Rio de Janeiro, 6 set (Xinhua) -- O Centro de Pesquisa e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) do Brasil divulgou nesta sexta-feira, em entrevista coletiva em Brasília, o relatório preliminar sobre o acidente do voo 2283 da empresa Voepass que caiu em Vinhedo, interior de São Paulo, no dia 9 de agosto, deixando 62 mortos, 58 passageiros e 4 tripulantes.
O relatório indicou que a caixa preta registrou o momento em que os pilotos relataram problemas no sistema de degelo no início do voo. O sistema de degelo, ou "de-ice", é responsável por retirar o gelo que já se formou e se acumulou na estrutura da aeronave.
"A tripulação comenta falhas no sistema de lançamento da asa (responsável pela quebra do gelo). O piloto e o copiloto comentaram duas vezes sobre o gelo durante uma hora e alguns minutos de voo", disse o tenente-coronel Paulo Mendes Fróes, pesquisador do CENIPA.
Não obstante, o chefe do CENIPA, brigadeiro Marcelo Moreno, disse que o problema ainda não foi confirmado com dados.
"Este é um extrato onde um dos tripulantes disse indicar que houve uma falha no sistema de degelo, mas esta informação não foi confirmada no sistema de dados", destacou Moreno, que ressaltou que o prazo de um mês é muito cedo para determinar qual será a principal linha de investigação.
"Em nenhum momento foi declarada emergência, nem aos controladores de voo, nem às aeronaves próximas", afirmou Mendes Fróes.
O avião turboélice ATR 72 partiu de Cascavel, no estado do Paraná (sul), com destino ao aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo (sudeste), mas caiu por volta das 13h30 (16h30 GMT) de sexta-feira, 9 de agosto, pouco antes de chegar ao seu destino.
As duas caixas pretas do avião chegaram ao Laboratório de Leitura e Análise de Dados dos Gravadores do CENIPA, em Brasília, no dia 10 de agosto. A agência informou em 13 de agosto que extraiu com sucesso as gravações de voz e voo.
Os registros vêm do Cockpit Voice Recorder (CVR), que é o gravador de voz da cabine, e do Flight Data Recorder (FDR), responsável por registrar dados de voo, como altitude e velocidade, entre outros.
Segundo o CENIPA, o piloto informou ao controle de aproximação de São Paulo que estava em condições ideais de descida às 13h18, mas a torre solicitou que ele mantivesse a altitude de 17 mil pés.
Às 13h20, o piloto informou que estava na posição solicitada pelo controle, mas em seguida a aeronave perdeu comunicação com a torre. O CENIPA explicou que os pedidos de redução de altitude foram inicialmente negados porque havia outros aviões em rota convergente.
A manutenção estava em dia de acordo com os registros técnicos, o que significa que a aeronave no momento da decolagem estava em condições de aeronavegabilidade.
A aeronave foi certificada para voar em condições de gelo e os pilotos receberam treinamento para voar nessas condições. Era esperado gelo intenso na rota do voo.
O relatório preliminar foi compartilhado com as famílias das vítimas da queda do avião no início da tarde. O relatório final da investigação ainda não está concluído.