Equipes de resgate limpam escombros em estrada atingida por ataque de míssil e drone russo em Kiev, Ucrânia, no dia 20 de dezembro de 2024. (Foto por Roman Petushkov/Xinhua)
Em meio às incertezas e desafios, o apelo por paz e colaboração se fortalece, oferecendo esperança para um futuro mais estável e cooperativo na Eurásia.
Moscou, 30 dez (Xinhua) -- A região da Eurásia continuou como ponto focal no cenário global ao longo de 2024, lutando contra conflitos e instabilidade persistentes.
Apesar desses desafios, o complexo cenário internacional não impediu os países da Eurásia de sua busca histórica por paz, cooperação e desenvolvimento. Suas aspirações por paz duradoura e prosperidade comum continuam inabaláveis.
CRISE NA UCRÂNIA ESCALANDO E AMEAÇAS TERRORISTAS CRESCENTES
A crise na Ucrânia, que já ultrapassa 1.000 dias, não mostra sinais de redução. Ela causou um número crescente de vítimas, devastou a infraestrutura e deslocou várias famílias. O risco de contágio para regiões vizinhas aumenta a cada dia, complicando ainda mais as perspectivas de paz.
Em agosto, as forças ucranianas lançaram operações transfronteiriças na região de Kursk, na Rússia, apoiadas por armamento guiado de precisão de longo alcance fornecido pelos EUA e pela OTAN.
Em resposta, a Rússia intensificou os ataques à infraestrutura militar e energética da Ucrânia. Em novembro, a Rússia disparou seu míssil balístico de alcance intermediário Oreshnik na cidade de Dnipro.
Enquanto isso, o presidente russo Vladimir Putin aprovou atualizações na doutrina nuclear do país, permitindo o uso de armas nucleares em resposta a ataques de mísseis convencionais apoiados por potências nucleares.
Além do conflito Rússia-Ucrânia, a região continua enfrentando a ameaça do terrorismo.
Em março, um trágico ataque terrorista na Prefeitura de Crocus, em Moscou, matou mais de 140 pessoas e deixou 550 feridos, marcando um dos ataques mais fatais sofridos pela Rússia em décadas e ressaltando a necessidade urgente de medidas de segurança regional aprimoradas.
TENSÕES AUMENTADAS
O ano de 2024 viu tensões aumentadas entre a Rússia, o principal país da região, e o Ocidente, enquanto os Estados Unidos e seus aliados da OTAN continuaram agravando a situação na Ucrânia.
Em março, Putin foi reeleito presidente russo com uma vitória esmagadora de 87,28% dos votos. Para muitos observadores, a reeleição de Putin é um sinal de continuidade e uma reafirmação da determinação da Rússia em resistir à pressão ocidental, ao mesmo tempo em que enfatiza a soberania, a segurança e a estabilidade nacionais.
A Rússia alertou repetidamente contra a crescente presença da OTAN na Ásia-Pacífico e sua influência crescente no Cáucaso do Sul.
Presidente russo Vladimir Putin (direita) fala em coletiva de imprensa anual em Moscou, Rússia, no dia 19 de dezembro de 2024. (Xinhua/Bai Xueqi)
Em dezembro, Putin alertou que os países ocidentais estão pressionando Moscou para sua linha vermelha e anunciando planos para a produção em massa de seu armamento avançado Oreshnik.
Em resposta ao conflito, a União Europeia impôs três pacotes de sanções adicionais contra a Rússia em 2024, o mais recente em dezembro visando frotas paralelas que buscam fugir do teto de preço do petróleo ocidental para as exportações russas.
A maioria dos analistas concorda que o conflito remodelou profundamente as relações entre a Rússia e o Ocidente, tornando qualquer tipo de parceria extremamente difícil.
COOPERAÇÃO MULTILATERAL
Em meio às crescentes tensões geopolíticas, as nações regionais estão se voltando cada vez mais para estruturas multilaterais como a Organização para Cooperação de Shanghai (OCS) e o BRICS para promover a estabilidade e o desenvolvimento.
Em julho, os líderes dos estados-membros da OCS se reuniram em Astana, Cazaquistão, para discutir a cooperação em segurança política, investimento econômico e comercial, transporte, energia, cultura e intercâmbios interpessoais, e adotaram 25 documentos importantes.
A cúpula ressaltou a importância de manter a segurança regional, combater as “três forças malignas” do terrorismo, do extremismo e do separatismo, defender os objetivos da Carta da OCS e promover o Espírito de Shanghai com determinação.
De acordo com o presidente cazaque Kassym-Jomart Tokayev, a OCS virou um mecanismo eficiente para promover relações interestatais, guiado pelos princípios do Espírito de Shanghai, que apresenta confiança e benefício mútuos, igualdade, consulta, respeito pela diversidade das civilizações e busca por desenvolvimento comum.
A cúpula do BRICS recentemente concluída em Kazan, Rússia, mais uma vez enfatizou os interesses crescentes da região em alcançar paz duradoura e desenvolvimento sustentado.
Foto tirada no dia 23 de outubro de 2024 mostra logotipo da 16ª edição da Cúpula do BRICS no centro de imprensa da cúpula em Kazan, Rússia. (Xinhua/Shen Hong)
Durante a cúpula, líderes do Sul Global e países da Eurásia discutiram questões importantes como paz e estabilidade mundial, reformas de governança, desenvolvimento e a estrutura financeira internacional.
DESAFIOS E ESPERANÇA
À medida que o inverno se aproxima da Ucrânia, o custo humano do conflito com a Rússia piora cada vez mais. De acordo com a ONU, mais de 14,6 milhões de ucranianos precisaram de assistência humanitária em 2024, com milhões de pessoas esperando ficarem dependentes de ajuda até 2025.
O sentimento público de ambos os lados favorece cada vez mais a paz, com mais da metade dos ucranianos apoiando as negociações, de acordo com uma pesquisa recente da Gallup. Tendências semelhantes estão surgindo na Rússia.
Embora o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, tenha expressado confiança em sua capacidade de resolver o conflito rapidamente, a maioria dos especialistas considera uma resolução imediata improvável devido a diferenças fundamentais nas posições de negociação.
Analistas preveem que negociações prolongadas serão intercaladas com combates contínuos, já que a Ucrânia e a Rússia buscam fortalecer suas posições antes da posse de Trump.
Enquanto isso, o ano de 2025 promete ser essencial para a região, com eventos significativos no horizonte.
O ano de 2025 marcará o 80º aniversário da vitória da Segunda Guerra Mundial com eventos comemorativos planejados em países, incluindo a Rússia, para reafirmar um compromisso compartilhado de defender a justiça histórica.
Além disso, os países membros da OCS se reunirão para sua cúpula anual, visando promover a prosperidade compartilhada e orientar a governança global em direção a uma estrutura de governança global mais equitativa.
Em meio às incertezas e desafios, o apelo por paz e colaboração se fortalece, oferecendo esperança para um futuro mais estável e cooperativo na Eurásia.