Rio de Janeiro, 10 fev (Xinhua) -- O juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, levantou nesta sexta-feira o sigilo de uma gravação de vídeo de uma reunião realizada em julho de 2022, na qual o então presidente Jair Bolsonaro e seus ministros discutiram "ações" relacionadas às eleições presidenciais de outubro daquele ano.

Segundo a Polícia Federal, durante a reunião, Bolsonaro ordenou a divulgação de informações fraudulentas para tentar reverter a situação na disputa eleitoral e evitar uma possível vitória do atual presidente e então candidato, Luiz Inácio Lula da Silva.

A gravação é uma das provas da operação da PF contra militares e ex-ministros suspeitos de participar na preparação de uma tentativa de golpe de Estado.

A Polícia Federal encontrou o vídeo no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid fez um acordo de delação premiada que já foi ratificado por Alexandre de Moraes.

No auto que anulou o sigilo do vídeo, Moraes afirmou que a decisão de liberar a prova foi tomada "diante das numerosas publicações jornalísticas com a divulgação parcial e editada com extratos da reunião".

No vídeo, Bolsonaro diz a ministros que se não reagisse diante de uma suposta fraude eleitoral, o Brasil se converteria em uma grande guerrilha.

A gravação mostra que o ex-presidente afirma, sem provas, que havia um acordo secreto contra ele no Tribunal Superior Eleitoral, que "estaria passando por cima da Constituição".

"Vou entrar em campo usando meu exército, meus 23 ministros", disse Bolsonaro, segundo transcrição da PF que aparece na investigação.

Na decisão, Moraes escreveu que a reunião "revela claramente a disposição de dinâmicas golpistas na cúpula do governo, manifestada por todos que participaram dela".

Nesta quinta-feira, o ex-presidente Bolsonaro entregou seu passaporte às autoridades por ordem da Suprema Corte.

A operação "Tempus Veritatis" foi lançada na manhã da quinta-feira contra os suspeitos de participar de uma tentativa de golpe de Estado e de invalidar a vitória de Lula na eleição de 2022.