Maquinistas Concilia, Wendy e Caroline (da esquerda para a direita) seguem os procedimentos operacionais com seu instrutor chinês Zhang Cheng durante o treinamento em Nairóbi, Quênia, em 17 de maio de 2017, antes da operação da ferrovia de bitola padrão (SGR, em inglês) Mombaça-Nairóbi, no Quênia. (Xinhua/Sun Ruibo)
Ao colaborar com parceiros globais como a China, as nações africanas estão aproveitando esse dividendo demográfico, capacitando seus jovens a moldar um futuro mais brilhante e inovador.
Nairóbi/Beijing, 19 jan (Xinhua) -- Em um trem elegante entre Nairóbi e Mombaça, jovens comissárias de bordo recebem calorosamente os passageiros. No movimentado Parque Industrial Sino-Uganda Mbale, jovens trabalhadores produzem com orgulho produtos carimbados com "Made in Africa". Na Nigéria, jovens funcionários gerenciam com eficiência as entregas de encomendas em um centro de logística de comércio eletrônico em expansão.
Em todo o continente, os jovens não são apenas participantes, eles são catalisadores que aceleram a transformação da África.
De acordo com a União Africana (UA) e o Banco Africano de Desenvolvimento, a África abriga a população mais jovem do mundo, com mais de 400 milhões de pessoas com idade entre 15 e 35 anos, e espera-se que sua população jovem ultrapasse 830 milhões até 2050.
Essa demografia, impulsionada pela revolução digital e por uma mudança em direção à energia verde, está abrindo novas oportunidades no continente.
Ao colaborar com parceiros globais como a China, as nações africanas estão aproveitando esse dividendo demográfico, capacitando seus jovens a moldar um futuro mais brilhante e inovador.
Alunos da Universidade de Machakos Peter kariuki (d) e Owen Alikula (e) demonstram como configurar redes WiFi e bluetooth na Oficina Luban da instituição em Machakos, Quênia, em 19 de maio de 2021. (Foto por James Asande/Xinhua)
ATIVO DEMOGRÁFICO
De acordo com a Statista, uma plataforma internacional de dados e inteligência de negócios, a população total da África ultrapassou 1,46 bilhão em 2023 e deve chegar a cerca de 2,5 bilhões em 2050.
No "Livro Branco sobre a IA e o Futuro do Trabalho na África", a Microsoft estimou que, até o final do século XXI, a África será o lar de quase metade da população jovem do mundo, quase o dobro de toda a população da Europa.
A forte presença de jovens trabalhadores está revigorando os setores tradicionais, como agricultura, indústria e serviços, ao mesmo tempo em que acelera o desenvolvimento de setores emergentes, como a economia digital, energia renovável e inteligência artificial (IA). Além disso, essas gerações jovens atuam como uma importante força de consumo, contribuindo para a crescente atração do mercado africano.
Os jovens são uma força motriz crucial para o desenvolvimento socioeconômico da África, disse Liu Tiannan, professor associado do Departamento de Francês da Faculdade de Línguas Estrangeiras e diretor do Instituto de Estudos Africanos da Universidade de Relações Internacionais da China.
"O aumento da juventude na África pode ser o ativo mais valioso da região no futuro", à medida que outras regiões do mundo enfrentam o envelhecimento da população e a escassez de mão de obra, disse a Organização Internacional do Trabalho em seu relatório intitulado ‘Tendências Globais de Emprego para a Juventude 2024’.
Funcionário da BasiGo limpa a poeira de um ônibus elétrico em Nairóbi, Quênia, em 2 de junho de 2023. (Xinhua/Wang Guansen)
IMERSÃO EM TENDÊNCIAS MODERNAS
Na Yaxare, uma empresa de chás de ervas sediada em Banjul, capital da Gâmbia, a fundadora Fatoumata Njie, de 33 anos, supervisiona a embalagem de seus produtos, que ganharam popularidade entre os consumidores locais em grande parte devido à integração de tecnologias digitais em sua gestão de negócios.
Para melhorar a qualidade e o rendimento das ervas medicinais locais, Njie desenvolveu um aplicativo móvel chamado "Happy Farm", que ajuda os agricultores a melhorar a qualidade do solo e aumentar as colheitas. Enquanto isso, ela encomenda regularmente equipamentos de embalagem e processamento de chá de plataformas de comércio eletrônico para fornecer produtos atraentes e de alta qualidade aos seus clientes.
Graças à transformação digital, a vida cotidiana de muitos jovens africanos como Njie está passando por uma mudança significativa. Em todo o continente, o comércio eletrônico e as finanças digitais estão fazendo avanços impressionantes, enquanto os pagamentos móveis estão se expandindo rapidamente. À medida que a infraestrutura de comunicação continua a melhorar, novas oportunidades de emprego e empreendedorismo estão aumentando para os jovens da África.
Enquanto isso, mais jovens africanos estão se engajando cada vez mais na transição energética, especialmente em meio à crescente ameaça das mudanças climáticas. Eles estão impulsionando a inovação em tecnologias de energia e apoiando a eletrificação de áreas rurais, ajudando a direcionar o continente para uma economia verde.
Doreen Orishaba, diretora administrativa da BasiGo, uma empresa queniana especializada em veículos de nova energia, passou mais de um ano promovendo os ônibus elétricos chineses em Ruanda, onde as importações de combustível são caras e o consumo de combustível é alto devido às estradas montanhosas. Seus esforços aumentaram a conscientização entre as operadoras de ônibus locais sobre os benefícios ambientais e econômicos desses veículos, o que levou à encomenda de mais de cem ônibus elétricos.
"Para cada ônibus que a BasiGO coloca em uma estrada de Ruanda, estamos ajudando a reduzir até 30 toneladas de emissões de CO2", disse ela.
Estudante opera um dispositivo na Oficina Luban da Universidade de Antananarivo em Antananarivo, Madagascar, em 26 de abril de 2024. (Foto por Sitraka Rajaonarison/Xinhua)
LIBERANDO POTENCIAL DOS JOVENS
Liu disse que, para que o potencial dos jovens da África se torne um verdadeiro dividendo demográfico, é essencial melhorar o sistema educacional, aprimorar o desenvolvimento de habilidades, expandir as oportunidades de emprego e promover o empreendedorismo entre os jovens.
Henok Amanuel Emiru, um estudante etíope de 26 anos, nunca imaginou que ganharia a maior distinção entre os candidatos africanos na Competição Internacional de Habilidades do Cinturão e Rota, realizada no Município de Chongqing, no sudoeste da China, em junho passado.
Esse sucesso é o resultado do treinamento na Oficina Luban da Etiópia, designada pela sede da UA como um centro de treinamento de habilidades de alta qualidade para todo o continente africano. Com a experiência compartilhada por seus instrutores, Emiru adquiriu o domínio das técnicas na oficina de treinamento vocacional.
A Oficina Luban é apenas um microcosmo da cooperação sino-africana na educação de jovens. Nos próximos três anos, a China continuará implementando o Futuro da África, um projeto para a cooperação China-África em educação vocacional, construindo escolas de tecnologia de engenharia com países africanos, estabelecendo ou modernizando 10 oficinas Luban e 20 escolas, e oferecendo oportunidades de treinamento com programas para o desenvolvimento de jovens.
Os países africanos também estão se esforçando para capacitar os jovens por meio de programas de desenvolvimento personalizados, como o plano do governo do Marrocos de investir 14 bilhões de dirhams marroquinos (US$ 1,4 bilhão) em empregos para jovens, o Programa Nacional de Desenvolvimento da Juventude 2025-2029 do Senegal e os projetos de treinamento de habilidades digitais e ecológicas da Zâmbia até 2027.
"Juntos, podemos construir um continente onde os jovens estejam na vanguarda da inovação, da governança e do desenvolvimento sustentável", disse Chido Mpemba, enviado da UA para a juventude.
