Por Wu Hao, Lyu Chengcheng, Wei Mengjia e Liu Jie, correspondentes da Xinhua
Beijing/Luanda, 19 set (Xinhua) -- Sob o sol escaldante, as pessoas se reuniam nos pontos de fornecimento de água com baldes, chaleiras e bacias sobre as cabeças, aguardando a chegada dos caminhões-tanque. Nas áreas mais remotas, os moradores caminhavam durante a madrugada para buscar água em poços ou rios. Na Província de Cabinda, região enclave no norte de Angola, essa é uma memória comum entre muitos residentes locais.
Apesar de a região tropical ter um clima úmido, os moradores ainda sofriam com a escassez de água devido à falta de infraestrutura adequada. A higiene, a segurança e o fornecimento da água potável eram garantidos de forma precária, conforme explicou Wang Cheng'an, especialista sênior do Centro Chinês de Estudos dos Países de Língua Portuguesa da Universidade de Economia e Negócios Internacionais.
Em junho do ano passado, foi concluído o Projeto de Abastecimento de Água de Cabinda, executado pela China Railway Construction Corporation, proporcionando o acesso à água encanada pela primeira vez para muitos moradores locais.
Li Chongyang, diretor-geral da China Railway Construction Corporation (International) Limited, informou que o projeto pode fornecer diariamente 50 mil metros cúbicos de água e atender a 92% da população de Cabinda.
Residentes recolhem água em um ponto de abastecimento de água construído pela Power Construction Corporation of China, na Província do Cunene, Angola, em 5 de julho de 2023. (Xinhua/Lyu Chengcheng)
Além de Cabinda, a Província do Cunene, no sul de Angola, onde a estação seca pode durar até nove meses por ano, também se beneficiou com a chegada de empresas chinesas.
Augusto, um morador local, jamais esquecerá a seca de 2018, quando os campos estavam rachados, o gado morreu em massa e muitas pessoas fugiram para países vizinhos.
Em 2019, a construção dos Projetos Estruturantes para o Combate aos Efeitos da Seca no Cunene foram inaugurados pela Power Construction Corporation of China. Hoje, um canal de 150 quilômetros liga o Rio Cunene a várias comunidades locais, levando água limpa para estações de bombeamento, reservatórios e pontos de distribuição ao longo do percurso.
Li Xunfeng, chefe-representante da Power Construction Corporation of China em Angola, informou que o projeto beneficiou 235 mil pessoas no Cunene, fornecendo água para pastagens locais com 250 mil cabeças de gado e permitindo a irrigação de 5.000 hectares de terra.
"Nós sofremos muito com essa seca", disse o morador Mongela, mas agora as pessoas e os gados têm acesso à água, e a situação melhorou muito graças a esse canal.
Foto tirada em 5 de julho mostra o canal construído pela Power Construction Corporation of China, na Província do Cunene, Angola. (Xinhua/Lyu Chengcheng)
A parceria entre Angola e a China é de grande importância, afirmou a governadora da Província do Cunene, Gerdina Didalewa, destacando que as empresas chinesas que construíram projetos de abastecimento de água deram importantes contribuições para melhorar a qualidade de vida das pessoas e combater a pobreza.
Para o ministro de Energia e Água de Angola, João Baptista Borges, o valor desses projetos de abastecimento de água para o povo angolano é incalculável.
"Água é vida, e energia é desenvolvimento", disse o ministro, enfatizando que os projetos construídos pelas empresas chinesas, desde Cabinda até o Cunene, têm permitido aos angolanos um maior e melhor acesso a esses serviços, melhorando sua qualidade de vida e criando melhores condições econômicas em todos os níveis.
Desde que a China propôs a Iniciativa do Cinturão e Rota, há 10 anos, vários projetos chineses em Angola nas áreas de abastecimento de água, transporte hidroviário e energia hídrica foram concluídos.
Na opinião de Wang Cheng'an, este é um exemplo vivo da cooperação entre a China e os países africanos na implementação da Iniciativa do Cinturão e Rota. "A escassez de água tem sido um grande obstáculo para o desenvolvimento econômico e social da África. As instalações de abastecimento de água construídas por empresas chinesas no continente oferecem aos países africanos um 'plano chinês' para explorar os recursos hídricos e aliviar a sede da população do continente."