Destaque: Obra de arte de artista etíope é inspirada no clássico chinês “I Ching”-Xinhua

Destaque: Obra de arte de artista etíope é inspirada no clássico chinês “I Ching”

2024-03-28 10:29:29丨portuguese.xinhuanet.com

Artista Dawit Muluneh trabalha em pintura de caracteres chineses em galeria de arte em Adis Abeba, Etiópia, no dia 18 de março de 2024. (Xinhua/Michael Tewelde)

Adis Abeba, 25 mar (Xinhua) -- Diante da tela em uma galeria de arte no centro de Adis Abeba, capital da Etiópia, o artista Dawit Muluneh, 50 anos, está totalmente envolvido na pintura de antigos caracteres chineses.

Ao seu redor há coleções de suas obras de arte baseadas no clássico chinês “I Ching” ou “Livro das Mutações”. O livro existe há mais de 2.000 anos e continua sendo fonte da cultura chinesa.

“I Ching significa verdade e é baseado nos oito dons da natureza, sendo céu, terra, trovão, vento, água, fogo, montanhas e lagos. Em geral, I Ching explica a sabedoria da natureza”, disse Muluneh em entrevista recente à Xinhua na galeria de arte Medemer Africa Art and Sculpture Space.

A coleção de obras de arte, composta por 64 pinturas que representam 64 símbolos divinatórios do livro, retrata a interação cotidiana entre o homem e a natureza e transmite conhecimentos e sentimentos aos visitantes com descrições escritas em chinês, inglês e amárico (idioma oficial da Etiópia).

Embora Muluneh não fale chinês, ele se interessou pelo I Ching há alguns anos, depois que seu amigo Gossa Oda, também dono da galeria, mostrou “The Complete I Ching” a ele, um livro que explica a antiga obra-prima chinesa em inglês.

“As pinturas, entre outros, expressam alegria, obstáculos, alívio, encontros, coragem, infância e união”, disse Muluneh, que se inspirou principalmente nos caracteres chineses conhecidos como Qian e Xian, que significam humildade e influência mútua, respectivamente.

No processo de criação da pintura, que durou um ano, o artista recorreu à Internet para mais informações sobre os caracteres chineses. Surpreendentemente, ele encontrou semelhanças entre as antigas civilizações etíope e chinesa, estilos de pintura, paisagens e as atitudes dos povos em relação à natureza.

“A Etiópia e a China têm uma história antiga em trabalhos de argila e bambu, medicinas tradicionais e instrumentos musicais”, disse o artista, destacando que incentivar esse conhecimento antigo ajudará os países a prosperar no caminho certo.

Ao explicar o livro, o artista disse que ele não só fala sobre a situação presente e o potencial futuro, mas também instrui sobre o que fazer e não fazer para ter sorte e evitar a infelicidade.

Segundo o artista, o livro dá orientações com base na observação abrangente das leis naturais por parte dos antigos filósofos chineses e em suas experiências.

Mencionando que a Etiópia e a China contribuíram muito para a atual civilização mundial, Muluneh disse que o I Ching ajuda a incentivar e a produzir cidadãos disciplinados e promove um bom modo de vida.

Ele também traça semelhanças entre as letras etíopes e os caracteres chineses, além de suas preparações de cerimônias de chá e café, construção de casas, mosteiros e lápides. “As pinturas são feitas de forma que retratem essas semelhanças”.

O Medemer Africa Art and Sculpture Space, inaugurado em maio de 2023, é frequentemente visitado por crianças em idade escolar, colegas artistas etíopes e membros da comunidade chinesa em Adis Abeba.

“Os visitantes dessa galeria verão os conceitos básicos do I Ching, e esses conceitos complexos chineses também serão traduzidos para o inglês e o amárico”, disse Oda.

Segundo Oda, as pinturas têm beleza, variação e composição únicas, e passam uma sensibilidade estética e vínculos culturais entre a Etiópia e a China.

Acredita-se que o antigo filósofo chinês Confúcio e seus discípulos tenham escrito um livro, centenas de anos depois do I Ching, para interpretar esta antiga obra-prima chinesa. Segundo os pesquisadores, teria sido difícil compreender o I Ching sem as anotações e os comentários de Confúcio.

“Depois de ver as pinturas do I Ching, os visitantes aprenderão sobre a civilização chinesa e se aprofundarão no livro. Ao ler os comentários de Confúcio, eles entenderão a influência cultural e estética da China na civilização mundial, como as virtudes do dever e da compaixão”, disse Oda. “O I Ching ajudará os visitantes a conhecerem seu potencial, além das circunstâncias atuais, e cada pintura pode ser interpretada de uma maneira. Está associada ao símbolo divinatório, que indica potencial ou tendência futura”.

Artista Dawit Muluneh posa para foto em galeria de arte em Adis Abeba, Etiópia, no dia 18 de março de 2024. (Xinhua/Michael Tewelde)

Artista Dawit Muluneh pendura uma de suas pinturas de caracteres chineses em galeria de arte em Adis Abeba, Etiópia, no dia 18 de março de 2024. (Xinhua/Michael Tewelde)

Artista Dawit Muluneh trabalha em uma de suas pinturas de caracteres chineses em galeria de arte em Adis Abeba, Etiópia, no dia 18 de março de 2024. (Xinhua/Michael Tewelde)

Fale conosco. Envie dúvidas, críticas ou sugestões para a nossa equipe através dos contatos abaixo:

Telefone: 0086-10-8805-0795

Email: portuguese@xinhuanet.com