Israel e Hamas concordam com cessar-fogo, dando esperança para paz em Gaza-Xinhua

Israel e Hamas concordam com cessar-fogo, dando esperança para paz em Gaza

2025-01-18 14:24:14丨portuguese.xinhuanet.com

* O acordo de cessar-fogo trouxe um raro momento de esperança de paz para a Faixa de Gaza, devastada pela guerra, e para o Oriente Médio em geral.

* A primeira etapa, que dura 42 dias, inclui um cessar-fogo, a retirada e a redistribuição das forças israelenses fora das áreas densamente povoadas, a libertação de reféns e a troca de prisioneiros e detentos, a troca dos restos mortais dos mortos, o retorno das pessoas deslocadas internamente aos seus locais de residência em Gaza e a facilitação da saída de pacientes e feridos para receber tratamento.

* Embora o acordo amplamente esperado represente um passo em direção à restauração da paz na região, os analistas argumentam que, como ele não aborda as questões profundas que alimentam o conflito entre Israel e Palestina, o caminho para uma paz duradoura no Oriente Médio continua repleto de incertezas.

Doha/Gaza, 16 jan (Xinhua) -- Um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas em Gaza foi alcançado, oferecendo um vislumbre de esperança para acabar com o derramamento de sangue de 15 meses no enclave.

Em uma coletiva de imprensa na quarta-feira em Doha, onde as negociações de trégua foram realizadas, o primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani, disse que o acordo, que entrará em vigor no domingo, inclui a troca de reféns e prisioneiros e o retorno à calma sustentável que levaria a um cessar-fogo permanente em Gaza.

Embora o acordo amplamente esperado represente um passo em direção à restauração da paz na região, os analistas argumentam que, como ele não aborda as questões profundas que alimentam o conflito Israel-Palestina, o caminho para uma paz duradoura no Oriente Médio continua repleto de incertezas.

CESSAR-FOGO EM TRÊS FASES

De acordo com os mediadores, que incluem o Catar, o Egito e os Estados Unidos, o acordo consiste em três fases para um "cessar-fogo permanente entre as partes".

A primeira etapa, que dura 42 dias, inclui um cessar-fogo, a retirada e a redistribuição das forças israelenses para fora das áreas densamente povoadas, a libertação de reféns e a troca de prisioneiros e detentos, a troca dos restos mortais dos mortos, o retorno das pessoas deslocadas internamente para seus locais de residência em Gaza e a facilitação da saída de pacientes e feridos para receber tratamento.

Palestinos reagem às notícias sobre um acordo de cessar-fogo com Israel, em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, em 15 de janeiro de 2025. (Foto por Rizek Abdeljawad/Xinhua)

A primeira etapa também inclui a intensificação da entrada e distribuição segura e eficaz de ajuda humanitária em larga escala em toda a Faixa de Gaza, a reabilitação de hospitais, centros de saúde e padarias, a entrada de suprimentos de defesa civil e combustível e a entrada de suprimentos de abrigo para pessoas deslocadas que perderam suas casas devido à guerra.

Os detalhes da segunda e terceira fases serão anunciados após a conclusão da primeira fase do acordo.

RARO MOMENTO DE ESPERANÇA DE PAZ

O acordo de cessar-fogo trouxe um raro momento de esperança de paz para a Faixa de Gaza, devastada pela guerra, e para o Oriente Médio em geral.

"Saúdo o anúncio de um acordo para garantir um cessar-fogo e a libertação de reféns em Gaza", disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, em um comunicado.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, saudou na quarta-feira o acordo de cessar-fogo em troca de reféns em Gaza entre Israel e o Hamas, pedindo a todas as partes que garantam a implementação total do acordo. (Foto por William M. Reilly/Xinhua)

"Esse acordo é um primeiro passo fundamental, mas devemos mobilizar todos os esforços para também avançar em objetivos mais amplos, incluindo a preservação da unidade, contiguidade e integridade do Território Palestino Ocupado", acrescentou Guterres.

O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul-Gheit, também saudou o acordo de cessar-fogo, pedindo a adesão estrita aos termos do acordo.

"O acordo deve levar a uma cessação completa e final da guerra israelense em Gaza", disse Aboul-Gheit em um comunicado.

"Muitos esperavam por esse momento nos últimos 15 meses", disse na rede social X Philippe Lazzarini, comissário-geral da agência de assistência da ONU para refugiados palestinos, conhecida como UNRWA.

Quando o acordo finalmente foi firmado, após várias rodadas de negociações, os habitantes de Gaza saíram às ruas para expressar seu entusiasmo e alívio com a trégua.

"Agora, podemos dormir sem temer mais perdas", disse Fatima Abu Riash, uma mãe de três filhos deslocada de Deir al-Balah, na região central de Gaza.

À medida que o cessar-fogo se aproxima, muitos palestinos estão se lembrando de seus entes queridos que perderam a vida no conflito.

Desde que Israel lançou sua ofensiva em larga escala contra o Hamas em Gaza em resposta ao ataque repentino do Hamas na fronteira sul de Israel em 7 de outubro de 2023, mais de 46.000 palestinos foram mortos no conflito.

"Sou grato pelo cessar-fogo, mas não posso esquecer os mortos ou a destruição da minha casa", disse Mohammed Abu Ramadan, pai de seis filhos de Gaza, ao se juntar às comemorações nas ruas.

DESAFIOS PERMANECEM

O momento do acordo de cessar-fogo coincidiu com mudanças no cenário regional mais amplo, disse Nimrod Goren, presidente do Mitvim, o Instituto Israelense de Políticas Exteriores Regionais.

Uma mulher coloca uma vela em meio a relatos de um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, em uma praça em Tel Aviv, Israel, em 15 de janeiro de 2025. Israel e Hamas concordaram com um acordo de cessar-fogo em Gaza em troca de reféns após intensa mediação do Catar, Egito e Estados Unidos, anunciou o primeiro-ministro do Catar na quarta-feira. (Xinhua/Chen Junqing)

"Israel, tendo obtido sucessos militares significativos contra o Hezbollah e na Síria, sentiu-se mais seguro em sua posição. O Hamas, enfrentando uma pressão constante, provavelmente reconheceu a necessidade de um alívio temporário para recalibrar sua estratégia. Esses fatores, combinados com os esforços de mediação externa, criaram um momento em que ambos os lados estavam mais dispostos a aceitar termos que haviam rejeitado anteriormente", disse ele.

Ismat Mansour, um especialista palestino baseado em Nablus, na Cisjordânia, disse que o acordo de cessar-fogo poderia estabelecer uma calma inicial e servir como um primeiro passo para aliviar o grave sofrimento humanitário em Gaza.

O analista político israelense Amos Harel escreveu no jornal israelense Haaretz que o acordo poderia abrir caminho para uma nova realidade política em Gaza, potencialmente envolvendo os estados árabes moderados.

No entanto, Goren alertou que o acordo "não trará um fim ao conflito mais amplo", destacando que "a relutância de Netanyahu (o primeiro-ministro israelense) em se retirar totalmente de Gaza, conforme exigido pelo Hamas, sugere que o cessar-fogo pode ser frágil e temporário".

Um cessar-fogo em Gaza "não aborda as causas fundamentais do conflito", e "uma paz abrangente no Oriente Médio exige um progresso significativo em direção a uma solução de dois Estados, à qual o atual governo israelense se opõe fortemente", disse ele.

Yonatan Freeman, especialista em relações internacionais da Universidade Hebraica de Jerusalém, disse: "Embora o acordo possa aliviar temporariamente as tensões, ele não impede futuras ações israelenses contra o Irã".

"As partes (Hamas e Israel) ainda não têm confiança, e ambos os lados estão fazendo o possível para derrotar o outro, e isso colocaria o acordo em perigo a qualquer momento", observou Mansour.

Ghassan Khatib, professor de relações internacionais da Universidade de Birzeit, na Cisjordânia, advertiu: "Os verdadeiros desafios surgirão durante a implementação do acordo e a retirada das forças israelenses, dada a ausência de acordos claros para a gestão política e administrativa da Faixa de Gaza, o que complicará ainda mais a situação". (Repórteres de vídeo: Yang Yiran, Wang Shang, Yu Fuqin; editores de vídeo: Yu Jiamin, Zhao Xiaoqing)

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