prósperos centros logísticos.

A rede continua crescendo. Em novembro, uma remessa de veículos elétricos fez seu caminho de Chengdu, na China, para Tbilisi, na Geórgia, por ferrovia, mar e estrada, atravessando o Cazaquistão e o Mar Cáspio. Essa nova rota lançada em julho atravessa o Corredor do Meio, uma ligação comercial essencial entre a Ásia Central e o Cáucaso do Sul, fornecendo uma alternativa confiável às rotas de navegação tradicionais em meio a incertezas geopolíticas.

Para Fan Yuliang, gerente de depósito da AUKLogis GmbH, uma subsidiária alemã da empresa de logística chinesa Western Post, os trens de carga China-Europa redefiniram o que é possível. "Eu achava que já tinha lidado com todos os tipos de carga, mas ver um veículo inteiro carregado em um contêiner de transporte ainda me surpreendeu", lembrou ele.

Foto aérea de drone mostra o 100.000º trem de carga China-Europa, de código X8083, partindo da Estação Tuanjiecun em Chongqing, sudoeste da China, no dia 15 de novembro de 2024. (Xinhua/Wang Quanchao)

Até 2023, os trens de carga China-Europa transportaram mais de 50.000 tipos de mercadorias, desde exportações chinesas, como têxteis e maquinário industrial, até exportações europeias, como motocicletas, equipamentos médicos e produtos agrícolas.

Bangen descreveu o serviço como um modelo de transporte transformador que substitui as rotas de transporte tradicionais e abre oportunidades comerciais antes fora de alcance.

INOVAÇÃO EM VEÍCULOS ELÉTRICOS

À medida que os trens de carga conectam continentes, as empresas chinesas e europeias estão unindo forças para moldar o futuro da mobilidade, agora sobre rodas de veículos elétricos (EVs).

Em Berlim, a fabricante chinesa de veículos elétricos NIO estabeleceu um centro de pesquisa focado em tecnologias de direção inteligente e soluções de energia. Seus engenheiros estão trabalhando em sistemas de direção adaptáveis, infraestrutura de troca de baterias e redes elétricas integradas para atender aos padrões europeus.

"O objetivo é nos adaptarmos rapidamente aos mercados europeus enquanto impulsionamos a próxima onda de inovação", disse à Xinhua, Wei Hezeng, chefe do Centro de Tecnologia de Direção Inteligente da NIO Europa.

CEO da Stellantis, Carlos Tavares (esquerda), e CEO da Leapmotor, Zhu Jiangming, se cumprimentam na cerimônia de assinatura da cooperação estratégica entre Stellantis e Leapmotor em Hangzhou, província de Zhejiang, leste da China, no dia 26 de outubro de 2023. ACOMPANHA "Stellantis revela investimento de 1,5 bilhão de euros na fabricante chinesa de veículos elétricos Leapmotor" (Stellantis/Divulgação via Xinhua)

Patrick Stumfol, engenheiro sênior de sistemas da NIO Europa, tem o mesmo ponto de vista. "A combinação da precisão da engenharia alemã e da inovação tecnológica chinesa cria um ambiente muito dinâmico aqui", disse Stumfol.

Embora a UE busque proteger seu mercado com tarifas protecionistas, as montadoras europeias estão optando pela colaboração em vez do confronto.

O momento colaborativo se estende além de Berlim. Na Espanha, a Chery se uniu à Ebro para desenvolver veículos elétricos, enquanto a BYD está construindo fábricas na Hungria. As montadoras europeias também estão adotando a tendência: a Volkswagen investiu 700 milhões de dólares na XPeng para desenvolvimento conjunto de EVs, e a Stellantis comprometeu 1,5 bilhão de euros (1,56 bilhão de dólares) à Leapmotor para pesquisa, produção e expansão no exterior.

Carlos Tavares, ex-CEO da Stellantis, entendeu essa abordagem de parceria, dizendo que a melhor maneira de competir com a China era fazer parceria com suas montadoras e "entrar no trem delas". (1 euro = 1,04 dólar americano)

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