
Foto tirada no dia 3 de novembro de 2016 mostra pessoas gritando slogans durante uma manifestação que marca o 37º aniversário da tomada da embaixada dos EUA por um grupo de estudantes iranianos em Teerã, capital do Irã, no dia 3 de novembro de 2016. (Xinhua/Ahmad Halabisaz)
Teerã, 21 ago (Xinhua) -- Quase sete décadas se passaram desde que um golpe orquestrado pelos EUA derrubou o então primeiro-ministro do Irã, Mohammad Mosaddeq, a notória medida ainda alimenta a profunda desconfiança dos iranianos em relação à América hoje.
Por ocasião do aniversário do golpe liderado pelos EUA no Irã, Ali Bahadori Jahromi, porta-voz do governo iraniano, disse na sexta-feira que confiar nos laços internacionais dos Estados Unidos é "sem sentido", citando-o como uma das três lições para o Irã sobre o golpe de estado de 1953.
Em agosto de 1953, a Agência Central de Inteligência Americana (CIA), juntamente com a agência de espionagem britânica, derrubou o governo popular de Mosaddegh no Irã.
Acredita-se que Washington e Londres ficaram indignados com a campanha de Mosaddegh para nacionalizar a indústria petrolífera do Irã, que estava sob o controle de empresas estrangeiras.
Essa nacionalização privou os países ocidentais de enormes lucros e pode definir uma tendência em outros países regionais, disseram analistas.

Foto tirada no dia 3 de novembro de 2016 mostra estudantes iranianos participando de uma manifestação que marca o 37º aniversário da tomada da embaixada dos EUA por um grupo de estudantes iranianos em Teerã, capital do Irã, no dia 3 de novembro de 2016. (Xinhua/Ahmad Halabisaz)
Bahadori Jahromi twittou que as lições do golpe permanecem para sempre na mente do povo iraniano e constituem o critério para as decisões dos políticos iranianos.
"Os Estados Unidos têm medo de um Irã independente e poderoso, confiar nos Estados Unidos nas relações internacionais não tem sentido, a maneira de lidar com este país deve ser com força, dignidade e garantias suficientes", disse ele, elaborando as três lições.
Da mesma forma, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, na sexta-feira, também criticou a "história sombria" de Washington contra países independentes.
"O governo dos EUA tem um recorde em intervenções, invasões e golpes contra países e governos independentes", disse ele, acrescentando que "o golpe de 1953 contra o governo democraticamente eleito do Irã foi um exemplo flagrante dessa história sombria".
"Os Estados Unidos mudarão sua política falha sobre o Irã e respeitarão os direitos legítimos do povo iraniano?", perguntou Kanani.

Pessoas participam de uma manifestação que marca o 40º aniversário da tomada da antiga embaixada dos EUA do lado de fora da antiga embaixada dos EUA no centro de Teerã, Irã, no dia 4 de novembro de 2019. Dezenas de milhares de iranianos realizaram manifestações em todo o país na segunda-feira para marcar o 40º aniversário da apreensão da antiga embaixada dos EUA no Teerã. (Foto por Ahmad Halabisaz/Xinhua)
O diário inglês do Irã, Tehran Times, explicou por qual motivo Kanaani defendeu tal questão em um artigo intitulado "Golpe de 1953: a América ainda é a mesma".
Após 79 anos do golpe que mudou o andamento da história moderna do Irã, o governo dos EUA ainda "persegue suas políticas imprudentes contra o Irã", afirmou.
Após a revolução islâmica do Irã em 1979, que eliminou completamente a presença dos EUA no Irã, a Casa Branca "continuou seus esforços para derrubar o governo revolucionário no Irã", observou o Tehran Times, dizendo que os americanos enviaram tropas militares para o Irã, apoiaram o golpe de conspiradores anti-Irã, e impôs sanções ao Irã que continuam até hoje.
Enquanto o golpe de 1953 traz de volta dias sombrios à memória dos iranianos mais uma vez, os países envolvidos estão fazendo uma última tentativa de salvar o acordo nuclear iraniano, formalmente conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), enquanto a desconfiança entre os dois países parecem ser o principal obstáculo à retomada do JCPOA.
Como Kanaani perguntou, Washington mudará sua política de pressão contra o Irã e retomará o cumprimento do agora extinto pacto nuclear do qual se retirou unilateralmente?
O Irã e o mundo aguardam uma resposta.

