Foto tirada em 11 de julho de 2022 mostra uma cena da cerimônia de boas-vindas da 10.000ª viagem feita pelos trens de carga China-Europa operados pela China-Europe Railway Express (Chongqing) em Duisburgo, Alemanha. (Xinhua/Ren Pengfei)
Alguns membros do Parlamento Europeu (MEPs) pediram na terça-feira aos estados-membros da União Europeia (UE) que desenvolvam uma política autônoma em relação à China independente dos Estados Unidos e busquem cooperação em vez de confronto com Beijing.
Bruxelas, 18 abr (Xinhua) -- Alguns membros do Parlamento Europeu (MEPs) pediram na terça-feira aos Estados-membros da União Europeia (UE) que desenvolvam uma política autônoma em relação à China independente dos Estados Unidos e busquem cooperação em vez de confronto com Beijing.
O Parlamento Europeu realizou na terça-feira uma sessão plenária em Estrasburgo sobre "a necessidade de uma estratégia coerente para as relações UE-China", após alguns líderes europeus, incluindo o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez, o presidente francês Emmanuel Macron e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, visitaram a China nas últimas semanas.
"Depois de visitar a China, o presidente francês Macron declarou que a Europa precisa de mais autonomia estratégica e não deve ser vassalo dos Estados Unidos da América. Não costumo concordar com Emmanuel Macron, mas desta vez acho que ele estava certo porque a atual política europeia não faz sentido e está destruindo a Europa", disse o eurodeputado eslovaco não inscrito Milan Uhrik no debate.
Uhrik se referiu às palavras de Macron quando foi entrevistado pelo serviço de notícias norte-americano Politico e pelo jornal francês Les Echos em seu avião de volta de uma visita de Estado de três dias à China de que a Europa havia aumentado sua dependência dos Estados Unidos para armas e energia e agora deve se concentrar em impulsionar suas próprias indústrias de defesa. O chefe de Estado francês disse que a Europa deve reduzir sua dependência dos Estados Unidos e a autonomia estratégica deve ser a luta da Europa.
Visitantes degustam vinhos franceses na 3ª Exposição Internacional de Produtos de Consumo da China (CICPE, em inglês) em Haikou, Província de Hainan, no sul da China, no dia 13 de abril de 2023. (Xinhua/Wang Zecong)
Quando se trata da política da UE para a China, Uhrik disse: "Alguns de vocês estão nos levando a um confronto com a China porque os EUA veem a China como uma ameaça ao seu domínio mundial".
"Em vez de a Europa aproveitar as oportunidades oferecidas pela Ásia em desenvolvimento, estamos procurando uma ameaça ou um inimigo em todos. Em breve teremos sanções contra o mundo inteiro e o mundo inteiro ficará isolado... Vamos acabar isolados. Já é hora, realmente é hora de acabar com essa política de confronto", disse Uhrik.
"O debate sobre as relações da União Europeia com a China nos coloca perante o dilema de ter uma política internacional autônoma baseada nos nossos interesses ou continuar a sublocar a nossa política internacional a organizações e estruturas que tomam as suas decisões com base nos interesses de outros, quando não contrários ao nosso", disse o eurodeputado espanhol Manu Pineda (Esquerda) durante o debate.
Pineda disse que a UE deve ser um ator independente no desenvolvimento de uma ordem internacional aberta e multipolar, e nesse compromisso com a autonomia da UE nas suas políticas internacionais é necessário recuperar a normalidade nas suas relações com a China.
"Ninguém pode negar que melhorar as relações com a China beneficia a UE e seu povo. Não vamos cair na armadilha armada para nós por aqueles que sentem que seus privilégios de hegemonia mundial estão ameaçados. Não vamos fazer o trabalho sujo deles. Vamos defender a interesses da Europa de nossa autonomia", disse Pineda.
O eurodeputado Jan Zahradil, membro checo do Grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR, em inglês), disse que as relações UE-China não são boas neste momento, mas podem e devem ser melhores.
Pessoas provam lanches chineses em uma feira que celebra o Ano Novo Chinês em Namur, Bélgica, em 28 de janeiro de 2023. (Xinhua/Pan Geping)
"Acho que precisamos encontrar um novo equilíbrio com a China porque, gostemos ou não, a China está aqui como um player global e continuará sendo. Temos que nos ajustar a essa nova situação multipolar", afirmou.
Zahradil pediu coabitação em vez de confronto entre a UE e a China e argumentou que a UE precisa diminuir as tensões sobre Taiwan, não aumentá-las ainda mais.
"Há uma campanha liderada por Washington para combater a influência econômica da China no mundo, então vemos os pontos de discussão dos EUA sobre repressão interna e comportamento assertivo no exterior sendo papagueados por representantes da UE, enquanto os EUA não têm problemas em aumentar seu comércio e investimento com a China ano após ano," disse o eurodeputado Mick Wallace (grupo da Esquerda) da Irlanda.
Wallace disse que o capital financeiro dos EUA quer obter lucros na China e na Europa, e criar uma barreira entre a UE e a China é uma boa maneira de fazer isso para eles.
"E, muito tristemente, há pessoas em Bruxelas que parecem estar ajudando-os a fazer isso", acrescentou.