Beijing, 1º jan (Xinhua) -- Beijing tem visto o aumento do nível das águas subterrâneas graças a um grande projeto que vem desviando água da bacia do rio Yangtzé há cerca de uma década, colhendo benefícios ecológicos e saciando a sede de seus moradores.

   Nos últimos dias, gansos de feijão foram vistos voando sobre o rio Chaobai, que está conectado ao reservatório de Miyun, uma importante fonte de água no nordeste da cidade.

   "Essas cenas eram difíceis de imaginar antes, pois o rio havia secado e os pássaros quase não eram vistos", disse Guo Dongjiang, que trabalha no escritório de gestão do rio Chaobai em Beijing.

   Guo disse que na década de 1990, os níveis de água do reservatório de Miyun começaram a diminuir devido ao aumento da população e ao rápido desenvolvimento urbano. A maioria das seções do rio Chaobai secou em 1999, e o leito estéril do rio tornou-se uma fonte de areia durante os dias ventosos.

   Impactada pelas mudanças climáticas, Beijing sofreu secas por mais de 10 anos desde 1999. Uma grande quantidade de água subterrânea, que já representou mais de 50% do uso total de água de Beijing, foi explorada para satisfazer à demanda da cidade, de acordo com Li Minshi, que trabalha na estação hidrológica de Beijing.

   Consequências indesejáveis surgiram, com a profundidade da água subterrânea nas planícies de Beijing passando de 7,24 metros em 1980 para 25,75 metros em 2015, e muitas áreas de água de nascente secando, disse Li.

   Um ponto de virada foi visto em 2014, quando o Projeto de Desvio de Água Sul-Norte da China começou a transportar água por longas distâncias do sul do país para as regiões no norte.

   Uma grande proporção da água potável de Beijing agora viaja mais de 1.000 quilômetros ao longo da rota central do projeto desde o reservatório de Danjiangkou, na Província de Hubei, no centro da China. O recurso flui para o norte por meio de canais e tubos, atravessando o Rio Amarelo por baixo e finalmente chega às estações de tratamento de água de Beijing. 

   A cidade recebeu mais de 10,6 bilhões de metros cúbicos de água por meio do projeto até o momento, dos quais 7,5 bilhões de metros cúbicos foram usados para água encanada e beneficiaram diretamente mais de 16 milhões de pessoas, com o restante usado para reabastecer lençóis freáticos, reservatórios, rios e pântanos, entre outras fontes de água, de acordo com dados da Autoridade de Água de Beijing.

   A profundidade das águas subterrâneas nas planícies de Beijing aumentou por nove anos consecutivos desde 2015, subindo para os atuais 12,31 metros. As reservas de água subterrânea aumentaram 7 bilhões de metros cúbicos durante o mesmo período.

   De acordo com Wang Junwen, vice-diretor do centro de assuntos de despacho e gestão de recursos hídricos de Beijing, a proporção de água subterrânea no uso de água da cidade diminuiu para menos de 30% por meio de controles rígidos e projetos de renovação do abastecimento de água, entre outros fatores.

   "Na última década, as fontes de água de mais de 1.300 comunidades residenciais e locais de trabalho foram atualizadas de poços subterrâneos para água encanada, contribuindo muito para a recuperação dos níveis de água subterrânea", disse Wang.

   Em 2021, os fluxos de água voltaram ao rio Chaobai depois que a água foi desviada de reservatórios como os dos distritos de Miyun e Huairou, em Beijing, que tiveram volumes de reserva crescentes. 

   Em agosto de 2024, a primeira rota de cruzeiro no rio Chaobai foi aberta aos turistas. "Graças ao projeto de desvio de água, Beijing se despediu dos leitos áridos de seu passado, e seus rios até se tornaram atrações turísticas", disse Guo. "Fizemos progressos no combate às questões de escassez de água e continuaremos a fortalecer a conservação e o uso intensivo dos recursos hídricos."