Entrevista: Presidente brasileiro quer trabalhar com a China para ampliar a voz do Sul Global-Xinhua

Entrevista: Presidente brasileiro quer trabalhar com a China para ampliar a voz do Sul Global

2025-05-13 15:32:00丨portuguese.xinhuanet.com

Brasília, 13 mai (Xinhua) -- O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em visita à China de 10 a 14 de maio, afirmou que o Brasil trabalhará com a China para ampliar ainda mais a voz do Sul Global e defender o multilateralismo, o livre comércio e a soberania de todos os países.

"Em um mundo conturbado do Século XXI, o Brasil tem na China um parceiro político, um parceiro econômico e um parceiro estratégico muito forte", disse Lula da Silva em uma entrevista à imprensa chinesa antes de sua viagem.

O presidente brasileiro espera aproveitar plataformas como o Fórum China-CELAC, o grupo do BRICS e a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).

Lula da Silva apontou que sua visita à China é uma continuação dos bons laços estabelecidos entre o Brasil e a China nos últimos anos, com relações cada vez melhores e de maior força estratégica.

Ele ressaltou que é do interesse comum do Brasil e da China fortalecer o multilateralismo, já que o mundo precisa de multilateralismo e, ao mesmo tempo, de um comércio mais justo e não de um país se impondo sobre os outros.

"Nós não queremos a supremacia de um país sobre outros, nós não queremos a supremacia de uma moeda sobre outras, o que nós queremos é que o comércio seja justo, equilibrado", disse o presidente brasileiro, acrescentando que "todos possam vender e comprar de forma equitativa, porque o comércio tem que ser uma rodovia de duas mãos."

Ele acredita que, embora o Brasil esteja trabalhando na medida do possível para desempenhar seu papel na defesa da paz mundial, do multilateralismo e de um sistema comercial justo e equitativo, tem certeza de que o Brasil pode exercer maior influência globalmente, junto com a China e os outros países do Sul Global.

"Acho que o Sul Global é a novidade política do Século XXI. Fico muito orgulhoso de a gente ter chegado onde chegou. E é possível crescer mais, porque tem muita gente querendo entrar no Sul Global," disse.

Sobre o comércio, Lula da Silva lembrou que, sendo a maior economia da América Latina, o comércio do Brasil com a China é enorme, mas ainda há um grande potencial de intercâmbio e investimento ao ver o rápido crescimento das relações comerciais entre os dois países.

Compartilhou que, em sua viagem à China, foi acompanhado por um grupo de empresários brasileiros para que "a gente possa, junto com os empresários chineses, estabelecer novas parcerias entre os nossos empresários, sobretudo para um país que, como o Brasil, precisa de muita infraestrutura."

Na área científica e tecnológica, Lula da Silva mencionou a cooperação no setor espacial, apontando que "há acordos de satélites com a China" e que, além de "aperfeiçoar" o CBERS-5 e o CBERS-6, "queremos incrementar muito esses acordos".

O Brasil também pretende resolver a questão da inteligência artificial com a China "para que a gente possa fazer com que a inteligência artificial seja utilizada a serviço de toda a humanidade e não utilizada apenas por meia dúzia de países".

Sobre as mudanças climáticas, o presidente brasileiro disse que, após a Conferência de Copenhague (2009), Brasil e China trabalharam juntos para reduzir as emissões globais e que o país asiático tem obtido resultados notáveis na proteção ambiental.

A COP30 será realizada no Brasil no final deste ano, então o país sul-americano quer uma sólida parceria com a China.

"Nós queremos construir com a China uma parceria forte para que a gente faça com que o mundo compreenda a questão do clima, ou nós agimos com responsabilidade e assumimos a responsabilidade apresentando as nossas NDCs", disse Lula da Silva.

Ao mesmo tempo, espera que a China possa trazer sua própria experiência de transição energética durante a COP30 no Brasil.

"Para nós, essa questão da transição energética é uma das coisas mais importantes que nós estamos fazendo este ano. E nós não vamos perder essa oportunidade... Sobretudo porque a transição energética, ela facilita o desenvolvimento de uma parte do Brasil que durante muito tempo foi empobrecida, que é o Nordeste brasileiro," explicou.

Referindo-se ao Fórum China-CELAC em Beijing, o presidente considerou um grande momento para os países latino-americanos estabelecerem relações estratégicas com a China.

"A reunião com empresários para mim é muito importante porque nós políticos sabemos abrir a porta, mas quem sabe fazer negócio é empresário", disse o presidente sobre a importância do Fórum China-CELAC.

Em novembro do ano passado, a China e o Brasil elevaram suas relações a Uma Comunidade de Futuro Compartilhado por um Mundo mais Justo e um Planeta mais Sustentável.

O presidente brasileiro reiterou que essa relação estratégica com a China é algo que será trabalhado para alcançar.

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