Entrevista: China e América Latina impulsionam uma comunidade com futuro compartilhado por meio do Cinturão e Rota, diz economista argentino-Xinhua

Entrevista: China e América Latina impulsionam uma comunidade com futuro compartilhado por meio do Cinturão e Rota, diz economista argentino

2024-07-17 16:38:17丨portuguese.xinhuanet.com

Buenos Aires, 17 jul (Xinhua) -- Após uma década da abordagem chinesa para estabelecer uma comunidade com futuro compartilhado entre a China e a América Latina e o Caribe, as relações entre o país asiático e a região atingiram uma profundidade significativa, alcançando um progresso concreto em várias áreas por meio da construção conjunta do Cinturão e Rota, declarou o economista argentino Fernando Fazzolari.

O membro da Câmara Argentino-Chinesa de Produção, Indústria e Comércio (CACPIC) disse à Xinhua pelo 10º aniversário da iniciativa apresentada pelo presidente chinês, Xi Jinping, em julho de 2014 durante a reunião de líderes da China e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) no Brasil, na qual ambos os lados decidiram estabelecer uma parceria cooperativa abrangente.

"Dez anos é um tempo muito curto, especialmente em termos chineses; no entanto, o mundo de hoje está vivendo uma época de ritmo extremamente acelerado e, o que a China e a América Latina alcançaram na década hoje representaria um século em outros tempos, o que torna essa iniciativa de comunidade com futuro compartilhado um fenômeno altamente promissor", assinalou o especialista em Estudos da China Contemporânea da Universidade Nacional de Lanús.

Segundo Fazzolari, as relações China-América Latina têm sido frutíferas em muitos aspectos, tanto materiais, tecnológicos, comerciais quanto de boa vizinhança global, e a Iniciativa Cinturão e Rota é um projeto de grande importância e relevância para alcançar esse objetivo.

"Podemos falar da importância do Cinturão e Rota, uma vez que é construída sobre caminhos antigos que já foram percorridos e que fizeram da China no passado a principal economia do mundo, um objetivo que se estabelece numa realidade muito poderosa. Além do material, é baseado em uma ordem moral, que é a partilha de benefício compartilhado e a busca por um mundo saudável onde a pobreza não cresce", comentou o economista.

Fazzolari acrescentou que a construção conjunta de alto nível do Cinturão e Rota não envolve apenas projetos econômicos ou obras de infraestrutura realizadas na região, mas também fortalece os laços culturais e políticos.

"Nessa década, fizemos grandes avanços na compreensão sobre a China, que para os países latino-americanos era um fenômeno distante. O trabalho realizado nesses dez anos nos aproximou muito das diferentes singularidades da China contemporânea; houve institutos, intercâmbios e muitas reuniões entre funcionários do governo central e de diferentes províncias, e foram estabelecidos acordos entre províncias irmãs, entre outros", destacou Fazzolari.

"Na Argentina, há várias experiências, algumas muito bem-sucedidas, em tudo o que se refere ao setor alimentar, o que exigiria mais uma etapa de integração entre os setores extrativo e industrial; a esse aspecto, bons intercâmbios também foram estabelecidos em energia limpa, tanto eólica quanto solar", informou o economista, referindo-se aos parques de energia verde com tecnologia chinesa que operam nas províncias de Chubut (sul) e Jujuy (noroeste).

Entre os principais desafios que os países latino-americanos enfrentam em relação à construção de uma comunidade com futuro compartilhado com a China, o que implica necessariamente maior bem-estar social e soberania política, está "superar a dependência econômica dos interesses do capital especulativo global e conseguir voltar ao desenvolvimento de áreas ligadas à produção e à tecnologia", ressaltou Fazzolari.

"Para isso, a região precisa de parceiros comerciais industriais e tecnológicos, e não da soma de endividamento e da sujeição à vontade da moeda dominante (o dólar)", disse ele.

"Acredito que haverá muitas mudanças na próxima década e a um ritmo muito rápido, então a busca por um mundo melhor e mais justo, onde não haja pobreza e todos tenham a oportunidade de viver uma vida melhor, é um impulso moral e espiritual que dependerá dos líderes da América Latina entendê-lo como uma necessidade e como um caminho para alcançá-lo a partir da convergência de interesses mutuamente benéficos", de acordo com Fazzolari.

O economista argentino enfatizou que, para que os países latino-americanos fortaleçam ainda mais sua cooperação com a China com base no respeito mútuo e no ganho recíproco, eles devem superar sua dependência do modelo ocidental de busca de renda financeira e desenvolver seus territórios para benefício mútuo. 

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