Beijing, 14 nov (Xinhua) -- "O que aconteceu ao mundo e como devemos responder?"
Já em 2017, o presidente chinês, Xi Jinping, levantou essa pergunta instigante em seu discurso no Escritório da ONU em Genebra. Ele também ofereceu a visão da China de construir uma comunidade humana com um futuro compartilhado, a fim de garantir o desenvolvimento e a paz para gerações.
Esse apelo é ainda mais válido hoje, já que a comunidade global enfrenta desafios mais complexos, particularmente os impactos persistentes da pandemia da COVID-19, os conflitos regionais e as pressões à globalização econômica.
Como os líderes do Grupo dos 20 (G20) se reúnem esta semana para discutir como enfrentar os problemas mundiais na 17ª Cúpula do G20 na Indonésia, espera-se que Xi apresente mais uma vez as respostas da China à questão fundamental que paira sobre o mundo.
DESENVOLVIMENTO COMUM
Na última década, a China registrou um crescimento extraordinário, com seu PIB subindo de 53,9 trilhões de yuans (US$ 7,58 trilhões) em 2012 para 114,4 trilhões de yuans (US$ 16,09 trilhões) em 2021. A segunda maior economia do mundo assumiu um papel mais importante no cenário mundial.
A China também está fazendo esforços irremitentes para promover o desenvolvimento comum no mundo todo. A Iniciativa do Cinturão e Rota que ela propôs em 2013 busca compartilhar seus dividendos de desenvolvimento com outros países por meio de conectividade de infraestrutura.
Até ao fim de 2021, o volume total no comércio de mercadorias entre a China e os países ao longo das rotas da Iniciativa aproximou cerca de US$ 11 trilhões.
"O desenvolvimento de infraestrutura desempenha um papel importante na promoção do crescimento econômico. A China tem feito esforços irremitentes nesse sentido através da cooperação do Cinturão e Rota e outras iniciativas", detalhou Xi seu pensamento por trás da iniciativa na 16ª Cúpula de Líderes do G20.
"A Iniciativa do Cinturão e Rota trouxe novo pensamento sobre o desenvolvimento - de ser meros beneficiários de empréstimos a projetos realmente no terreno que trazem desenvolvimento através do comércio e empreendedorismo", disse James M. Njihia, reitor da Faculdade de Negócios e Ciências de Gestão, da Universidade de Nairóbi.
Em setembro do ano passado, Xi propôs a Iniciativa de Desenvolvimento Global no debate geral da 76ª sessão da Assembleia Geral da ONU. Durante o Diálogo de Alto Nível sobre Desenvolvimento Global em junho deste ano, ele explicou as medidas que a China tomará sob a Iniciativa de Desenvolvimento Global para apoiar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, incluindo o aprofundamento da cooperação global na redução da pobreza, capacitação para produção e fornecimento de alimentos, e promoção de parcerias de energia limpa.
"A Iniciativa de Desenvolvimento Global holística é uma contribuição valiosa para enfrentar desafios comuns e acelerar a transição para um futuro mais sustentável e inclusivo", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Além das duas iniciativas, a China vem compartilhando oportunidades com o mundo. Isso inclui lançar a Exposição Internacional de Importação da China, estabelecer zonas-piloto para a cooperação de comércio eletrônico da Rota da Seda, promover a entrada em vigor da Parceria Econômica Abrangente Regional e solicitar aderir ao Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica.
Segundo dados do Banco Mundial, durante o período 2013-2021, a contribuição da China ao crescimento econômico global foi em média 38,6%, superior à combinada dos países do Grupo dos Sete.
As propostas da China para o desenvolvimento comum exemplificam um entendimento correto das questões globais e um foco no progresso coletivo, disse Farhad Javanbakht Kheirabadi, um estudioso sobre a China na Universidade Shahid Beheshti, no Irã.
SEGURANÇA INDIVISÍVEL
"Com paz, um país desfruta de prosperidade, assim como com chuva, a terra pode florescer", disse Xi, citando um provérbio uzbeque. No entanto, o mundo de hoje está longe de ser tranquilo, com o agravamento de deficits da paz e segurança global.
Em resposta, Xi propôs a Iniciativa de Segurança Global na cerimônia de abertura da Conferência Anual 2022 do Fórum Boao para a Ásia, oferecendo uma solução chinesa para os desafios de segurança global.
A iniciativa defende abordagens cooperativas e alinhadas para substituir a mentalidade de soma zero da Guerra Fria, de maximizar a segurança por meio de contestação de poder e corrida armamentista, disse o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif.
David Monyae, diretor do Centro de Estudos África-China da Universidade de Joanesburgo, opinou que a iniciativa apresenta a filosofia orientadora correta sobre a paz e segurança global.
A Iniciativa de Segurança Global é parte da contribuição da China para corrigir o deficit de segurança global. Nas últimas décadas, a China vem pedindo que se promova uma visão de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável.
Desde 1990, a China despachou mais de 50 mil soldados de manutenção da paz para quase 30 missões da ONU e se tornou o segundo maior contribuinte de financiamento para essas operações críticas da ONU. Csaba Korosi, presidente da 77ª sessão da Assembleia Geral da ONU, descreveu a China como "um forte apoiador para a bandeira azul (das Nações Unidas)".
Enfrentando várias ameaças à segurança, a China procurou coordenar as respostas por meio de mecanismos multilaterais, como a Organização de Cooperação de Shanghai (OCS). Ao discursar na 22ª Reunião do Conselho de Chefes de Estado da OCS em setembro, Xi pediu aos membros que reprimam o terrorismo, o separatismo e o extremismo, bem como enfrentem efetivamente os desafios em segurança de dados, biossegurança, segurança do espaço exterior e outros domínios de segurança não tradicionais.
A construção de uma comunidade global de segurança para todos "aborda as questões do deficit de paz e de governança, e busca a paz e o desenvolvimento", que sem dúvida ganhará força, disse B. R. Deepak, presidente do Centro de Estudos Chineses e do Sudeste Asiático, da Universidade Jawaharlal Nehru, em Nova Déli.
UMA COMUNIDADE
Diante da pandemia persistente, tensões geopolíticas em alta e protecionismo e unilateralismo crescentes, o desenvolvimento global está sofrendo retrocessos.
O último Relatório de Desenvolvimento Humano, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento em setembro, mostrou que nove em cada 10 países caíram para trás no desenvolvimento humano devido a múltiplas crises, incluindo a lacuna Norte-Sul, divisões tecnológicas e ação climática insuficiente.
Além de instar os países desenvolvidos a cumprir sua promessa climática, a China vem ajudando os países em desenvolvimento a melhorar sua adaptabilidade por meio da cooperação Sul-Sul.
Até agora, a China tem oferecido a outros países em desenvolvimento 2 bilhões de yuans (US$ 276 milhões) para adaptação e mitigação do clima, bem como equipamentos incluindo microssatélites e drones usados para monitoramento e alerta de desastres naturais.
Enquanto isso, a China forneceu bens públicos globais onde necessário. Para diminuir a "lacuna de imunização" exposta na pandemia, a China e outros países do BRICS inauguraram um centro de pesquisa e desenvolvimento de vacinas para tornar as vacinas acessíveis e econômicas para os países em desenvolvimento.
Os países também forneceram experiência de desenvolvimento e tecnologia para o Sul Global. Por exemplo, a China está ajudando muitos países africanos, como Moçambique, a desenvolver a agricultura moderna com a ajuda do Sistema de Satélites de Navegação BeiDou, desenvolvido pela China, e equipamentos não tripulados.
Na cerimônia de abertura do Fórum Empresarial do BRICS em junho, Xi mais uma vez pediu ao mundo que "promova amplas consultas e contribuições conjuntas para realizar benefícios compartilhados" para garantir que "todos os países gozem de direitos iguais, sigam as regras como iguais e compartilhem oportunidades iguais".
"Apesar das mudanças em um ambiente global em evolução, a tendência histórica de abertura e desenvolvimento não reverterá o curso", disse Xi, pedindo que se enfrente o desafio e se avance com determinação em direção ao objetivo de construir uma comunidade humana com um futuro compartilhado.
Aos olhos do embaixador argelino na China, Hassane Rabehi, as propostas da China "são nobres porque são do interesse de toda a humanidade" e inspiram todos os países a colaborar para "manter a paz e estabilidade no mundo e trabalhar juntos pelo interesse comum."