Beijing, 21 jan (Xinhua) -- Um dos grandes desafios para sustentar a vida a longo prazo fora da Terra é alcançar a autossuficiência e reduzir a dependência de recursos terrestres.
A utilização de recursos in loco - como o regolito lunar ou o dióxido de carbono da atmosfera marciana - para produzir oxigênio e combustível é uma estratégia essencial para viabilizar o uso de recursos extraterrestres e minimizar a dependência de suprimentos vindos da Terra.
A estação espacial da China realizou recentemente experimentos com tecnologia de fotossíntese artificial extraterrestre, completando a verificação em órbita dos processos de conversão eficiente de dióxido de carbono e regeneração de oxigênio.
De acordo com a Agência Espacial Tripulada da China (CMSA, em inglês), este progresso pode representar a base técnica para futuras missões de exploração tripulada do espaço profundo.
A fotossíntese artificial extraterrestre é um processo que utiliza energia solar para converter dióxido de carbono e água em oxigênio e compostos que contêm carbono, por meio de métodos físico-químicos em ambientes extraterrestres. Baseada na utilização de recursos locais, essa técnica inovadora permite uma conversão eficiente de dióxido de carbono e regeneração de oxigênio.
Diferentemente dos métodos convencionais de redução de dióxido de carbono, que exigem altas temperaturas e pressões, este processo ocorre em condições de temperatura e pressão ambiente.
O método também suporta múltiplos caminhos de conversão de energia, como solar-química, solar-elétrico-química e solar-térmico-química, melhorando significativamente a eficiência do uso de energia.
Além disso, com a modificação dos catalisadores para a reação, é possível produzir seletivamente diversos produtos da redução de dióxido de carbono por meio da fotossíntese artificial extraterrestre.
Esses produtos podem incluir metano ou etileno, que podem ser usados como propelentes, além de ácido fórmico, uma matéria-prima chave para a síntese de açúcar. Segundo a CMSA, essa capacidade é de grande importância para a sobrevivência extraterrestre de longo prazo e para a futura utilização de recursos no local.
O equipamento experimental a bordo da estação espacial chinesa já realizou 12 experimentos em órbita, produzindo com sucesso oxigênio e etileno.
Esses experimentos validaram diversos processos tecnológicos essenciais, incluindo a conversão de dióxido de carbono em temperatura ambiente, o movimento e a separação de gases em reações sólido-líquido-gás sob microgravidade e o controle preciso das taxas de fluxo de gás e líquido no espaço.
A CMSA também destacou que obteve uma grande quantidade de dados experimentais sobre processos de reação físico-química multifásica em condições de microgravidade. Esses dados fornecem informações valiosas para o desenvolvimento de novas técnicas para a utilização in loco de recursos extraterrestres.