A foto tirada em agosto de 2022 mostra uma imagem da zona central do céu da Via Láctea obtida pelo telescópio de olhos de lagosta, ou o Lobster Eye Imager for Astronomy (LEIA). (NAOC/Handout via Xinhua)

   Beijing, 19 mar (Xinhua) -- A China planeja lançar um novo satélite astronômico de raios X, a Sonda Einstein (Einstein Probe, em inglês), no final deste ano, disse Yuan Weimin, principal investigador do projeto do satélite.

   Yuan, que também é pesquisador nos Observatórios Astronômicos Nacionais da Academia Chinesa de Ciências (NAOC, em inglês), revelou os últimos progressos do projeto da Sonda Einstein no recente 35º Simpósio Nacional sobre Exploração Espacial.

   "O satélite entrou na fase final de desenvolvimento", disse ele.

   Segundo o cientista, espera-se que a sonda capture a primeira luz de explosões de supernovas, ajude a procurar e localizar fontes de ondas gravitacionais e observe os misteriosos fenômenos transitórios no universo.

   Os cientistas descobriram que existem muitas fontes transitórias e explosivas no universo, a maioria das quais pode irradiar enormes quantidades de energia em um período de tempo muito curto e mostrar variações complexas de brilho na faixa de raios X, tais como buracos negros que estão devorando estrelas.

   "Estas fontes transientes rápidas são cruciais para estudos cosmológicos e de galáxias, mas atualmente são mal compreendidas pelos cientistas", disse Yuan.

   Novas pesquisas requerem uma nova geração de equipamentos de detecção com campos de visão extremamente grandes, alta sensibilidade, alta resolução e capacidade de resposta rápida, acrescentou ele.

   Mas a questão importante a este respeito é como fazer tal equipamento.

   Os biólogos descobriram cedo que o olho da lagosta é diferente dos outros animais. Os olhos de lagosta são formados por inúmeros pequenos tubos quadrados, apontando para o mesmo centro esférico. Esta estrutura permite que a luz de todas as direções reflita nos tubos e converge para a retina, o que dá ao animal um grande campo de visão.

   Os cientistas então simularam o olho da lagosta para criar um telescópio para detectar raios X no espaço.

   Através da cooperação com outras organizações, o Laboratório de Imagem de Raios-X da NAOC iniciou o trabalho de pesquisa e desenvolvimento da tecnologia de imagem de raios-X do olho da lagosta em 2010 e finalmente fez um grande avanço.

   A equipe realizou o teste de validação da tecnologia no telescópio Lobster Eye Imager for Astronomy (LEIA) -- um pioneiro do instrumento Sonda Einstein -- que foi lançado em julho de 2022, e revelou o primeiro lote do mundo de instantâneos de raios X de campo grande do céu capturado pelo LEIA.

   "Graças à tecnologia do telescópio de olhos de lagosta, a Sonda Einstein será capaz de monitorar a faixa de raio X suave, atualmente pouco conhecida, com um grande campo de visão e alta sensibilidade", disse Yuan.

   "Esta tecnologia revolucionará o monitoramento do céu de raios X, e o módulo de teste mostra o forte potencial científico da missão da Sonda Einstein", disse Paul O'Brien, diretor de Astrofísica, Escola de Física e Astronomia da Universidade de Leicester.

   De acordo com Yuan, a Sonda Einsteino realizará levantamentos sistemáticos do céu para monitorar objetos transitórios de alta energia no universo.

   Espera-se que a missão descubra buracos negros invisíveis e mapeie a distribuição de buracos negros no universo, e nos ajude a estudar sua formação e evolução. A sonda também será usada para procurar sinais de raios X que acompanham os eventos de ondas gravitacionais e localizá-los, disse Yuan.

   O programa de satélites, parte de um projeto de ciência espacial da Academia Chinesa de Ciências, atraiu grande atenção em todo o mundo, com a Agência Espacial Europeia, o Instituto Max Planck de Física Extraterrestre na Alemanha e a agência espacial francesa participando do mesmo.