Beijing, 4 mar (Xinhua) -- As recentes medidas dos Estados Unidos para lidar com um dirigível civil chinês não tripulado contrariam gravemente o direito internacional e a prática internacinal habitual, disse um especialista em direito internacional à Xinhua, descrevendo as ações norte-americanas como irracionais e não profissionais.

"Este foi um evento puramente inesperado e isolado causado por força maior", lembrou Huang Jin, presidente da Sociedade Chinesa do Direito Internacional, acrescentando que a abordagem dos Estados Unidos ao incidente é obviamente uma reação exagerada e uma propaganda deliberada.

Huang explicou que não é a primeira vez que um dirigível civil não autorizado se desloca para o espaço aéreo de outro país. Neste tipo de situação, salientou ele, uma das regras básicas é evitar o uso de armas contra a aeronave civil em voo e não colocar em perigo a vida das pessoas na aeronave ou a segurança da aeronave, o que os Estados Unidos certamente não seguiram.

"Adotar o princípio da proporcionalidade na jurisprudência geral é também uma prática internacional habitual. Isso significa que quando se tomam medidas, é preciso considerar se é apropriado, legítimo, necessário e proporcional", ressaltou Huang, acrescentando que no caso de um dirigível ou balão civil, abatê-lo com mísseis obviamente não está em conformidade com o princípio da proporcionalidade.

"Como diz o ditado chinês, isto é como atirar em mosquitos com canhões", afirmou Huang, enfatizando que é totalmente desnecessário que o lado americano faça tanto alarido.

A dramatização do incidente com o dirigível pelos Estados Unidos serve a suas necessidades políticas internas, bem como ao propósito de fazer passar a "ameaça da China" e reprimir o país asiático, apontou Huang.

Quanto à investigação conduzida pelo lado estadunidense, Huang falou que realmente duvida da confiabilidade e da provabilidade da mesma. "Ou ambos os países devem participar da investigação, ou deve ser encaminhada a um terceiro independente, para que a investigação seja convincente e confiável", acrescentou.

"A ação em si de abater o dirigível é na verdade baseada na 'presunção de culpa'", destacou Huang, acrescentando que, como a investigação está sendo conduzida apenas pelo lado estadunidense, eles podem sucumbir a noções pré-concebidas.