Cooperação China-África impulsiona países africanos em direção à modernização-Xinhua

Cooperação China-África impulsiona países africanos em direção à modernização

2024-09-05 13:11:50丨portuguese.xinhuanet.com

Beijing, 3 set (Xinhua) -- A Cúpula de 2024 do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC, na sigla em inglês) começou.

Sob o tema “De Mãos Dadas para Promover a Modernização e Construir uma Comunidade China-África de Alto Nível com Futuro Compartilhado”, a cúpula, o maior evento diplomático sediado pela China nos últimos anos, destacará a busca comum da China e dos países africanos na concretização da modernização.

Para apoiar a África na aceleração da modernização, a China lançou planos e iniciativas com foco em três áreas principais: industrialização, modernização agrícola e desenvolvimento de talentos, gerando resultados tangíveis.

ALIMENTANDO A INDUSTRIALIZAÇÃO DA ÁFRICA

As três áreas principais foram anunciadas pela China no Diálogo de Líderes China-África na África do Sul em agosto de 2023.

Sob a Iniciativa de Apoio à Industrialização da África, a China está comprometida em ajudar o continente africano a expandir o setor de manufatura, atingir a industrialização e diversificar a economia canalizando mais recursos, investimentos e financiamento para programas de industrialização.

Por meio de investimentos orientados ao mercado, desenvolvimento de infraestrutura e empreendimentos em novos setores, as empresas chinesas estão aprimorando o sistema industrial da África e avançando a industrialização do continente, segundo o último relatório do Conselho Empresarial China-África (CABC, na sigla em inglês).

Na região costeira da Tanzânia, a Sapphire Float Glass Factory, com investimento chinês, atende ao mercado local e exporta vidro float para seis nações africanas. Com uma capacidade de produção projetada de aproximadamente 700 toneladas por dia, a fábrica gerou 1.012 empregos diretos para os moradores locais e 3.857 indiretos. Inaugurado em setembro de 2023, o projeto deve gerar até 1.650 empregos diretos e 6.000 empregos indiretos quando atingir a capacidade máxima de produção.

Em Botsuana, as empresas chinesas desempenham um papel fundamental nos esforços de transição verde do país. Em agosto, a Botswana Power Corporation assinou um acordo de compra de energia com a Sinotswana Green Energy, um consórcio de empresas chinesas e de Botsuana, para lançar oficialmente o primeiro projeto de usina solar fotovoltaica de 100 MW do país.

O projeto, que deve começar a gerar energia até o final de 2025, foi recebido como um “marco importante” na transição energética do país.

Esses projetos de cooperação mostram o papel crescente das empresas chinesas no reforço da industrialização da África. De acordo com o relatório da CABC, a China está diversificando seus investimentos no continente africano, cobrindo setores tradicionais como manufatura, tecnologia, atacado e varejo, agricultura e imóveis, além de áreas emergentes como economia digital, desenvolvimento verde, aeroespacial e aviação e serviços financeiros.

De acordo com o relatório, chamado “Cooperação de Investimento China-África: Um Novo Impulso para a Industrialização da África”, essa abordagem ampla de investimento ajudou o continente africano a alcançar a diversificação econômica e a fortalecer a resiliência e a competitividade de suas economias, ao mesmo tempo em que fornece às empresas chinesas mais oportunidades de investimento.

A participação de empresas privadas traz não apenas capital extra e suporte tecnológico, como também modelos de negócios mais flexíveis e eficientes, além de experiência em gestão, afirmou o relatório, acrescentando que mais de 70% das empresas chinesas que investem na África são empresas privadas.

IMPULSANDO A MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA

O estudante ruandês Gatera, 31 anos, cursa doutorado em técnicas de cultivo de alimentos na província de Anhui, no leste da China. Inspirado pelo falecido cientista agrícola chinês, Yuan Longping, conhecido como “pai do arroz híbrido”, Gatera se candidatou a uma bolsa concedida pelo governo chinês e começou o mestrado na Universidade Agrícola de Anhui em 2019.

A China cultiva mais de 17 milhões de hectares de arroz híbrido e está pronta para compartilhar sua tecnologia de cultivo líder global com outros países. Dezenas de países se envolveram em pesquisas e plantio de demonstração de arroz híbrido, com quase 8 milhões de hectares plantados anualmente no exterior.

“Quero tornar as colheitas mais acessíveis e baratas para todos os ruandeses, assim como Yuan Longping fez”, disse Gatera, acrescentando que pretende desenvolver variedades de colheitas mais resistentes ao calor para sua terra natal, um país africano sem litoral que enfrenta escassez de alimentos.

Gatera verifica milho em campo afiliado à Universidade Agrícola de Anhui em Hefei, província de Anhui, no leste da China, no dia 13 de agosto de 2024. (Xinhua/Huang Bohan)

Quando perguntado sobre a história do estudante africano, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse que a China garantiu um suprimento seguro de alimentos para seus 1,4 bilhão de pessoas após décadas de esforços árduos, e o país entende totalmente a esperança de fome zero da África.

A China prometeu ajudar a África a expandir a produção de grãos, encorajar as empresas chinesas a aumentar os investimentos agrícolas no continente africano e melhorar a cooperação em tecnologia de sementes e outras áreas de agrotecnologia.

Impulsionada pelo Plano para a China apoiando a modernização agrícola da África, a cooperação agrícola China-África cresceu, gerando ótimos resultados ​​em assistência técnica e treinamento para especialistas agrícolas, transferência de tecnologias avançadas, estabelecimento de parques agrícolas e promoção de projetos agrícolas para arroz Juncao e híbrido. Essa cooperação entregou arroz e vegetais de qualidade ao povo africano e avançou na modernização do setor agrícola da África.

Na última década, a China estabeleceu 24 centros de demonstração de tecnologia agrícola na África e introduziu mais de 300 tecnologias agrícolas avançadas, aumentando a produtividade das colheitas locais em uma média de 30 a 60% e beneficiando mais de 1 milhão de agricultores em todo o continente.

Atualmente, mais de 200 empresas chinesas continuam investindo no setor agrícola da África, com um estoque de investimento acumulado que ultrapassa 1 bilhão de dólares americanos. Esses investimentos abrangem várias áreas, incluindo suprimentos e máquinas agrícolas, agricultura, processamento e vendas. A China também está promovendo o desenvolvimento de novos modelos de negócios na África, como agricultura inteligente, comércio eletrônico e negócios, disse Xu Jianping, funcionário da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, em uma coletiva de imprensa antes da cúpula.

Lin Zhanxi, professor da Universidade de Agricultura e Silvicultura de Fujian, dá palestra sobre tecnologia Juncao para participantes em aula de treinamento no Centro de Demonstração de Tecnologia Agrícola China-Ruanda no Distrito de Huye, província do Sul, Ruanda, no dia 4 de agosto de 2024. (Xinhua/Han Xu)

Desde 2012, a China enviou mais de 400 especialistas agrícolas para a África e treinou mais de 70.000 técnicos agrícolas para o continente, disse ele.

A China também anunciou planos para ajudar as nações africanas a promover variedades de culturas e técnicas agrícolas melhoradas, aprimorando a mecanização e acelerando o aumento do rendimento das principais safras de grãos.

CULTIVAR OS PRÓXIMOS TALENTOS

Tola Tsegaye Alemu, etíope de 34 anos, conheceu o uso inovador de câmeras industriais e inteligência artificial para classificar grãos de café na Oficina Luban China-Etiópia. Essa tecnologia, fornecida pela China, deve se tornar um componente essencial do currículo da oficina e eventualmente pode melhorar a indústria de café da Etiópia.

O desenvolvimento de talentos é essencial para a China e a África, pois trabalham para melhorar suas economias e meios de subsistência, tornando a colaboração educacional um pilar das relações China-África.

Tola Tsegaye Alemu, professor vocacional da Etiópia, cursa doutorado na Universidade de Tecnologia e Educação de Tianjin. Atualmente, ele é um instrutor líder na Oficina Luban na Etiópia, que leva o nome de um antigo artesão chinês. A oficina é dedicada a equipar pessoas africanas com valiosas habilidades vocacionais.

“A Oficina Luban é uma ótima oportunidade para jovens africanos aprenderem habilidades. Não só oferece cursos de treinamento, como métodos de ensino exclusivos”, disse Tola Tsegaye Alemu.

Tola Tsegaye Alemu (direita) opera robô industrial com a orientação de professora na Universidade de Tecnologia e Educação de Tianjin, em Tianjin, norte da China, no dia 27 de junho de 2024. (Xinhua/Sun Fanyue)

A China estabeleceu 17 Oficinas Luban em 15 países africanos, fornecendo treinamento que ajudou muitos jovens a conseguir empregos em empresas locais e parques industriais com investimento chinês.

De acordo com o Plano de Cooperação China-África em Desenvolvimento de Talentos, a China planeja treinar 500 diretores e professores de alto calibre de faculdades vocacionais e 10.000 técnicos com habilidades de língua chinesa e vocacionais para a África todos os anos.

Com forte apoio nacional, faculdades e empresas chinesas se dedicam a treinar talentos africanos. Totalmente financiado pela China Road and Bridge Corporation, o estudante queniano Issa Abdirizak cursou engenharia de comunicações na Universidade Jiaotong de Beijing. Agora ele trabalha como engenheiro assistente de comunicações na Kenya Railways. A Ferrovia Mombasa-Nairóbi no Quênia melhorou o transporte e contribuiu para o desenvolvimento de uma nova geração de profissionais ferroviários qualificados.

O escopo da cooperação de talentos China-África está se expandindo da agricultura e infraestrutura para indústrias digitais e assistência médica, permitindo que mais jovens africanos persigam seus sonhos.

O estudante nigeriano Ifeanyi Christian Onyebuchi, que sonhava em ser médico desde criança, estuda cirurgia cardiotorácica na Faculdade de Medicina de Wannan na China. Inspirado pelo trabalho das equipes médicas chinesas na África, ele disse: “A inteligência e a dedicação dos médicos chineses e a tecnologia médica avançada da China ampliaram muito minha perspectiva. Acho que com tudo isso, posso virar um médico competente na Nigéria”.

Desde 1963, equipes médicas chinesas têm atuado na África, combatendo doenças e crises de saúde pública. Enquanto isso, estudantes africanos e médicos treinados por profissionais médicos chineses viram uma força essencial na melhoria da assistência médica em todo o continente.

Zhou Sheng (1º à direita, atrás), funcionário da equipe médica chinesa contra malária, faz exames de sangue em vila ao norte de Moroni, Comores, no dia 27 de agosto de 2024. (Xinhua/Wang Guansen)

Até o momento, a China treinou mais de 220.000 funcionários para países africanos, adaptados às suas necessidades específicas. De seminários sobre redução da pobreza em Beijing ao estabelecimento da primeira universidade de transporte da Nigéria e treinamento em tecnologia Juncao em Ruanda, as iniciativas educacionais da China estão causando um impacto duradouro.

De acordo com um relatório do Fundo Carnegie para a Paz Internacional, a China é o segundo destino mais popular para estudantes africanos que buscam educação superior no exterior, depois da França.

De acordo com Zhang Yongpeng, pesquisador do Instituto de Estudos da Ásia Ocidental e África da Academia Chinesa de Ciências Sociais, conforme a Agenda 2063 da África avança, a demanda por talentos aumenta, e a cooperação China-África nessa área continuará se aprofundando. Ele prevê que ambas as regiões se concentrarão no desenvolvimento de talentos em campos emergentes como economia digital, inteligência artificial e energia verde.

“As iniciativas para auxiliar a África na industrialização, modernização agrícola e desenvolvimento de talentos são formuladas com base na própria experiência de desenvolvimento da China e nas condições reais dos países africanos. Essas iniciativas se alinham com as necessidades atuais das nações africanas e representam medidas práticas para a China e a África avançarem conjuntamente na modernização”, disse Wang Lei, diretor do Centro de Estudos de Cooperação do BRICS na Universidade Normal de Beijing.

Ao longo dos anos, a cooperação China-África tem destacado cada vez mais o papel da China em ajudar a África a aprimorar suas próprias capacidades de desenvolvimento, apoiando os esforços do continente africano em direção à autossuficiência, observou Wang.

Fale conosco. Envie dúvidas, críticas ou sugestões para a nossa equipe através dos contatos abaixo:

Telefone: 0086-10-8805-0795

Email: portuguese@xinhuanet.com