Rio de Janeiro, 5 set (Xinhua) -- A Ministra do Meio Ambiente e Mudanças do Clima do Brasil, Marina Silva, afirmou, nesta quarta-feira, que caso as queimadas e o período de estiagem prolongado persistam e os efeitos do aquecimento global não sejam revertidos, o Brasil corre o risco de perder o Pantanal, maior planície alagada do mundo, até o final do século.
"Segundo os pesquisadores, se o mesmo fenômeno continuar em relação ao Pantanal, o diagnóstico é que poderemos perder o Pantanal até o final do século. Isso tem nome: baixa pluviosidade, alta evapotranspiração, não conseguir atingir o nível de inundação nem dos rios nem da planície de inundação", explicou Silva em audiência na Comissão de Meio Ambiente do Senado sobre as queimadas que castigam a Amazônia, o Pantanal e o Cerrado.
"Como consequência, a cobertura vegetal é perdida todos os anos. Seja por desmatamento ou queimadas. Toda a bacia está danificada e assim, segundo eles, os pesquisadores, no final do século poderemos perder a maior planície aluvial do planeta", continuou.
Com mais de 340 mil quilômetros de extensão, o Pantanal é considerado o ecossistema mais rico do mundo em termos de biodiversidade de flora e fauna e é compartilhado por Brasil, Paraguai e Bolívia. Nos últimos anos, o Pantanal sofreu graves incêndios que destruíram grande parte do seu território, algo que ocorrerá também em 2024.
Na audiência com senadores, a Ministra do Meio Ambiente afirmou que, diante dos dados, será necessário aumentar esforços e recursos para combater as consequências das mudanças climáticas.
Marina Silva também pediu que o Congresso crie um marco regulatório para emergências climáticas, que exclua da meta fiscal do governo federal os recursos gastos nessas condições.
"Se tiver que agir preventivamente, como vocês e nós entendemos, tenho que ter cobertura legal para isso", afirmou.
A ministra disse que o Governo vive um "paradoxo" com reivindicações simultâneas de investimento em medidas contra incêndios e em projetos que "alimentam muito o fogo".
"Estamos em condições de enfrentá-lo com os meios que temos? Teremos que aumentar cada vez mais nossos esforços. Ao mesmo tempo que somos solicitados a tomar medidas para combater o incêndio, somos solicitados a fazer investimentos que retroalimentam fortemente o incêndio. É um paradoxo. Não preciso mencionar os projetos aqui", comentou.
A ministra afirmou ainda que os esforços do governo federal para enfrentar os incêndios e a seca histórica do país visam "nivelar o campo de jogo", ou seja, mitigar os danos e reverter o que chamou de "condições muito desfavoráveis".
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Brasil registrou em agosto o maior número de incêndios desde 2010, com 68.635 registros, sendo mais de 80% na Amazônia e no Cerrado.