Por que a "Cúpula pela Democracia" apoiada pelos EUA só gera divisão e confronto-Xinhua

Por que a "Cúpula pela Democracia" apoiada pelos EUA só gera divisão e confronto

2024-03-25 11:24:30丨portuguese.xinhuanet.com

* A lista de desafios que preocupam a sociedade dos EUA fica cada vez maior, tornando a narrativa da democracia americana ainda menos convincente.

* A falta de discussão sobre soluções para as crises globais, como o conflito Ucrânia-Rússia, o conflito israelo-palestino, as mudanças climáticas e a pobreza, mostra que a conferência foi só uma plataforma de confronto liderada pelos Estados Unidos.

* A essência da cúpula patrocinada por Washington é armar a democracia, fomentar a divisão e proteger sua hegemonia.

O presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, participa de reunião na terceira "Cúpula pela Democracia" em Seul, Coreia do Sul, no dia 20 de março de 2024. (Gabinete Presidencial da Coreia do Sul/Divulgação via Xinhua)

Seul, 23 mar (Xinhua) -- A terceira "Cúpula pela Democracia" terminou silenciosamente na quarta-feira. Ao contrário das duas cúpulas anteriores organizadas e coorganizadas por Washington, o evento deste ano foi terceirizado para a Coreia do Sul. No entanto, seu principal foco como ferramenta ideológica de confronto continuou inalterado.

Apesar da promoção vigorosa de Washington, as duas cúpulas anteriores não alcançaram resultados tangíveis. A terceira edição também não se concentrou nas crises reais na Ucrânia e em Gaza. Como patrocinador, Washington tinha uma intenção com a cúpula: suprimir outros países e dividir o mundo em nome da democracia.

Pessoas aguardam ajuda alimentar na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, no dia 14 de março de 2024. (Foto por Khaled Omar/Xinhua)

PATROCINADOR MUITO CRITICADO

Retratando-se como um "farol da democracia", os Estados Unidos falam frequentemente sobre a democracia, mas o chamado farol está ficando cada vez mais obscuro. Enfrentando vários problemas de direitos humanos no seu país, cada vez mais cidadãos dos EUA estão perdendo a fé na democracia americana.

Uma pesquisa do Pew Center mostra que 65% dos americanos acreditam que o sistema democrático dos EUA precisa de grandes reformas e 57% dos entrevistados acreditam que os Estados Unidos "não são mais um modelo de democracia".

Desde a polarização política agravada e o aumento da desigualdade de riqueza, até às crescentes divisões sociais e à discriminação racial enraizada, a lista de desafios que preocupam a sociedade dos EUA fica cada vez maior, tornando a narrativa da democracia americana ainda menos convincente.

Entretanto, o cenário político americano está cheio de falhas sistêmicas, incluindo a supressão desenfreada dos eleitores, a manipulação e a influência enorme dos interesses empresariais na política eleitoral. Essas deficiências reduzem a confiança do público no processo democrático e minaram a legitimidade da governança americana.

Não conseguindo resolver os problemas internos, os Estados Unidos travaram guerras em todo o mundo e impuseram sanções a outros países nas últimas décadas, causando catástrofes humanitárias em grande escala.

Desde 2001, as guerras e as operações militares lançadas pelos Estados Unidos em nome da luta contra o terrorismo mataram mais de 900 mil pessoas, das quais cerca de 335 mil eram civis. Países soberanos como o Afeganistão, o Iraque, a Síria e a Líbia sofreram muitos desastres devido à invasão dos EUA e às guerras por procuração.

Durante muito tempo, os Estados Unidos e outros países ocidentais interferiram em muitos países e regiões sob a bandeira da "democracia" e dos "direitos humanos", disse Cavince Adhere, um estudioso das relações internacionais baseado no Quênia.

Os Estados Unidos usam o conceito de "democracia" como arma e suas cúpulas dificilmente conseguiriam convencer o público daquilo que Washington prega, acrescentou Adhere.

Foto tirada no dia 2 de janeiro de 2024 mostra edifícios e carros danificados em ataque de mísseis em Kiev, Ucrânia. (Foto por Roman Petushkov/Xinhua)

REUNIÃO DESATENTA

Ao longo dos anos, as tais cúpulas democráticas têm sido perseguidas por críticas de ativistas dos direitos humanos, que questionam se essas reuniões podem levar os participantes a tomar medidas significativas, informou a Reuters na segunda-feira.

A cúpula do ano passado fez do conflito Ucrânia-Rússia um tema de discussão, mas não apresentou soluções construtivas. A crise na Ucrânia completou dois anos, e o número de mortos palestinos no conflito de Gaza ultrapassou os 30.000.

Ignorando o fato de os dois conflitos causarem catástrofes humanitárias, os Estados Unidos continuaram financiando o conflito prolongado na Ucrânia e bloquearam várias vezes projetos de resolução do Conselho de Segurança da ONU para um cessar-fogo em Gaza.

No entanto, os participantes não discutiram seriamente essas questões importantes na cúpula de três dias, e o resumo da cúpula do presidente, publicado quinta-feira, também não as mencionou.

Kwon Ki-sik, chefe da Associação de Amizade das Cidades Coreia-China, criticou a cúpula por ser uma reunião vazia que ignorou crises globais. A falta de discussão sobre soluções para essas crises, como o conflito Ucrânia-Rússia, o conflito israelo-palestino, as mudanças climáticas e a pobreza, mostra que a conferência foi apenas uma plataforma para o confronto liderado pelos Estados Unidos.

Para a Coreia do Sul, a cúpula é mais uma demonstração política da sua posição internacional. Segundo o gabinete presidencial da Coreia do Sul, o país demonstrou mais uma vez sua posição e contribuição ao mundo, criando uma oportunidade para consolidar a liderança de um "país central global".

No entanto, dada a "situação política em regressão" na Coreia do Sul, a ostentação do governo da "nossa liderança democrática" deixará a maioria dos cidadãos decepcionados, o jornal sul-coreano Kyunghyang Shinmun disse recentemente em um editorial.

Pessoas são fotografas pela estrutura de edifício danificado no campo de refugiados de Bureij, no centro da Faixa de Gaza, no dia 19 de março de 2024. (Xinhua)

DEMOCRACIA ARMADA

Desde o fim da Guerra Fria, o mundo tem visto o apoio crescente ao multilateralismo. Washington, no entanto, tem perseguido obstinadamente o domínio global, ignorando o cenário em evolução.

A essência da cúpula patrocinada por Washington é transformar a democracia em arma, fomentar a divisão e proteger sua hegemonia.

No Leste Asiático, os Estados Unidos procuram construir uma aliança com o Japão e a Coreia do Sul para conter a China e a Rússia e criar uma "nova Guerra Fria", realizando a "cúpula da democracia" na Coreia do Sul, disse Lee Jang-hie, professor emérito na faculdade de direito da Universidade Hankuk de Estudos Estrangeiros.

A tentativa de Washington de unir alguns países contra outros, o que aumentou ainda mais as divisões ideológicas, mina os esforços para promover o diálogo e a cooperação genuínos entre nações com sistemas políticos diferentes.

Kwon disse que a "cúpula da democracia" está sendo criticada como uma conferência internacional divisiva para construir uma ordem internacional hegemônica com os Estados Unidos no centro. "A ação hegemônica dos EUA de enfraquecer a função da ONU e liderar uma chamada ‘cúpula da democracia’ é um obstáculo à paz mundial".

"Ao transformar a democracia em uma arma política", disse o comentador Yirenkyi Jesse em um artigo de opinião no The Standard, um importante jornal diário do Quênia, "os Estados Unidos procuram afirmar seu domínio hegemônico, dividindo o mundo ao longo de linhas arbitrárias e semeando a discórdia pelo caminho".

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