Gary Clyde Hufbauer, membro sênior do Instituto Peterson de Economia Internacional, discursa na sessão paralela “Abertura, Regulamentação e Ambiente de Negócios” do segundo Fórum Econômico Internacional Hongqiao em Shanghai, leste da China, no dia 5 de novembro de 2019. (Xinhua/Fang Zhe)
“Líderes políticos dos EUA pintam cenários assustadores para o público americano. Isso, por sua vez, leva a pesquisas negativas quando os americanos são questionados sobre a China. Pesquisas negativas então levam os líderes políticos a promover uma legislação que restringe os laços comerciais entre os EUA e a China. Um círculo vicioso”, disse Gary Clyde Hufbauer.
Por Xiong Maoling
Washington, 2 out (Xinhua) -- Os medos da China são “exagerados”, e muitas políticas dos EUA em relação ao país são inteiramente políticas, disse Gary Clyde Hufbauer, membro sênior não residente do Instituto Peterson de Economia Internacional.
“Líderes políticos dos EUA pintam cenários assustadores para o público americano. Isso, por sua vez, leva a pesquisas negativas quando os americanos são questionados sobre a China. Pesquisas negativas então levam os líderes políticos a pressionar por uma legislação que restringe os laços comerciais EUA-China. Um círculo vicioso”, disse Hufbauer à Xinhua em entrevista escrita recente.
“As empresas e os consumidores americanos são grandes perdedores”, disse Hufbauer, que atuou como secretário adjunto assistente de política de comércio e investimento internacional do Departamento do Tesouro dos EUA de 1977 a 1979.
Ele observou que a proibição proposta pelo Departamento de Comércio dos EUA de software e hardware desenvolvidos pela China em veículos conectados e autônomos “claramente tem um sabor protecionista”.
O departamento “não pesquisou maneiras de lidar com a ameaça percebida à segurança nacional além de uma proibição total”, disse Hufbauer.
Ele sugeriu que um acordo EUA-China poderia ter sido negociado, dizendo que testes independentes eram uma possibilidade.
Mas quaisquer alternativas não teriam servido aos interesses protecionistas, acrescentou ele.
Foto tirada no dia 10 de janeiro de 2024 mostra fábrica da fabricante chinesa de veículos elétricos (EVs) Li Auto Inc. em Changzhou, província de Jiangsu, leste da China. (Xinhua/Ji Chunpeng)
O ex-funcionário do Departamento do Tesouro dos EUA disse à Xinhua que um “medo da superioridade tecnológica chinesa” e “uma disposição generalizada em favor da proteção” resultaram em apoio bipartidário a políticas econômicas e comerciais restritivas em relação à China.
Hufbauer argumentou que a última proibição proposta, que visa proteger a indústria automotiva dos EUA, prejudicaria as empresas americanas.
“O maior dano é que as empresas dos EUA não aprenderão mais com a tecnologia chinesa superior. As empresas chinesas estão muito à frente das empresas dos EUA em veículos elétricos (EVs) e produção de baterias, e provavelmente em outras áreas”, disse o veterano especialista em comércio.
“Além disso, os consumidores dos EUA serão privados de acesso a software e hardware chineses de alta qualidade”, acrescentou ele.
Em um artigo on-line publicado recentemente no site do Instituto Peterson, Hufbauer argumentou que a última proposta de proibição do Departamento de Comércio dos EUA cria um modelo para “ampliar o escopo da redução de risco”.
Ele observou que o Conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, prometeu anteriormente que as restrições dos EUA ao comércio direto com a China seriam limitadas a definir o fluxo de tecnologias avançadas com “um pequeno quintal e uma cerca alta”.
Infelizmente, o “pequeno quintal desde virou um pasto sem cerca perceptível”, disse Hufbauer.
Proibições anteriores à gigante tecnológica chinesa Huawei e esforços atuais para forçar o TikTok a ser vendido a uma empresa dos EUA ou enfrentar uma proibição seguem a mesma lógica, sem evidências de vigilância ou dano real.
“Qualquer brinquedo, TV, iPhone ou peça industrial que contenha eletrônicos elementares pode ser suspeito”, disse Hufbauer.
Ele concluiu que se a última regra proposta traçar o caminho futuro das proibições de importação dos EUA, então “é só uma questão de tempo antes que a redução de risco se torne desacoplamento”.