Nicarágua pede que EUA paguem "dívida histórica", mostrando forte determinação contra hegemonia na América Latina-Xinhua

Nicarágua pede que EUA paguem "dívida histórica", mostrando forte determinação contra hegemonia na América Latina

2023-07-06 11:59:22丨portuguese.xinhuanet.com

Ministro das Relações Exteriores da Nicarágua, Denis Moncada, sorri em entrevista em Manágua, Nicarágua, no dia 14 de dezembro de 2021. (Xinhua/Xin Yuewei)

Tratando a América Latina como seu "quintal", os Estados Unidos têm buscado a hegemonia, manipulando a retórica da "democracia e liberdade" enquanto priorizam seus próprios interesses desde que adotaram a Doutrina Monroe há 200 anos.

Cidade do México, 4 jul (Xinhua) -- O ministro das Relações Exteriores da Nicarágua entregou no dia 27 de junho uma carta ao secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, assinada pelo presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, exigindo que os Estados Unidos paguem mais de 12 bilhões de dólares americanos em indenização para cumprir a sentença da Corte Internacional de Justiça em 1986, que condenou os Estados Unidos por financiar a guerra civil no país.

Depois de 37 anos, os Estados Unidos ainda não pagaram a "dívida histórica". Tratando a América Latina como seu "quintal", os Estados Unidos têm buscado a hegemonia, manipulando a retórica da "democracia e liberdade" enquanto priorizam seus próprios interesses desde que adotaram a Doutrina Monroe há 200 anos.

O sentimento anti-hegemonia entre os países latino-americanos e seus povos, que há muito sofrem com a interferência e opressão dos EUA, ficou cada vez mais forte. O diálogo e o multilateralismo para enfrentar o bullying dos EUA e defender a integração regional viraram a opção de número cada vez maior de países latino-americanos.

 

INDENIZAÇÃO PENDENTE

Em 1979, a Frente Sandinista de Libertação Nacional derrubou a família Somoza, que governou a Nicarágua por mais de 40 anos com o apoio dos Estados Unidos.

Para controlar o país, o governo dos EUA começou a financiar os grupos armados antigovernamentais, treinando soldados, fornecendo armas e os incentivando a colocar minas marítimas em portos importantes, o que destruiu muitos navios mercantes estrangeiros.

Enquanto isso, os Estados Unidos também os incitaram a iniciar uma guerra civil, trazendo caos ao país, que se tornou um dos mais pobres do Hemisfério Ocidental.

Em 1984, o governo da Nicarágua processou o governo dos Estados Unidos na Corte Internacional de Justiça, exigindo indenização por danos causados por anos de interferência em assuntos internos.

Em 1986, a Corte Internacional de Justiça emitiu a sentença de que os Estados Unidos violaram a Convenção das Nações Unidas e ordenou que pagassem à Nicarágua mais de 12 bilhões de dólares em indenizações.

Mas durante várias votações no Conselho de Segurança da ONU, os Estados Unidos repetidamente exerceram seu poder de veto, o que resultou no não pagamento da indenização.

Depois que Violeta Chamorro, a candidata apoiada pelos Estados Unidos, foi eleita em 1990, o pedido de indenização dos Estados Unidos foi revogado.

Agora o presidente Ortega exigiu que os Estados Unidos façam reparações.

Em sua carta ao secretário-geral da ONU, Ortega deixou claro que "não é uma obrigação que não foi definida ou que está sujeita a parecer consultivo de um órgão judicial. É uma obrigação já estabelecida em decisão final da mais alta autoridade judicial internacional, a Corte Internacional de Justiça".

Os Estados Unidos "nunca assumiram o custo social dessas ilegalidades", observou ele.

 

"TÃO LONGE DE DEUS E TÃO PERTO DOS ESTADOS UNIDOS"

A interferência nos assuntos internos da Nicarágua é apenas o começo da Doutrina Monroe dos EUA e da hegemonia na América Latina.

Nos últimos 200 anos, os Estados Unidos intervieram militarmente na América Latina mais de 30 vezes, sem contar as muitas interferências disfarçadas ou indiretas por meio da "política do dinheiro".

Os países latino-americanos, considerados "quintal" pelos Estados Unidos, perderam territórios e entraram em turbulência e pobreza sob essa hegemonia.

Em 1915, os Estados Unidos enviaram tropas para ocupar o Haiti sob o pretexto de "proteger a diáspora" da agitação local. Não retirou suas tropas até 1934. Durante a ocupação, soldados supremacistas brancos dos EUA massacraram residentes negros. Atualmente, o Haiti continua sendo um dos países menos desenvolvidos do mundo.

No início dos anos 1950, o então presidente guatemalteco Jacobo Arbenz Guzman implementou reformas agrárias que envolviam a redistribuição de terras não utilizadas de propriedade da United Fruit Company, de propriedade dos Estados Unidos, para agricultores sem terras. Isso levou a empresa a fazer lobby junto ao governo dos EUA para apoiar um golpe liderado por Carlos Castillo Armas com o objetivo de derrubar o governo Arbenz.

Em 1989, os Estados Unidos enviaram tropas de elite para invadir o Panamá novamente sob o pretexto de "proteger a vida e a propriedade dos cidadãos americanos", derrubando o governo militar, tentando tomar o controle permanente do Canal do Panamá e resultando na morte de quase 500 panamenhos.

Em 2018, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos determinou que os Estados Unidos violaram a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e exigiram que os Estados Unidos pagassem uma indenização. Mas o país não respondeu.

Além disso, os Estados Unidos tomaram quase 2,3 milhões de quilômetros quadrados de terras do México durante a Guerra Mexicano-Americana e invadiram Granada para apoiar um regime pró-americano. Os crimes de interferência e opressão dos EUA nos países latino-americanos são muitos para caberem em uma lista.

Até hoje, os Estados Unidos ainda oprimem os países latino-americanos de várias formas. Segundo um velho ditado, "tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos".

 

UNIDOS CONTRA A HEGEMONIA

Das lutas políticas à resistência armada, o povo latino-americano nunca parou de resistir à intervenção dos Estados Unidos. Conforme o processo de integração regional acelera, a união dos países latino-americanos contra a hegemonia dos Estados Unidos fica mais forte.

Líderes de países latino-americanos pediram o fim do bloqueio econômico e financeiro contra Cuba e o estabelecimento de um mecanismo de integração regional que proteja os interesses comuns dos povos e respeite a diversidade, além de se opor à ingerência e hegemonia estrangeiras, na sétima Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos realizada em janeiro.

Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva fala em evento comemorativo do 43º aniversário da fundação do Partido dos Trabalhadores em Brasília, Brasil, no dia 13 de fevereiro de 2023. (Foto por Lucio Távora/Xinhua)

Em maio, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, em uma cúpula em Brasília, capital do Brasil, onde líderes da União de Nações Sul-Americanas se reuniram para "relançar" o bloco regional, propôs um amplo esquema de cooperação, incluindo a possibilidade de criar uma moeda regional comum ou mecanismo semelhante para reduzir a dependência do dólar americano no comércio.

Com o objetivo de criar uma efetiva Área de Livre Comércio Sul-Americana, os líderes sul-americanos chegaram ao Consenso de Brasília, mostrando forte determinação em buscar a integração regional.

O ex-ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Fernando Huanacuni, destacou que, ao promover uma "América para os americanos", o que a Doutrina Monroe e suas políticas derivadas realmente visavam era uma "América para os Estados Unidos".

A demanda da Nicarágua por indenização dos Estados Unidos representa a voz coletiva da América Latina pedindo seus esforços conjuntos para combater a hegemonia unipolar dos EUA por meio de mecanismos de integração, disse Huanacuni.

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