Afetados por catástrofes climáticas no Brasil chegam ao maior nível em dez anos em 2022-Xinhua

Afetados por catástrofes climáticas no Brasil chegam ao maior nível em dez anos em 2022

2023-09-28 09:37:15丨portuguese.xinhuanet.com

Rio de Janeiro, 27 set (Xinhua) -- O número total de pessoas afetadas por catástrofes relacionadas com a chuva no Brasil e o número desses eventos alcançaram em 2022 seu nível mais alto em dez anos, com 890.188, entre mortos, feridos, enfermos, desabrigados, deslocados e desaparecidos, 150% mais que em 2012, de acordo com dados do Sistema Nacional de Defesa Civil.

As pessoas foram afetadas por 2.576 registros de fortes chuvas, inundações, transbordamentos e movimentos em massa (como deslizamentos de terra), um aumento de 402% em comparação com 2012.

Os dados são do S2iD (Sistema Integrado de Informação sobre Desastres), alimentado pelos governos estaduais e municipais.

Ainda não há informação consolidada para 2023, ano no qual o Brasil voltou a sofrer com chuvas torrenciais que devastaram cidades do litoral do estado de São Paulo e do estado sulista do Rio Grande do Sul.

Analisando o número de afetados na última década, houve picos, além do observado em 2022 (74% de aumento em relação ao ano anterior), em 2019 (214% e mais de 319.000 afetados), 2017 (177% e mais de 306.000 atingidos) e 2013 (63% e mais de 581.000 afetados).

Segundo afirmou à Xinhua o físico e professor da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Artaxo, os números são a prova de que os efeitos do aquecimento global já chegaram.

"O que previram os relatórios do Grupo Internacional de Especialistas sobre a Mudança Climática da ONU é exatamente o que está acontecendo agora. Estamos vendo na Líbia, no Rio Grande do Sul e na China um forte aumento da concentração de chuvas", comentou.

"Antes das inundações na Líbia, houve um recorde histórico na Grécia, com 700 milímetros em 24 horas", recordou Artaxo, para quem, os registros de chuvas intensas configuram um cenário que exige respostas rápidas." As catástrofes continuarão durante muito tempo, até finais deste século. Não sabemos o que acontecerá no próximo, mas não há como voltar, ressaltou.

Artaxo destacou que é necessário um esforço global para cumprir os objetivos de redução de emissões de carbono, algo que considera difícil.

"Na COP (Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática) de Glasgow, em 2021, todos concordaram em reduzir as emissões em quase 50% até 2030, e 2022 já foi o ano com as emissões mais altas da história", destacou.

Artaxo enfatizou a importância de se aproveitar a tecnologia existente para evitar os desastres climáticos e salvar vidas.

"O alerta de catástrofe leva em conta a zona de risco, a gravidade deste risco, se há possibilidade de deslizamentos e aspectos da vulnerabilidade social da população", explicou.

Atualmente, um grupo liderado pela universidade PUC-Rio está trabalhando em um Plano Nacional de Proteção Civil e Defesa. O documento deve ser entregue em um prazo de 30 meses, segundo um decreto promulgado em dezembro de 2020. 

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