Jia Xiaobing, chefe chinês da missão arqueológica conjunta chinesa e egípcia do Templo Montu, é entrevistado no sítio arqueológico do Templo Montu em Luxor, Egito, no dia 9 de janeiro de 2025. (Xinhua/Ahmed Gomaa)
Por Ahmed Shafiq
Luxor, Egito, 24 jan (Xinhua) -- O sol de inverno iluminava as pedras antigas do Templo Montu, gerando sombras longas e etéreas sobre hieróglifos desgastados e calcário em ruínas. Fios de poeira do deserto giravam em torno dos pés de arqueólogos egípcios e chineses, que se moviam com precisão meticulosa pelo sítio arqueológico no extenso Complexo do Templo de Karnak, em Luxor.
No ar fresco da manhã, o deus com cabeça de falcão Montu parecia observar silenciosamente enquanto equipes internacionais varriam com cuidado séculos de história acumulada. O templo, um santuário esquecido localizado no complexo, estava há muito tempo em silêncio, com seus segredos pacientemente sob camadas de terra e tempo.
Agora, graças a um acordo inovador entre o Ministério de Antiguidades do Egito e a Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS, na sigla em inglês), a missão conjunta estava dando nova vida a esse santuário esquecido.
"Esta missão, a primeira desse tipo, teve desafios únicos e oportunidades emocionantes", disse Jia Xiaobing, chefe chinês do projeto e acadêmico da CASS, em entrevista no local. As diferenças culturais, observou ele, foram superadas pela paixão compartilhada pela história e respeito mútuo pelo conhecimento.
Quando a equipe chinesa chegou pela primeira vez em 2018, a área do Templo Montu era uma paisagem indomável: coberta de vegetação selvagem, cheia de poeira das escavações anteriores e com muitos escritórios abandonados. Não se parecia em nada com o movimentado local de trabalho visto atualmente.
A escavação focou em duas áreas principais. A primeira, centrada no Templo de Osíris, já havia revelado três das seis estruturas de capelas. Paredes de tijolos de barro até então desconhecidas pelos estudiosos foram descobertas, cada pedra com potencial narrativa a ser decodificada.
A segunda área, posicionada entre os Templos Montu e Maat, prometia informações sobre as complexas relações arquitetônicas e religiosas das antigas sociedades egípcias, disse o arqueólogo chinês.
Jia enfatizou a natureza de longo prazo da presença chinesa no Egito, com planos para trabalho contínuo no Templo Montu e potencial expansão para outros locais. Ele destacou a importância da colaboração arqueológica sino-egípcia, traçando paralelos entre as longas histórias e as ricas tradições arqueológicas de ambas as nações.
"Com os esforços conjuntos, arqueólogos egípcios e chineses não estão apenas desenterrando os segredos do templo de Montu, mas também promovendo maior entendimento e cooperação entre suas nações", disse ele.
A missão virou um exemplo de sinergia. A documentação meticulosa da equipe chinesa e o uso de tecnologia de ponta complementam a inestimável experiência local de seus colegas egípcios. "Eles estão fazendo um ótimo trabalho aqui", disse Aboul-Hassan Ahmed, inspetor de antiguidades da missão. "São muito cooperativos e querem entender nossa civilização antiga".
Para a comunidade local, esses esforços representam mais do que interesse acadêmico, são uma forma de salvação econômica. Mohammed Farouk, chefe dos trabalhadores de escavação egípcio-chineses, destacou que a missão emprega 60 trabalhadores a cada temporada. "O trabalho não é benéfico só para o Egito e para a humanidade", destacou ele, "mas é essencial para a comunidade local de Luxor, apoiando 60 famílias".
Trabalhadores arqueológicos escavam sítio arqueológico do Templo Montu em Luxor, Egito, no dia 9 de janeiro de 2025. (Xinhua/Ahmed Gomaa)
Trabalhadores arqueológicos escavam sítio arqueológico do Templo Montu em Luxor, Egito, no dia 9 de janeiro de 2025. (Xinhua/Ahmed Gomaa)
Trabalhadores arqueológicos escavam sítio arqueológico do Templo Montu em Luxor, Egito, no dia 9 de janeiro de 2025. (Xinhua/Ahmed Gomaa)
Trabalhadores arqueológicos escavam sítio arqueológico do Templo Montu em Luxor, Egito, no dia 9 de janeiro de 2025. (Xinhua/Ahmed Gomaa)
Arqueólogo chinês trabalha no sítio arqueológico do Templo Montu em Luxor, Egito, no dia 9 de janeiro de 2025. (Xinhua/Ahmed Gomaa)
Trabalhador arqueológico escava sítio arqueológico do Templo Montu em Luxor, Egito, no dia 9 de janeiro de 2025. (Xinhua/Ahmed Gomaa)
Arqueólogos chinês e egípcio trabalham no sítio arqueológico do Templo Montu em Luxor, Egito, no dia 9 de janeiro de 2025. (Xinhua/Ahmed Gomaa)