Navio cargueiro com soja do Brasil se prepara para descarregar no porto de Yangpu, na Zona de Desenvolvimento Econômico de Yangpu, em Danzhou, Província de Hainan, sul da China, em 22 de julho de 2022. (Xinhua/Guo Cheng)

   Rio de Janeiro, 9 mar (Xinhua) -- Já se passaram 50 anos desde que a gigante brasileira de mineração Vale começou a exportar produtos para a China e a empresa espera continuar sua estreita cooperação e abraçar um futuro verde neutro em carbono junto com o país asiático, disse Gustavo Biscassi, chefe de assuntos externos.

   As perspectivas para a economia da China em 2023 permanecem positivas, já que seus fundamentos de longo prazo permanecem sólidos e inalterados, avaliou Biscassi em entrevista por escrito à Xinhua. Ele acredita que o país continuará a desempenhar um papel significativo na economia global como um motor de crescimento.

   VENDAS ESTÁVEIS

   Durante a pandemia, os negócios da Vale na China permaneceram estáveis, com as vendas de minério de ferro para o país se estabilizando em 192 milhões de toneladas em 2020, 197 milhões em 2021 e 190 milhões em 2022. Esses números refletem a demanda contínua chinesa por matérias-primas de alta qualidade, apoiada pelos sólidos fundamentos econômicos da nação, lembrou Biscassi.

   O executivo destacou que a China mantém sua posição como o maior polo manufatureiro do mundo desde 2010. É o único país do mundo que tem todas as categorias industriais listadas na classificação industrial da ONU e o maior produtor mundial de mais de 220 tipos de produtos industriais.

   Em 2022, o comércio exterior chinês bateu recorde, já que o comércio total de bens atingiu 42,1 trilhões de yuans (US$ 6,04 trilhões), excedendo a marca dos 40 trilhões de yuans (US$ 5,74 trilhões) pela primeira vez. Tudo isso faz da China parte integrante da cadeia industrial e de suprimentos global, acrescentou Biscassi.

   Ele expressou que, para a Vale, o país asiático não é apenas o maior mercado, mas também um fornecedor fundamental de equipamentos e serviços de mineração, infraestrutura e logística. A empresa vem se aproveitando muito a escala e a tecnologia que a indústria manufatureira chinesa desenvolveu ao longo das décadas, afirmou.

   DESENVOLVIMENTO VERDE

   Nos últimos anos, a cooperação da Vale com a China vem se aprofundando na área de desenvolvimento verde.

   No ano passado, a empresa iniciou o projeto Sol do Cerrado no Brasil, um dos maiores projetos solares da América Latina. Os módulos fotovoltaicos e peças de reposição são fornecidos pelo principal fabricante chinês de módulos solares JinkoSolar. Além disso, também recebeu da China uma locomotiva elétrica 100% movida a bateria e dois caminhões elétricos de 72 toneladas e 100% movidos a bateria, fabricados pela chinesa CRRC Zhuzhou Locomotive e XCMG, respectivamente, contou Biscassi à Xinhua.

   Aos seus olhos, o ambiente de negócios na China tem melhorado continuamente nos últimos anos, especialmente desde que a histórica Lei de Investimento Estrangeiro foi aplicada em janeiro de 2020.

   Por exemplo, a Administração Geral das Alfândegas introduziu uma série de medidas de reforma, tais como uma maior promoção da política de desembaraço alfandegário sem papel para melhorar continuamente a eficiência deste processo.

   A empresa vem se beneficiando dessas medidas de reforma, segundo ele. Em alguns portos, o tempo de desembaraço aduaneiro foi significativamente reduzido de 2 a 3 dias no passado para algumas horas agora, o que permite entregar produtos de minério de ferro de alta qualidade aos clientes siderúrgicos chineses de uma maneira mais eficiente. A política de desembaraço aduaneiro sem papel também ajudou muito durante a pandemia, permitindo que os funcionários da empresa enviassem os materiais necessários online sem sair de casa, o que é seguro, conveniente e eficiente, exaltou.

   PARCERIA ESTREITA

   Há 50 anos, a Vale enviou seu primeiro carregamento de minério de ferro para a China, em 1973, estabelecendo uma parceria com o país.

   A empresa testemunhou todo o processo de reforma e abertura, que começou em 1978, como beneficiária e contribuinte, destacou Biscassi.

   Por um lado, forneceu à China mais de 2,9 bilhões de toneladas de produtos de minério de ferro de alta qualidade, o que contribuiu para o desenvolvimento econômico do país. Por outro lado, a nação tem sido o maior mercado da empresa desde 2006 e destino de mais de 50% dos seus produtos de minério de ferro desde 2014. O crescimento da Vale está intimamente ligado ao desenvolvimento da China, comentou.

   Como parceira do país há 50 anos e fornecedora confiável de matérias-primas para a indústria siderúrgica chinesa, a Vale mantém um compromisso de longo prazo com o mercado chinês e sempre o coloca no centro da estratégia de negócios. A companhia quer continuar a estreita cooperação nos próximos 50 anos e abraçar um futuro verde neutro em carbono junto com a China, finalizou.

Estande da exposição do Brasil durante a Feira Internacional de Comércio de Serviços da China (CIFTIS) 2021, em Beijing, capital da China, em 5 de setembro de 2021. (Xinhua/Wang Tiancong)