Lhasa, 8 mar (Xinhua) -- Vestida com uma roupa tibetana novinha, Chide empacotou todos os documentos que havia coletado em sua pesquisa de campo e partiu em uma viagem de cerca de 3 mil km. Seu destino: Beijing.

A tibetana da Região Autônoma de Xizang, no sudoeste da China, é uma legisladora nacional que participa da sessão anual em andamento da Assembleia Popular Nacional (APN), a legislatura nacional.

Como ela é a chefe do Partido de uma aldeia na cidade de Nagqu, não é de surpreender que sua proposta esteja relacionada ao desenvolvimento de alta qualidade da pecuária e à revitalização rural - ambas questões urgentes para as pessoas que ela representa.

"Desde que trabalhemos arduamente, poderemos atingir a meta de prosperidade comum, junto com o restante do nosso país e da nossa região", disse ela.

Após esforços consideráveis, Xizang alcançou um desenvolvimento econômico significativo ao otimizar sua estrutura industrial, resultando em benefícios tangíveis para os residentes.

Em 2023, o produto interno bruto (PIB) da região cresceu 9,5% em relação ao ano anterior, chegando a quase 239,3 bilhões de yuans (US$ 33,7 bilhões). O valor agregado do setor de serviços respondeu por 54,1% do PIB regional e contribuiu com uma parcela de 57,6% para o crescimento econômico.

Tsering, 49 anos, beneficiou-se do crescimento do turismo. Ele é natural de Tashi Chodan, uma comunidade conhecida pelas óperas tibetanas e por sua proximidade com resorts turísticos, como o Templo Trandruk e o mausoléu do rei tibetano Songtsen Gampo, na cidade de Shannan. Tsering reformou sua casa e a transformou em uma homestay com cinco quartos de hóspedes.

"Nossos hóspedes geralmente visitam resorts próximos durante o dia, assistem a apresentações de ópera tibetana à noite e pernoitam aqui", disse Tsering, acrescentando que os quartos de hóspedes estavam totalmente reservados durante o período de maior movimento.

Nyima Tsering, diretor do comitê comunitário, disse que sua comunidade obteve uma receita de turismo de 1,85 milhão de yuans em 2023, incluindo 1,04 milhão de yuans do negócio de hospedagem em casa de família.

Basang, 75 anos, da comunidade Khesum em Shannan, sentiu grandes mudanças nas últimas décadas. Filho de servos na antiga Xizang, nem arroz nem legumes enfeitavam a mesa de jantar de sua família durante sua infância, e eles não tinham médicos a quem recorrer quando estavam doentes.

Khesum foi a primeira aldeia de Xizang a lançar a reforma democrática em 1959, quando todos os servos foram emancipados da servidão feudal.

Agora, ele recebe um exame médico gratuito anualmente e tem assistência médica.

"Não precisamos sair de nossa comunidade por causa de doenças menores, como dor de estômago", disse ele, acrescentando que eles também têm um médico de família que oferece serviços médicos de visita.

De acordo com um documento oficial publicado no ano passado, Xizang tem um sistema de saúde pública abrangente que cobre serviços médicos básicos regulares, maternidade e cuidados infantis, prevenção e controle de doenças e medicina e terapias tibetanas. A expectativa média de vida na região aumentou de apenas 35,5 anos em 1951, o ano da libertação pacífica da região, para 72,19 anos atualmente.

A região também é a primeira região de nível provincial na China a oferecer 15 anos de educação com financiamento público, desde o jardim de infância até o ensino médio, o que contrasta fortemente com a situação há 70 anos, quando o acesso à educação era limitado à nobreza.

Padma Tenzin, aluno da quarta série de Khesum, frequenta a escola na área urbana da cidade, saindo de casa todos os domingos e retornando na sexta-feira seguinte. Ele não apenas estuda tibetano, chinês, inglês, matemática, ciências e outras matérias, mas também pode optar por frequentar aulas extracurriculares, incluindo basquete, futebol, música e dança.

Como muitas outras crianças no resto da China, o menino de 9 anos gosta de jogar basquete e assistir a desenhos animados em um tablet.

"Os desenhos animados 'Boonie Bears' e 'GG-Bond' estão entre os meus favoritos. Ambos são em tibetano", disse ele com um sorriso.